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Prevalências de clamídia e gonorreia entre mulheres trans e travestis de cinco capitais brasileiras, 2019–2021

RESUMO

Objetivo:

Estimar as prevalências e os fatores associados à detecção de Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG) em mulheres trans e travestis em cinco capitais brasileiras.

Métodos:

Os dados vieram de um estudo transversal, realizado entre 2019 e 2021, com pessoas recrutadas por RDS (respondent driven sampling) em São Paulo, Campo Grande, Manaus, Porto Alegre e Salvador. Analisou-se a detecção de CT e NG, em três sítios de coleta (anorretal, orofaríngeo e uretral). Para identificação dos fatores associados empregaram-se modelos logísticos com efeitos mistos.

Resultados:

Forneceram material biológico para detecção dessas infecções 1.297 participantes recrutadas. As prevalências de CT, NG e coinfecção foram, respectivamente, 11,5, 13,3 e 3,6%. Foram independentemente associados à detecção para CT: trabalho sexual no passado (odds ratio — OR=1,73; intervalos de confiança para 95% — IC95% 1,02–2,95), no momento atual (OR=2,13; IC95% 1,23–3,69) e como atividade parcial (OR=2,75; IC95% 1,60–4,75) e uso de drogas injetáveis na vida (OR=3,54; IC95% 1,49–8,40). Para NG: uso de drogas injetáveis na vida (OR=1,91; IC95% 1,28–2,84) e orientação sexual – heterossexuais (OR=3,44; IC95% 1,35–8,82), homossexuais (OR=5,49; IC95% 1,89–15,97) e bissexuais (OR=3,21; IC95% 1,06–9,68). Para coinfecção: uso de drogas nos últimos 12 meses (OR=2,34; IC95% 1,10–5,00). Ser mais jovem foi associada a todos os desfechos investigados.

Conclusão:

As prevalências estimadas de CT, NG e de coinfecção foram desproporcionalmente mais elevadas entre as mulheres trans e travestis se comparadas à população geral, especialmente entre as mais jovens, que exerciam trabalho sexual e faziam uso de drogas.

Palavras-chave:
Epidemiologia; Infecções sexualmente transmissíveis; Mulher transexual; Travesti; Chlamydia; Gonorreia

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