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PRIMÓRDIOS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOLAS MÉDICAS (ABEM)

Nosso reencontro com a Associação Brasileira de Escolas Médicas, durante a comemoração do 35° aniversário de fundação, foi proporcionado por um gentil convite da comissão de organização do evento, em Uberaba, cujos membros desejavam ouvir algo de um dos fundadores da entidade. E o reencontro terminou com carinhosa homenagem que nos comoveu e que, mais uma vez, agradecemos emocionados.

Com os saudosos professores Zeferino Vaz (sócio n° 1) e Oscar Versiani Caldeira (sócio n° 2), e ao lado do professor Caio Benjamin Dias (sócio n° 4), constituímos o quarteto básico dos fundadores da Abem. E é com natural orgulho, diante do extraordinário desenvolvimento da entidade com a qual sonhávamos, que nos identificamos como o mais antigo fundador (n° 3) vivo.

Depois de longa ausência, apenas física, do ambiente dos cultores da educação médica brasileira, pudemos testemunhar a seriedade e o entusiasmo com os quais os administradores e demais sócios da Abem se empenham na luta iniciada há mais de três décadas.

As exposições que fizemos no jantar de confraternização do dia 8 de outubro de 1997 e no encerramento do XXXV Congresso Brasileiro de Educação Médica, no dia seguinte, foram repletas de reminiscências, de lembranças dos anseios dos fundadores, dos objetivos específicos colimados e dos meios que planejávamos utilizar para alcançá-los.

No início da década de 1960, o desenvolvimento do Brasil fazia antever o aumento do número de escolas médicas e os problemas que esse fenômeno acarretaria, como o número de alunos e a avaliação do ensino médico, exigindo uma visão dos educadores então em atividade para possíveis soluções.

Lembramo-nos de que, na fundação da Abem, tínhamos como modelo a American Association of Medical Colleges (AAMC) e o que ocorria nos demais países desenvolvidos vanguardeiros. Naturalmente, não queríamos apenas adotar soluções externas, mas adequá­las à nossa realidade. Concluímos que o melhor plano a ser posto em prática seria o da ação conjunta com outras entidades de classe. Inicialmente, tencionávamos criar uma comissão mista da Abem e da AMB, integrada por membros experientes e de renome no campo da educação médica do Brasil. Essa comissão teria a incumbência de preparar um documento contendo as diretrizes e os critérios para nortear a evolução e o progresso da educação das ciências da saúde.

Para isso, os subsídios dos congressos internacionais de Educação Médica de Viña del Mar, no Chile, e de Poços de Caldas foram extremamente úteis. A esses congressos compareceram os diretores e seus assessores de faculdades de medicina das América do Norte, Central e do Sul. A experiência dos educadores nacionais e estrangeiros e o salutar intercâmbio de ideias muito contribuiram para o sucesso dos eventos e para nortear o progresso da Abem.

Acreditávamos, então, que, para o desenvolvimento da educação médica de um país continental como o Brasil, a solução era orientar, supervisionar e avaliar tanto as escolas médicas existentes, para garantir seu continuo sucesso, quanto as novas escolas, estas mesmo antes de sua criação. Para tanto, a Abem e a AMB estavam prontas a colaborar até na preparação do projeto de cada uma, inclusive nas diretrizes a serem fixadas em relação ao corpo discente, às qualificações do corpo docente, à estrutura administrativa e aos recursos físicos, bem como quanto à adequação dos recursos humanos aos recursos físicos,- para assegurar um alto nível de qualidade à educação médica.

No caso em que essa colaboração fosse dispensada, o projeto seria avaliado como os demais pela comissão Abem-AMB. O relatório desta comissão seria enviado aos responsáveis com a aprovação, sujeita ou não a modificações, ou com a rejeição (por exemplo, devido à falta de corpo docente qualificado, ao número excessivo de alunos, a equipamento insuficiente e a hospital deficiente).

Se, apesar dessa rejeição, a entidade proponente criasse a escola, seus responsáveis saberiam que ela não seria admitida como membro da Abem enquanto não conseguisse reverter o resultado do relatório negativo.

Cabe à Abem e à AMB retomar a iniciativa e as rédeas da educação médica brasileira, organizando comissões permanentes para:

  1. a criação de novas escolas médicas;

  2. a avaliação total, inicial e periódica (quinquenal) de todas as escolas médicas (em termos de recursos humanos e físicos, missão geral e específica, administração, corpo discente, planos a curto e a longo prazos, progressos obtidos, produção científica e tecnológica - enfim, uma avaliação do nível de desempenho da escola em sua missão social, geral e comunitária);

  3. a realização de exames nacionais.

Cumpre lembrar que, se não tomarmos a iniciativa de aperfeiçoar a educação médica brasileira, objetivo primordial da Abem desde sua fundação, outros o farão. Correremos o risco de não conseguir o sucesso que a nossa vivência profissional preconiza e que a comunidade das ciências da saúde almeja e merece.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    May-Dec 1997
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