Resumo:
As reformas educacionais têm atribuído centralidade ao currículo, afirmando-o como lugar que tem a função de diminuir os problemas e eliminar as desigualdades educacionais e disseminando um discurso que opõe a organização disciplinar ao ensino renovado. Com apoio na noção de governamentalidade, temos abordado esses documentos como dispositivos que projetam condutas desejadas e tencionam produzir subjetividades neoliberais por meio da propagação de valores que promovem a esfera privada e as noções do campo econômico ao status de fonte dos princípios que devem não mais só regular a ação do Estado, mas modificar sua função. O excerto de análise apresentado neste texto, que recai sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular voltados ao ensino médio, provém de pesquisa qualitativa e documental e fundamenta-se na perspectiva pós-fundacional, objetivando discorrer sobre os sentidos que se tenta fixar para a área de Ciências Humanas mediante o apagamento das disciplinas escolares e a pedagogização do currículo. Ressaltamos que esse processo, caracterizado pela tentativa de fixação de um sentido de conhecimento escolar como sinônimo de competências, fundamenta-se na lógica de uma economia moral, que exacerba interesses pessoais e desejos individuais, depreciando o igualitarismo e o ponto de vista impessoal, contexto no qual as Ciências Humanas, ressignificadas nessas bases, assumem um papel-chave.
Palavras-chave:
competências; BNCC; currículo; formação de professores; ensino médio.