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Relatos de acidentes por animais peçonhentos e medicina popular em agricultores de Cuité, região do Curimataú, Paraíba, Brasil

Acidentes por animais peçonhentos ocorridos com agricultores sindicalizados do município de Cuité, região do Curimataú paraibano, e práticas de medicina popular por eles utilizadas foram estudadas neste trabalho, através de entrevistas livres e questionários semiestruturados durante o período de junho a agosto de 2010. A idade dos agricultores pesquisados variou de 11 a 90 anos e a incidência de pessoas que sofreram algum acidente com esses animais chegou a 89,3%. Escorpiões, marimbondos, abelhas e serpentes foram os animais mais citados. As extremidades do corpo (mãos, pés, pernas e cabeça) foram as regiões mais atingidas. A prática da medicina popular para tratar desses acidentes inclui vários procedimentos que vão desde tratamentos ritualísticos, uso de animais ou partes dele, até preparos fitoterápicos. O tratamento caseiro é reconhecido como sendo eficaz pela maioria dos que sofreram acidentes (63,9%). Serpentes mortas têm várias partes do corpo arrancadas e usadas em tratamentos zooterápicos diversos. No imaginário dos agricultores, os animais peçonhentos são vistos como perigosos (48,7%) ou nojentos (11,3%), e diversas partes desses animais como chocalho, ferrão da abelha ou couro da cobra são usadas como amuletos de sorte. Inúmeras lendas também foram relatadas com cobras, escorpiões e abelhas. A necessidade de atividades educacionais visando esclarecer esses trabalhadores sobre os perigos dessas práticas é urgente.

Caatinga; Animais venenosos; Acidente ofídico; Medicina popular; Zooterapia; Cuité


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