Resumo:
Introdução:
Há ainda, entre os estudantes de Medicina, muitas dúvidas com relação ao papilomavírus humano (HPV) e à vacina contra esse vírus.
Objetivo:
Este estudo teve como objetivo avaliar a compreensão dos estudantes de Medicina da Universidade de Brasília acerca do HPV, da sua relação com o câncer e da vacina contra o vírus.
Método:
Foi realizado um estudo transversal por meio da aplicação de um questionário teste sobre os temas. A avaliação envolveu 379 respondentes, o que representava 72,7% dos 521 alunos do primeiro ao sexto ano matriculados no segundo semestre de 2017. As análises estatísticas incluíram diferenças entre médias e proporções, medidas de tamanho de efeito e a correlação entre os indicadores identificados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Medicina (1,989,835).
Resultado:
A pontuação de conhecimento de 50 itens aumentou progressivamente com o ano do curso médico (r = 0,706, p <0,001) e foi maior entre os participantes sexualmente ativos em comparação com os celibatários (t = 3,26, df = 275, p = 0,001, d = 0,37), e entre os participantes com renda familiar mais alta em comparação com aqueles com renda mais baixa (t = 2,91, df = 366, p = 0,004, d = 0,35). Nenhuma diferença significativa de pontuação foi observada entre os participantes agrupados por gênero, comportamento sexual ou estado de vacinação contra o HPV. Além disso, sexo (feminino; OR = 6,5, p <0,001), faixa etária (<24 anos; OR = 3,3, p = 0,001) e sexualidade (ativo; OR = 2,7, p = 0,002), mas não o conhecimento geral, foram preditores do desejo de vacinação entre 297 alunos não vacinados.
Conclusão:
O estudo revelou uma forte correlação entre o conhecimento relacionado ao HPV dos estudantes de Medicina e o ano de estudo, e pontuações significativamente mais altas entre os respondentes sexualmente ativos e de renda superior, mas não houve nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres ou entre alunos vacinados e não vacinados. Entre estes últimos, gênero, idade, sexualidade, e não o conhecimento foram os melhores preditores do desejo de vacinação. Os achados sugerem a necessidade de aperfeiçoamento em programas de triagem e vacinação para HPV e nas estratégias educacionais referentes às doenças relacionadas ao vírus.
Palavras-chave:
Estudantes de Medicina; Conhecimento; Papilomavírus Humano; Vacinação; Comportamento Sexual