Resumos
Objetivos
Determinar a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão em estudantes de Medicina e avaliar fatores associados.
Métodos
Estudo de corte transversal com 234 estudantes que responderam a um questionário eletrônico com variáveis sociodemográficas e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Ehad).
Resultados
Em relação à ansiedade, o escore médio da Ehad foi de 6,7 (DP: +/- 3,4), com 34,3% (80) apresentando sintomas falso-positivos de ansiedade e 19,7% (46) manifestando sintomas sugestivos do transtorno. Quanto à depressão, o escore médio da Ehad foi de 4,4 (DP: +/- 3,1), com 19,3% (45) apresentando sintomas falso-positivos para depressão e 5,6% (13) manifestando sintomas sugestivos do transtorno. Na análise univariada, o uso de drogas psicoativas associou-se à presença de sintomas de ansiedade; para sintomas de depressão, o estudante ser procedente da RMR foi fator protetor, ao passo que o uso de drogas ilícitas foi associado a risco.
Conclusão
A prevalência de sintomas de ansiedade e depressão associada ao uso de drogas psicoativas e ilícitas, respectivamente, indica a necessidade de medidas de prevenção e diagnóstico precoces.
Depressão; Ansiedade; Estudantes de Medicina; Educação Médica
Objectives
To determine the prevalence of symptoms of anxiety and depression in medical students and evaluate associated factors.
Methods
Cross-sectional study involving 234 students, who answered an online questionnaire containing sociodemographic factors and the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS).
Results
The mean score of the Hospital Anxiety and Depression Scale for anxiety was 6.7 (+/- 3.4), while 34.3% (80) of the students presented false-positive symptoms of anxiety and 19.7% (46) suggestive symptoms. In terms of depression the mean HADS score was 4.4 (+/- 3.1), with 19.3% (45) of the students presenting false-positive symptoms of depression and 5.6% presenting suggestive symptoms. In the univariate analysis, psychoactive drugs use was associated with symptoms of anxiety, for symptoms of depression, being from the Metropolitan Region of Recife (RMR) was found to be a protective factor, as illicit drugs use was associated to risk.
Conclusion
The prevalence of anxiety and depression symptoms, associated to the use of psychoactive and illicit drugs respectively, indicates the need for measures aimed at prevention and early diagnosis.
Depression; Anxiety; Medicine Students; Medical Education
INTRODUÇÃO
Estima-se que de 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de
transtorno psiquiátrico durante a sua formação acadêmica11 Adewuia AO, Ola BA, Aloba OO, Mapayi BM, Oginni OO. Depression
amongst Nigerian university students: prevalence and sociodemographic
correlates. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol [online]. 2006. 41(8) [capturado
em: 18 abr 2013]; 674-8. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680408
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680...
. Dentre esses transtornos, os depressivos e de
ansiedade são os mais frequentes11 Adewuia AO, Ola BA, Aloba OO, Mapayi BM, Oginni OO. Depression
amongst Nigerian university students: prevalence and sociodemographic
correlates. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol [online]. 2006. 41(8) [capturado
em: 18 abr 2013]; 674-8. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680408
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680...
,22 Cavestro JM, Rocha FL. Prevalência de depressão entre estudantes
universitários. Journal of Brazilian Psiquiatry [online]. 2006. 55(4) [capturado
em:18 ago 2013]; 264-267. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852006000400001&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S004...
,33 Cerchiari EAN, Caetano D, Faccenda O. Prevalência de transtornos
mentais menores em estudantes universitários. Estudos de Psicologia [online].
2005. 10(3) [capturado em: 15 set 2013]; 413-420. Disponível em:
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&nextAction=lnk&base=LILACS&exprSearch=443251&indexSearch=ID&lang=p
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind....
. Em Dubai, um estudo demonstrou que 28,6% dos estudantes de
Medicina apresentavam depressão e 28,7% manifestavam ansiedade44 Ahmed I, Banu H, Al-Fageer R, Al-Suwaidi R. Cognitive emotions:
depression and anxiety in medical students and staff. Journal of critical care
[online]. 2009. 24(3) [capturado em: 12 jul 2013]; 1-7. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19664516
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19664...
. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de
São Paulo mostrou que 38,2% dos alunos do curso de Medicina apresentavam sintomas
depressivos55 Baldassin S, Alves TCL, Andrade AG. The characteristics of
depressive symptoms in medical students during medical education and training: a
cross-sectional study. BMC Med Educ [online]. 2008. 8(60) [capturado em:12 jul
2013]; http://www.biomedcentral.com/1472-6920/8/60.
http://www.biomedcentral.com/1472-6920/8...
. Um
estudo que envolveu estudantes de Medicina conduzido na Estônia evidenciou alta
porcentagem de estudantes com sintomas emocionais, dos quais 21,9% apresentavam
sintomas de ansiedade e 30,6% tinham sintomas de depressão66 Eller T, Aluoja A, Vasar V, Veldi M. Symptoms of anxiety and
depression in Estonian medical students with sleep problems. Depress Anxiety
[online]. 2006. 23(4) [capturado em:18 abr 2013..]; 250-6. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16555263
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16555...
. Os fatores que podem influenciar a prevalência de
ansiedade e depressão nos estudantes de Medicina são a elevada carga horária, grande
volume de matérias, maior contato com pacientes portadores de diversas doenças e
prognósticos, insegurança em relação ao ingresso no mercado de trabalho, cobrança da
sociedade e da instituição de ensino, além da autocobrança típica deste curso77 Porcu M, Fritzen VC, Helber C. Sintomas depressivos nos estudantes
de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. Psiquiatria na Prática Médica
[online]. 2001. 34(1) [capturado em: 18 ago 2013]. Disponível em:
http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/original5_01.htm.
http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/or...
.
Uma das dificuldades dos cuidados psiquiátricos para os estudantes de Medicina é o
fato de que eles tendem a não procurar ajuda médica para seus problemas88 Yiu V. Supporting the well-being of medical students. CMAJ
[online].2005. 172(7) [capturado em…]; 889-90. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC554874/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
. Estudos demonstraram que, apesar
do alto nível de aflição que acomete os estudantes de Medicina, apenas de 8% a 15%
deles procuram cuidado psiquiátrico durante a sua formação. Além disso, os
resultados de outro estudo, realizado na Universidade da Pennsylvania, mostraram
que, dos 24% de seus estudantes que declararam ter problemas depressivos, apenas 22%
procuraram ajuda médica99 Shaw DL, Wedding D, Zeldow PB, Diehl N. Special Problems of Medical
Students: Cap 6. In Wedding D, eds. Behavior & Medicine. Hogrefe Publishing
[online]. 2006. [capturado em 18 ago 2013…]; 67-83. Disponível em:
http://www.hogrefe.de/programm/media/catalog/Book/chapter6.pdf
http://www.hogrefe.de/programm/media/cat...
,1010 Chew-Graham CA, Rogers A, Yassin N. ‘I wouldn’t want it on my CV or
their records’: medical students’ experiences of help-seeking for mental health
problems. Medical Educcation [online]. 2004. 37(10) [capturado em: 18 ago
2013…]; 878-80. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12974841
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12974...
. Este fato é justificado por inúmeras razões: falta de
tempo, estigma associado à utilização de serviços de saúde mental, custos e medo das
consequências em nível curricular. Dentre os que procuram, cerca de 22% a 40%
apresentam perturbação do humor, geralmente depressão99 Shaw DL, Wedding D, Zeldow PB, Diehl N. Special Problems of Medical
Students: Cap 6. In Wedding D, eds. Behavior & Medicine. Hogrefe Publishing
[online]. 2006. [capturado em 18 ago 2013…]; 67-83. Disponível em:
http://www.hogrefe.de/programm/media/catalog/Book/chapter6.pdf
http://www.hogrefe.de/programm/media/cat...
,1111 Gross CP, Mead LA, Ford DE, Klag MJ. Physician, heal thyself?
Regular source of care and use of preventive health services among physicians.
Arch Intern Med [online]. 2000. 160(21) [capturado em: 12 jul 2013..];
3209-3214. Disponível em:
http://archinte.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=485562
http://archinte.jamanetwork.com/article....
.
Já é bem estabelecido no meio acadêmico que em pessoas com depressão há uma redução
do rendimento da aprendizagem nas tarefas cotidianas, ocorrência de baixa autoestima
e insegurança. Além disso, é demonstrada uma reciprocidade negativa entre
assertividade e nível de ansiedade, sugerindo que esta pode interferir no
comportamento assertivo, tão importante durante a formação profissional, acarretando
danos ao conhecimento profissional e ao aprendizado da experiência médica, e podendo
culminar, inclusive, no abandono do curso e até em suicídio1212 Bandeira M, Quaglia MAC, Bachetti LS, Ferreira TL, Souza GG.
Comportamento assertivo e sua relação com ansiedade, lócus de controle e
auto-estima em estudantes universitários. Estudos de Psicologia [online]. 2005.
22(2) [capturado em: 15 set 2013];..]; 111-121. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2005000200001&script=sci_abstract&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
,1313 Baldassin SP, Martins LC, Andrade AG. Traços de ansiedade entre
estudantes de medicina. Arquivos de Medicina-ABC [online]. 2006. 31(1)
[capturado em: 12 jul 2013.]; 27-31. Disponível em:
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=457920&indexSearch=ID
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.e...
,1414 Rezende CHA, Abrão CB, Coelho EP, Passo LBS. Prevalência de Sintomas
Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.
Rev Bras Educ Med [online]. 2008. 32(3) [capturado em: 15 set 2013];..];
315-323. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n...
.
A ocorrência de distúrbios de humor e ansiedade ainda na graduação, quando não
detectada e adequadamente tratada, pode se perpetuar ou agravar durante a residência
médica e na atividade profissional1515 Martins LAN. Atividade médica: fatores de risco para a saúde mental
do médico. Rev Bras Clin Terap 1991; 20(9): 355-64,1616 Meleiro AMAS. Suicídio entre médicos e estudantes de medicina. Rev
Assoc Med Bras [online]. 1998. 44(2) [capturado em: 18 ago 2013.]; 135-140.
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301998000200012
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
. Assim, o presente estudo teve o objetivo de determinar a
prevalência de ansiedade e depressão nos estudantes de Medicina e possíveis fatores
associados.
MÉTODOS
Foi realizado um estudo observacional com delineamento transversal em graduandos do
curso de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) do primeiro ao sexto ano,
no primeiro semestre de 2012. Os dados foram coletados no mês de junho, por meio da
aplicação de um questionário anônimo online, disponível no portal de acesso restrito
aos alunos, contendo variáveis sociodemográficas e educacionais e a Escala
Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Esse instrumento foi utilizado, inicialmente,
para avaliar sintomas de ansiedade e depressão em pacientes de hospitais clínicos
não psiquiátricos e posteriormente passou a ser usado em pacientes não
internados1717 Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA. Transtornos de humor em enfermarias
de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e
depressão. Rev Saúde Pública [online]. 1995. 29(5) [capturado em: 18 ago 2013];
355-363. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n5/04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n5/04.pd...
, assim como em
indivíduos sadios1818 Andrews B, Hejdenberg J, Wilding J. Student anxiety and depression:
Comparison of questionnaire and interview assessments. J Affect Disord [online].
2006. 95(1-3) [capturado em: 18 ago 2013.]; 29-34. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16764939
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16764...
. Foi
disponibilizado no site da FPS e por meio de um link de acesso restrito a cada
estudante após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
aplicado no intervalo dos grupos tutoriais.
As variáveis sociodemográficas estudadas foram idade, sexo, procedência, com quem mora, prática de atividade extracurricular, lazer, religiosidade, grau de satisfação com o curso, uso de álcool e drogas ilícitas, como também uso de drogas psicoativas para tratamento psiquiátrico e/ou medicamentoso para ansiedade e depressão.
Escolheu-se a Ehad para avaliar sintomas sugestivos de ansiedade e depressão devido a
sua fácil aplicação, já que possui apenas 14 questões intercaladas de ansiedade e
depressão e ainda apresenta boa sensibilidade (70,8% a 80,6%) e especificidade
(69,6% a 90,9%) quando comparada à Escala de Ansiedade de Beck (EAB) e à Escala de
Depressão de Beck (EDB), ambas consideradas padrão-ouro1919 Marcolino JAM, Mathias LAST, Piccinini FL. Escala hospitalar de
ansiedade e depressão: estudo da validade de critério e da confiabilidade com
pacientes no pré-operatório. Rev Bras Anestesiol [online]. 2007. 57(1)
[capturado em: 18 ago 2013 ]; 52-62. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942007000100006&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S003...
. Essa escala diminui a influência das patologias
somáticas, uma vez que não utiliza manifestações clínicas inespecíficas, tais como
perda de peso, anorexia, insônia, fadiga, pessimismo sobre o futuro, cefaleia,
tontura, entre outros, e/ou sintomas de ansiedade ou depressão relacionados a
doenças físicas. Caso haja alguma afecção, os transtornos de humor serão
determinados pelos sintomas psicológicos, já que estes sobressaem em relação às
manifestações somáticas1717 Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA. Transtornos de humor em enfermarias
de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e
depressão. Rev Saúde Pública [online]. 1995. 29(5) [capturado em: 18 ago 2013];
355-363. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n5/04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n5/04.pd...
. Os
escores da Ehad variam de 0 a 21 para cada subescala, sendo que os participantes com
escores menores que 7 são considerados sem sinais clínicos significativos para
ansiedade/depressão, entre 8 e 10 com sintomas possíveis (falso-positivos), e acima
de 10, sintomas sugestivos de distúrbio.
Os dados obtidos foram salvos automaticamente numa planilha do Excel. Em seguida, os dados foram importados, e a análise dos dados foi efetuada com o programa EPI-Info™ 3.5.1 para Windows™ e com o SPSS versão 12. Foram construídas tabelas de distribuição de frequência das variáveis estudadas, calculando-se ainda medianas para as variáveis contínuas de distribuição não normal. Para cálculo de associação entre variáveis categóricas de exposição e desfecho, foi realizada inicialmente a análise univariada, utilizando-se o teste de qui-quadrado ou exato de Fisher, quando indicado, com nível de significância de 95%.
Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral (Imip), todos os procedimentos éticos propostos e aprovados foram estritamente seguidos pelos pesquisadores.
RESULTADOS
Participaram deste estudo 234 estudantes. A idade média dos estudantes foi de 22 anos (DP = +/- 3), 65,8% (154) do sexo feminino, 65,4% (153) procedentes da Região Metropolitana do Recife (RMR), 19,6% (45) de outros municípios de Pernambuco e 14,9% (34) de outros Estados. Em relação à moradia, 61,1% (142) moram com os pais, 16,6% (38) com outros familiares, 11,1% (26) moram sozinhos, 4,2% (10) moram em pensionato/hotel, 3,4% (8) moram com parceiro e 3,4% (8) moram com outras pessoas. A maioria – 52,1% – (122) referiu possuir parceiro(a) fixo(a). No quesito religião, 51,7% (121) responderam que a religião é muito importante em suas vidas, 30,3% (71) responderam que achavam importante, 6,4% (15) não achavam importante, 5,9% (14) responderam que achavam pouco importante, e 5,5% (13), indiferente. No que diz respeito ao lazer, 18,1% (42) realizam atividade de lazer muito frequentemente, 43,8% (102) realizam frequentemente, 30,9% (72) realizam algumas vezes, 6,2% (14) raramente realizam, e 0,8% (2) nunca realizam atividade de lazer. Cerca de 95,3% (223) dos estudantes estão muito satisfeitos ou satisfeitos com o curso. Por sua vez, quanto ao uso de drogas, 68% (159) relatam uso de álcool eventualmente, 16,6% (39) relatam uso de droga ilícita e 11,1% (26) relatam uso de drogas psicoativas. Os participantes estudam em média 19,3 horas por semana (+/- 10,1), não havendo diferença entre os sexos, e 15,4% (36) exercem atividade extracurricular remunerada.
Em relação à ansiedade, 26,9% (63) dos estudantes já haviam realizado tratamento psicológico e 25,6% (60) já tinham usado algum medicamento para tratar a ansiedade. O escore médio da Ehad para ansiedade foi de 6,7 (+/- 3,4), e 34,3% (80) dos estudantes apresentaram sintomas falso-positivos, sendo que 19,7% (46) manifestaram sintomas sugestivos de tal transtorno.
Em se tratando da depressão, 13,3% (31) já tinham feito tratamento, e 11,5% (27) já haviam usado algum medicamento para tratar a depressão. O escore médio da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão para depressão foi de 4,4 (DP +/- 3,1), e 19,3% (45) dos estudantes apresentaram sintomas falso-positivos de depressão, sendo que 5,6% (13) apresentaram sintomas sugestivos para o transtorno.
Na análise univariada de fatores potencialmente associados à presença de sintomas de ansiedade, não se evidenciaram diferenças estatisticamente significativas em relação a sexo, procedência, morar com a família, ter parceria fixa, uso de drogas ilícitas e ter atividade extracurricular remunerada. Contudo, o uso de drogas psicoativas se mostrou associado à presença de sintomas sugestivos de ansiedade (p <,05, RP: 1,99, IC: 1,38 – 2,87), como demonstrado na Tabela 1. Na análise univariada de fatores potencialmente associados à presença de sintomas de depressão, não se evidenciaram diferenças estatisticamente significativas em relação a sexo, morar com a família, ter parceria fixa, uso de drogas psicoativas e ter atividade extracurricular remunerada. Contudo, o fato de o estudante ser procedente da RMR surgiu como fator de proteção (p < ,05, RP: 0,55, IC: 0,33 – 0,93), e o uso de drogas ilícitas (p < ,05, RP 2,03, IC: 1,18 – 3,50) surgiu como fator de risco, como demonstrado na Tabela 2.
Características sociodemográficas e comportamentais de estudantes segundo a presença de sintomas sugestivos de ansiedade
Características sociodemográficas e comportamentais de estudantes segundo a presença de sintomas sugestivos de depressão
DISCUSSÃO
Neste trabalho, foi identificado que 34,3% (80) dos estudantes apresentaram sintomas
falso-positivos para ansiedade (pontuação entre 8 e 10 na Ehad-A), sendo que 19,7%
(46) destes apresentaram sintomas sugestivos de ansiedade (pontuação > 10 na
Ehad-A). Um estudo desenvolvido na Lituânia investigou sintomas de ansiedade em 338
estudantes do curso de Medicina, utilizando também a Ehad. Foi identificada
prevalência de sintomas de ansiedade em 43% dos estudantes, não diferenciando, no
entanto, os escores da Ehad-A2020 Bunevicius A, Katkute A, Bunevicius R. Symptoms of anxiety and
depression in medical students and in humanities students: relationship with
big-five personality dimensions and vulnerability to stress. Int J Soc
Psychiatry [online]. 2008. 54(6) [capturado em: 18 ago 2013..]; 494-501.
Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18974188
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18974...
.
Na Faculdade de Medicina do ABC paulista, 30,9% dos graduandos de Medicina
apresentaram traços de ansiedade alta, e os demais alunos, 69,1%, demonstraram
ansiedade moderada. Uma comparação fidedigna torna-se difícil, tendo em vista a
utilização de diferentes escalas nos estudos1313 Baldassin SP, Martins LC, Andrade AG. Traços de ansiedade entre
estudantes de medicina. Arquivos de Medicina-ABC [online]. 2006. 31(1)
[capturado em: 12 jul 2013.]; 27-31. Disponível em:
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=457920&indexSearch=ID
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.e...
. Porém, este estudo nos mostra quão elevados podem ser
os achados de sintomas de ansiedade no curso médico, tendo em vista que nenhum
estudante da amostra foi classificado como tendo ansiedade leve ou sem sintomas
ansiosos.
Avaliando de maneira mais ampla, um estudo realizado no Rio de Janeiro mostrou que,
dos 149 alunos nos dois anos de residência, 50% obtiveram pontuação > 9 na
Ehad-A, o que sugere um aumento da prevalência de sintomas ansiosos a partir da
residência. Isto corrobora a importância da prevenção e tratamento precoces da
ansiedade nos estudantes de Medicina2121 Silva GCC, Koch HA, Souza EG. Ansiedade e depressão em residentes em
Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Rev Bras Educ Med [online]. 2010. 34(2)
[capturado em: 18 abr 2013 ]; 199-206. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022010000200003
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
.
O presente estudo demonstrou que 19,3% (45) dos estudantes apresentaram sintomas
falso-positivos para depressão, sendo que 5,6% deles manifestaram sintomas
sugestivos de depressão. No Estado de Goiás, 26,8% dos alunos apresentaram sintomas
depressivos, sendo que 6,9% apresentaram sintomas depressivos de moderados a graves,
e 19,9% leves2222 Amaral GF, Gomide LMP, Batista MP. Sintomas depressivos em
acadêmicos de medicina da Universidade Federal de Goiás: um estudo de
prevalência. Rev psiquiatr Rio Gd Sul [online]. 2008. 30(2) [capturado em: 18
abr 2013]; 124-130. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81082008000300008&script=sci_abstract&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
. Vale ressaltar
que foi usada a escala de depressão de Beck, que, como citado, possui uma
correspondência de boa a muito boa com a Ehad.
No Estado de São Paulo, um estudo realizado com estudantes de Medicina utilizando o
IDB constatou que apenas 9,2% da amostra possuíam sintomas de depressão. Esta baixa
prevalência é atribuída ao alto ponto de corte utilizado, fato justificado devido à
composição da amostra. Os autores preferiram os termos tristeza ou luto para
caracterizar os participantes em detrimento de depressão leve. Porém, expuseram os
resultados seguindo o ponto de corte mais utilizado para IDB, encontrando 29,8% de
indivíduos “com sintomas leves ou moderados”, 8,1% “com sintomas moderados ou
graves” e 1,1% “com sintomas graves”2323 Souza, L. Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse
em acadêmicos de medicina. São Paulo; 2010. Doutorado [Tese] - Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.. Outro estudo realizado em São Paulo também revelou
percentual inferior ao encontrado no presente estudo, tendo encontrado apenas 12,2%
dos estudantes com sintomas depressivos. Tais valores se devem ao alto ponto de
corte utilizado na IDB, que atribui o termo depressão apenas aos estudantes com
pontuação superior a 20 pontos, enquanto em outros estudos que utilizam a mesma
escala essa pontuação se refere a depressão grave2424 Vallilo NG, Júnior RD, Gobbo R. Prevalência de sintomas depressivos
em estudantes de medicina. Ver Bras Clin Med [online]. 2011. 9(1) [capturado em:
18 abr 2013..]; 36-41. Disponível em:
http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2011/v9n1/a1720.pdf
http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2...
. Já em Uberlândia, os resultados ultrapassaram muito a
média de prevalência dos estudos citados: 79% dos estudantes avaliados tinham
depressão de leve a grave. Vale ressaltar que neste estudo o ponto de corte para IDB
foi bastante inferior ao dos estudos acima, pois estudantes com pontuação superior a
quatro já eram considerados com depressão leve1414 Rezende CHA, Abrão CB, Coelho EP, Passo LBS. Prevalência de Sintomas
Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.
Rev Bras Educ Med [online]. 2008. 32(3) [capturado em: 15 set 2013];..];
315-323. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n...
.
De modo geral, os estudantes universitários, principalmente aqueles que precisam se
afastar do núcleo familiar em decorrência da localização da universidade, tornam-se
mais expostos a distúrbios psicológicos. Neste estudo foi observado que há maior
risco de depressão entre os estudantes procedentes de municípios distantes da
universidade e que, consequentemente, estavam afastados do âmbito familiar. Este
resultado coincide com o encontrado na literatura, a exemplo de um estudo com alunos
de Medicina colombianos que afirma ter ocorrido aumento do risco de depressão à
medida que diminuiu a qualidade da relação familiar2525 Gaviria S, Rodriguez MA, Alvarez T. Calidad de la relación familiar
y depresión en estudiantes de Medicina de Medellín. Rev Chil Neuro-Psiquiatr
[online]. 2002. 40(1) [capturado em: 18 abr 2013]; 41-46. Disponível em:
http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0717-92272002000100005&script=sci_arttext
http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S071...
. Além disso, a literatura descreve que o fato de o
estudante dispor de pessoas próximas, com quem possa compartilhar sentimentos, é um
elemento importante para retardar ou reter os processos de estresse e burnout2626 Benevides-Pereira AMT. O processo de adoecer pelo trabalho. São
Paulo: Casa do Psicólogo; 2002. p.105-132..
Quanto a outros fatores, estudos realizados numa universidade privada de Curitiba, na
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e em outras faculdades de São Paulo
concluíram que a droga mais usada por estudantes de Medicina é o álcool e que 78%,
86% e 82% das amostras, respectivamente, já haviam ingerido bebida alcoólica ao
menos uma vez na vida; foi constatado, também, aumento do consumo no decorrer do
curso2727 Tockus D, Gonçalves PS. Detecção do uso de drogas de abuso por
estudantes de medicina de uma universidade privada. J Bras Psiquiatr [online].
2008. 57(3) [capturado em: 18 abr 2013], 184-187. Disponível em:
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,2828 Pinton FA, Boskovitz EP, Cabrera EMS. Uso de drogas entre os
estudantes de medicina da faculdade de medicina de São José do Rio Preto. Arq
Cienc Saúde [online]. 2002. 12(2) [capturado em: 15 set 2013];]; 91-96.
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http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind....
,2929 Magalhães MP, Barros RS, Silva MTA. Uso de drogas entre
universitários: a experiência com maconha como fator delimitante. Rev ABP-APAL
[online]. 1991. 13{3} [capturado em: 18 abr 2013 ]; 97-104. Disponível:
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http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind....
. Em nossa amostra, 68% dos estudantes relataram
uso dessa substância. Já na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia,
um estudo que investigou as drogas mais comuns entre estudantes de Medicina revelou
que 56,1% dos alunos relataram uso de álcool3030 Almeida AM, Godinho TM, Bitencourt GV. Common mental disorders among
medical students. J Bras Psiquiatr [online]. 2007. 56(4) [capturado em: 18 abr
2013]; 245-251. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852007000400002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
.
Quanto ao uso de drogas ilícitas e drogas psicoativas, obtivemos um percentual de
16,6% (39) e 11,1% (26), respectivamente. Entre os medicamentos com potencial para
abuso, os mais utilizados são os ansiolíticos (13,1%) e as anfetaminas (10,1%). De
acordo com uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto,
os acadêmicos usam tais medicamentos em virtude do extenso conteúdo curricular a ser
estudado, com o intuito de melhorar a atenção e/ou se manter acordados durante mais
tempo2828 Pinton FA, Boskovitz EP, Cabrera EMS. Uso de drogas entre os
estudantes de medicina da faculdade de medicina de São José do Rio Preto. Arq
Cienc Saúde [online]. 2002. 12(2) [capturado em: 15 set 2013];]; 91-96.
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http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind....
.
Apesar de não ter sido avaliada em nosso estudo, é importante salientar a associação
do tabaco com sintomas sugestivos de ansiedade e depressão. A literatura demonstra
que o tabagismo está relacionado diretamente com os transtornos de ansiedade,
principalmente no sexo feminino, e também com os transtornos depressivos,
especialmente o transtorno depressivo maior3131 Munaretti CL, Terra MB. Transtornos de ansiedade: um estudo de
prevalência e comorbidade com tabagismo em um ambulatório de psiquiatria. J Bras
Psiquiatr [online]. 2007. 56(2) [capturado em: 18 abr 2013 ]; 108-15. Disponível
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http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S004...
,3232 Rondina RC, Gorayeb R, Botelho C. Psychological characteristics
associated with tobacco smoking behavior. J Bras Pneumol [online]. 2007. 33(5)
[capturado em: 18 abr 2013]; 592-601. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132007000500016&script=sci_arttext&tlng=en
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S180...
.
Os distúrbios relacionados com a saúde mental dos estudantes de Medicina são
frequentes, porém poucos alunos buscam tratamento, normalmente por temerem o estigma
associado à procura de ajuda e tratamento nestas situações. Assim, relutam em
demonstrar tal vulnerabilidade, mesmo quando dispõem de suporte88 Yiu V. Supporting the well-being of medical students. CMAJ
[online].2005. 172(7) [capturado em…]; 889-90. Disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC554874/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
. Confirmando isto, um estudo realizado em Portugal
constatou que 10% dos estudantes que participaram do estudo haviam realizado
tratamento medicamentoso sem prescrição médica para distúrbios relacionados a saúde
mental, enquanto 30% já haviam procurado apoio de profissional de saúde por
apresentarem sintomas relacionados com a saúde mental alguma vez na vida3333 Roberto AR. A Saúde Mental dos Estudantes de Medicina da
Universidade da Beira Interior. Covilhã; 2009. Mestrado [Dissertação] –
Universidade da Beira Interior Faculdade de Ciências da Saúde.. Entretanto, em nosso trabalho,
obtivemos uma média superior à desse estudo. Para os sintomas relacionados com
ansiedade, foi observado que 26,9% já haviam realizado tratamento psicológico para
esse quadro e que 25,6% já haviam ingerido algum medicamento. Quanto à depressão,
embora o percentual encontrado tenha sido de apenas 13,3% para os estudantes que
realizaram tratamento psicológico – valor abaixo do encontrado em um estudo
realizado em Uberlândia (que foi de 24%) –, encontramos que 11,5% (27) haviam usado
algum medicamento para tratar a depressão, contra 5,5% desse mesmo estudo1414 Rezende CHA, Abrão CB, Coelho EP, Passo LBS. Prevalência de Sintomas
Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.
Rev Bras Educ Med [online]. 2008. 32(3) [capturado em: 15 set 2013];..];
315-323. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n...
.
Em nosso estudo, a maioria dos participantes era do sexo feminino e também apresentou
maior proporção de sintomas sugestivos de ansiedade e depressão, seguindo o descrito
pela literatura1414 Rezende CHA, Abrão CB, Coelho EP, Passo LBS. Prevalência de Sintomas
Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.
Rev Bras Educ Med [online]. 2008. 32(3) [capturado em: 15 set 2013];..];
315-323. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n...
,2323 Souza, L. Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse
em acadêmicos de medicina. São Paulo; 2010. Doutorado [Tese] - Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.. Contudo, neste estudo não foi
demonstrada diferença estatisticamente significativa, provavelmente pelo tamanho da
população estudada.
Neste trabalho, 52,1% (122) dos estudantes possuíam parceiro(a) fixo(a) e 47,86%
(112) não tinham, o que difere de outros estudos, como o realizado na Universidade
de São Paulo (USP), onde havia mais estudantes sem companheiro(a)2323 Souza, L. Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse
em acadêmicos de medicina. São Paulo; 2010. Doutorado [Tese] - Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.. A literatura afirma que
problemas conjugais mais frequentemente agravam a situação pelas responsabilidades
impostas, gerando situações estressantes e aumentando os riscos de depressão3434 Ferreira RA, Peret Filho RA, Goulart EMA. O estudante de medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais: perfil e tendências. Rev Assoc Med Bras
[online]. 2000. 46(3) [capturado em: 15 set 2013];]; 224-231. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302000000300007
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
,3535 Fortes JRA. Saúde mental do universitário. Neurobiologia.1973; 36
(suplemento): 13-24.. No estudo feito em Uberlândia, porém, não foi
observada correlação significante entre estado civil dos estudantes e depressão1414 Rezende CHA, Abrão CB, Coelho EP, Passo LBS. Prevalência de Sintomas
Depressivos entre Estudantes de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia.
Rev Bras Educ Med [online]. 2008. 32(3) [capturado em: 15 set 2013];..];
315-323. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n3a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v32n3/v32n...
.
Os resultados do presente estudo não demonstraram diferenças estatisticamente significantes entre o exercício de atividade remunerada pelo estudante e sintomas sugestivos de ansiedade e depressão, provavelmente devido ao número de estudantes que exerciam outra atividade. Entretanto, uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (IPE) da USP revelou que 30% dos estudantes de Medicina exercem atividades de trabalho não relacionadas à futura profissão. O estudante, então, suporta uma excessiva sobrecarga, advinda das pressões acadêmicas e acrescida de atividades extra-acadêmicas, que, a longo prazo, pode representar um comprometimento tanto emocional como somático3535 Fortes JRA. Saúde mental do universitário. Neurobiologia.1973; 36 (suplemento): 13-24..
Uma das limitações deste estudo é a pequena amostra da população estudada. A baixa adesão pode ter se dado por falta de interesse dos estudantes em consequência de estarem ocorrendo outras pesquisas no mesmo período em que esta foi aplicada, especialmente no momento da assinatura do TCLE, quando ocorreram maiores perdas entre os graduandos concluintes. Devido a problemas técnicos e operacionais, não avaliamos o período do curso dos estudantes, deixando de fazer a análise semestral dos sintomas de ansiedade e depressão ao longo de todo o curso. Embora o uso do tabaco esteja relacionado com ansiedade e depressão, não incluímos essa variável em nosso estudo, assim como não diferenciamos os tipos de drogas ilícitas e psicoativas mais utilizados na população do estudo.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Mar 2015
Histórico
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Recebido
10 Jan 2014 -
Revisado
08 Set 2014 -
Aceito
17 Out 2014