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Violência sexual contra mulheres estudantes em escolas médicas

Sexual violence against female students in medical schools

Resumo:

Introdução:

No mundo todo, a violência sexual é um evento prevalente contra mulheres estudantes de Medicina. A exposição ao toque, o contato físico e as incitações sexuais inoportunas podem ocorrer em vários ambientes da educação e da prática médica.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivo analisar a violência sexual contra mulheres estudantes em escolas médicas.

Método:

Trata-se de estudo transversal realizado com 211 alunas de oito escolas médicas do Piauí, entrevistadas entre maio e novembro de 2021. Utilizou-se questionário on-line com perguntas sobre características sociodemográficas, informações da instituição e do curso, e aspectos relacionados à violência sexual no âmbito universitário. Realizou-se análise multivariada por regressão logística múltipla, com cálculo de odds ratios ajustadas (ORaj) e intervalos de confiança de 95% (IC95%).

Resultado:

Mais da metade (55%) das estudantes relatou algum tipo de violência sexual durante o curso de Medicina, mais frequentemente como evento único (69,3%). Comentários sexistas ou sexualmente degradantes (87,8%), ocorridos em ambientes de prática (55,3%), no primeiro e segundo anos do curso (65,8%) e em disciplinas do ciclo básico (63,0%) foram mais frequentes. O perfil majoritário dos agressores é representado por homens (99,0%), com mais de 40 anos (60,4%) e professores (59,3%). A violência sexual resultou em sofrimento emocional (47,3%) e queda da produtividade/qualidade do estudo (25%), porém a maioria não realizou denúncia (92,9%). Houve maior chance de violência sexual contra estudantes que se autodeclararam bissexuais (ORaj =3,87; IC95% 1,20-12,48) e de instituições de ensino públicas (ORaj = 3,12; IC95% 1,67-5,82).

Conclusão:

A prevalência de violência sexual durante o ensino médico foi elevada, revelada principalmente sob a forma de assédio sexual. Orientação sexual e características da instituição de ensino se associaram com a violência sexual. Os achados estimulam ações para prevenir e mitigar essa grave questão durante o ensino médico.

Palavras-chave:
Violência Sexual; Assédio Sexual; Violência de Gênero; Estudantes de Medicina

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