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Pandemia Covid-19 para residentes Medicina de Emergência: estudo observacional em saúde mental e prática médica

Resumo:

Introdução:

Medicina de emergência é uma especialidade relativamente nova no Brasil, aprovada apenas em 2016, e programas de treinamento em residência têm sido instituídos desde então. O ambiente da emergência é conhecido por representar uma tensão entre vida e morte nos profissionais, o que culmina em altos índices de adoecimento mental nessa população. A pandemia da Covid-19 aparenta estar influenciando nas taxas de depressão, ansiedade e burnout de profissionais de saúde.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivos avaliar os sintomas de burnout, depressão e ansiedade em residentes de medicina de emergência brasileiros durante a pandemia da Covid-19 e comparar as crenças deles sobre a prática clínica relacionada aos pacientes com a doença.

Método:

Um estudo quantitativo foi realizado com uma amostra conveniente de médicos residentes voluntários, por meio de uma pesquisa on-line anônima disponível durante o mês de abril de 2020. Esta investigação coletou informações sociodemográficas e utilizou as seguintes escalas: Oldenburg Burnout Inventory (OLBI) para mensurar burnout, Patient Health Questionnaire (PHQ-9) para mensurar depressão e General Anxiety Disorders (GAD-7) para mensurar transtorno de ansiedade generalizada. Neste estudo, também foi desenvolvido um Questionário sobre o Impacto da Covid-19 (CIQ-19) para acessar as crenças e práticas clínicas relacionadas aos pacientes com Covid-19.

Resultado:

A pesquisa foi composta de 63 voluntários, aproximadamente 26,35% dos residentes em medicina de emergência no Brasil. Apenas 39,6% dos residentes se sentiram seguros enquanto trabalhavam com pacientes com Covid-19. Encontraram-se sintomas leves de depressão em 68,2%, seguidos de sintomas de ansiedade em 50,7% e burnout em 54,0%. Aproximadamente 12% dos residentes não fazem nada relação à própria saúde mental, alguns preferem conversar com familiares e amigos (36,1%), e outros discutem com a equipe de suporte (24,3%) quando precisam de atendimento.

Conclusão:

Os residentes de medicina de emergência possuem altos índices de adoecimento mental, e isso pode piorar quando submetidos a situações estressantes e desconhecidas, como a pandemia da Covid-19. Iniciativas devem ser tomadas para melhorar a saúde mental desses médicos. Propõe-se que as instituições de saúde ofereçam aos supervisores médicos uma visão mais próxima e exclusiva sobre os médicos em treinamento. A proposta de um programa de mentoria é uma oportunidade de refletir sobre melhorias técnicas e pessoais para médicos residentes.

Palavras-chave:
Medicina de Emergência; Residência; Saúde Mental

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