RESUMO
Objetivo:
Analisar a utilização de ivermectina como prevenção da COVID-19 pela população de Mato Grosso em 2020.
Métodos:
Trata-se de um inquérito de base domiciliar, realizado entre setembro e outubro de 2020, em dez municípios-polos das regiões socioeconômicas do estado. O uso da ivermectina foi avaliado por meio da pergunta: “Tomou ivermectina para prevenir a COVID-19?”. Foram avaliadas as variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, escolaridade, renda familiar), a situação de trabalho atual, o recebimento de benefícios financeiros governamentais, bem como sintomas, a soroprevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 e o diagnóstico prévio de COVID-19. As estimativas de prevalência e suas associações foram realizadas por meio do teste χ2.
Resultados:
Foram analisados 4.206 indivíduos, e a prevalência de uso de ivermectina foi de 58,3%, sendo maior nos municípios da região Oeste (66,6%). Não houve diferença significativa entre os sexos, a prevalência foi maior na da faixa etária de 50–59 anos (69,7%), em pessoas brancas (66,5%), com ensino superior completo ou mais (68,8%) e maior renda familiar (≥3 salários-mínimos — 64,2%). A utilização do medicamento ainda foi maior entre os que consideraram seu conhecimento sobre a doença como bom ou muito bom (65,0%), entre os que referiram ter apresentado sintomas de COVID-19 (75,3%) e que foram diagnosticados com a doença previamente (91,2%).
Conclusão:
Verifica-se a elevada a prevalência do uso de ivermectina para a prevenção da COVID-19 pela população de Mato Grosso, indicando a necessidade de estratégias para informar a população sobre os riscos do uso off-label de medicamentos e combater a publicidade de medicamentos sem eficácia contra COVID-19.
Palavras-chave:
COVID-19; Uso off-label; Ivermectina; Coronavírus; Estudos transversais