RESUMO:
Introdução:
O sono é uma dimensão do bem-estar e da saúde. Um sono não reparador relaciona-se com disfunções de saúde, principalmente em populações vulneráveis, à medida que os fatores relacionados mudam contextualmente. Assim, objetivou-se mensurar a magnitude da redução da função reparadora do sono (FRS) e os fatores biopsicossociais relacionados em idosos brasileiros.
Método:
Foram analisados dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, de delineamento transversal. A amostra constituiu-se de indivíduos a partir de 60 anos. O desfecho considerado foi a prevalência de redução da função restaurativa do sono (FRS) autorreferida. Características de saúde e sono, comportamento emocional, hábitos de vida, suporte social e urbanização tiveram suas relações investigadas. A associação com desfecho foi medida pela razão de prevalência (RP) e estimada pela regressão de Cox, assumindo α ≤ 0,05.
Resultados:
A FRS estava reduzida em 29,2% (intervalo de confiança de 95% - IC95% 27,2 - 30,6%). Ela está relacionada à depressão (RP = 3,37; IC95% 2,87 - 3,97), insônia/sonolência (RP = 2,45; IC95% 2,14 - 2,79); oscilação comportamental (RP = 1,75; IC95% 1,53 - 1,99), percepção negativa de saúde (RP = 1,50; IC95% 1,23 - 1,82), computador e internet (RP = 1,44; IC95% 1,01 - 2,07) e dificuldade funcional (RP = 1,13; IC95% 1,01 - 1,27). Viver em áreas urbanas (RP = 1,32; IC95% 1,14 - 1,52) e ter condição crônica (RP = 1,58; IC95% 1,11 - 2,40) associaram-se apenas à pior situação de redução da FRS.
Conclusão:
A redução da FRS atinge um terço dos idosos no Brasil e está intimamente relacionada a fatores biopsicossociais, exigindo abordagens de políticas públicas intersetoriais de promoção de saúde.
Palavras-chave:
Sono; Sonolência; Distúrbios do início e da manutenção do sono; Idoso; Determinantes sociais da saúde; Saúde mental