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Prevalência de sífilis em mulheres trans e travestis no Brasil: resultados de um estudo multicêntrico nacional

RESUMO

Objetivo:

O estudo teve como objetivo estimar a prevalência de sífilis adquirida e fatores associados em uma pesquisa nacional.

Métodos:

"TransOdara" foi um estudo transversal compreendendo mulheres trans e travestis (MTT) em cinco grandes cidades do Brasil durante dezembro–2019 e julho–2021. A amostra foi recrutada usando o método respondente-driven sampling (RDS). O desfecho “sífilis ativa” foi definido como um teste treponêmico positivo e título do Venereal-Disease-Research-Laboratory (VDRL) maior ou igual a ⅛. Variáveis sociodemográficas foram descritas. Análises bi- e multivariadas foram realizadas, e odds ratio (OR) e IC95% foram estimados. Todas as análises foram realizadas no R,4.3.1.

Resultados:

Um total de 1.317 MTT foram recrutadas, com 1.291 sendo testadas para sífilis, das quais 294 (22,8%) preencheram os critérios para sífilis ativa. Na análise bivariada, raça negra/parda (OR=1,41; IC95% 1,01–1,97), nível básico de educação (OR=2,44; IC95% 1,17–5,06), não alteração do nome nos documentos (OR=1,39; IC95% 1,00–1,91) e trabalho sexual (pregresso OR=2,22; IC95% 1,47–3,32; parcial OR=2,75; IC95% 1,78–4,25; período integral OR=3,62; IC95%: 2,36-5,53) foram associados à sífilis ativa. Na análise multivariada, o trabalho sexual foi o único fator associado, 2,07 (IC95%: 1,37-3,13) trabalho sexual passado, 2,59 (IC95% 1,66–4,05) trabalho sexual em tempo parcial e 3,16 (IC95% 2,04–4,92) trabalho sexual como principal fonte de renda.

Conclusão:

A prevalência de sífilis ativa neste estudo foi elevada em comparação com outros países da América Latina. O trabalho sexual foi um fator associado importante com sífilis ativa, destacando o impacto que essa condição de vulnerabilidade pode ter na saúde das MTT, como membros de uma população-chave marginalizada.

Palavras-chave:
Sífilis; Mulheres trans; Prevenção; ISTs

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