Ao Editor
O Hospital Universitário (HU), independentemente da sua administração, deve ter orientação, seqüência, andamento e produção em bases intelectuais e humanas. Estas é que o diferenciam das outras casas que prestam como ele, honesta e corretamente, os serviços médicos aos pacientes de uma comunidade.
Assim, o HU deve assistir profissionalmente os doentes mas sempre com um suporte e interesses iguais dirigidos à pesquisa. O produto da assistência acadêmica é a pesquisa e essa se inicia como o ensino na graduação.
Não se entende um Hospital Universitário distanciado dos alunos. Por esses, busca-se o ensino; desse, exige-se investigação; essa, inserida na assistência, traz como produto final dois resultados distintos mas indissolúveis, que são a saúde do doente e a pesquisa com melhoria das condições universitárias de nossas pessoas em formação profissional ou docente (Residente, Mestre, Doutor, livre Docente).
Para o bom andamento desse processo há necessidade de uma orientação administrativa sólida, onde os subsídios materiais são supridos com eficácia (eficiência com menos despesa). Há necessidade de uma supervisão clínica, onde se coordenam os anseios e as dúvidas do pessoal de saúde envolvido no processo assistência-pesquisa. Há necessidade de orientação diferenciada e experiente de onde nascem as idéias, criam-se dúvidas, refazem-se expectativas científicas, que gerarão trabalhos científicos e humanos. Com isto, os que estão em formação técnica, científica e ética, usufruem e são introduzidos com segurança no processo assistência-pesquisa, sem onerar, iatrogenar, sacrificar ou por em risco a vida do mais nobre, dentro do Hospital, que é o doente.
Só se entende uma orientação clínica e universitária partida de pessoas ou grupos, que já passaram por várias fases dessa formação, superando os níveis de complexidade que a doença nos apresenta a cada dia.
Somente na busca da intelectualidade hierárquica e do agrupamento de pessoas afinadas sob o ponto de vista ético, moral, afetivo e de comportamento respeitoso, no cumprimento dos deveres de cada um, é que se pode compor um corpo cl (nico de um Hospital Universitário, onde: o nobre é o doente; o indispensável é o profissional preparado intelectualmente; o acessório é o profissional em formação; o certo é o administrador que subsidia, com economia e o soberano é o Diretor que aglutina e compartilha os seus anseios, com os mais variados profissionais, criando critérios mínimos, coerentes e racionais de fixação disciplinar sem se introduzir na dinâmica da formação intelectual e moral de cada.um.
Em síntese, a célula de todo o HU é o Serviço, gerado por competência intelectual, moral e humana e dotado de bom senso.
Alcino Lázaro da Silva
Professor Titular Departamento de Cirurgia Faculdade de Medicina da UFMG
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
15 Set 2021 -
Data do Fascículo
Sep-Dec 1984
