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EDITORIAL

EDITORIAL

José da Rocha Carvalheiro

Este número encerra o volume 7 da Revista Brasileira de Epidemiologia, no mês de face da capa, dezembro de 2004. Neste ano, tivemos o reconhecimento do Comitê do SciELO e fomos admitidos nessa base de dados. Isto nos desafia a seguir no mesmo ritmo, o que não é missão do Corpo de Editores mas da comunidade científica da área. A ela e só a ela pertence esse mérito. Destacamos, ainda desta vez, o trabalho do nosso corpo de Editores Associados e do apoio da Secretaria Executiva e dos responsáveis pela revisão e normalização dos idiomas português e inglês, da editoração e da impressão. Foram os responsáveis diretos pela nossa qualidade editorial, que nos garantiu a aceitação pela base SciELO. Conservar essa qualidade deve se associar ao rigor do julgamento por pares para seguirmos publicando a "boa produção epidemiológica", nossa proposta maior. No próximo ano, consolidada nossa posição no SciELO, vamos em busca de novas bases que ampliem ainda mais nossa circulação no mundo científico nacional e internacional.

O ano de 2004 foi ainda pródigo de eventos importantes em nossa área. Tivemos um Congresso Nacional e Internacional de Epidemiologia, com proposta de articulação Latino Americana da Epidemiologia; a celebração dos 25 anos de nossa Associação Brasileira de Pos Graduação em Saúde Coletiva, ABRASCO, com um evento patrocinado pela OPAS em sua homenagem; a Exposição de Experiências Bem Sucedidas no âmbito da Epidemiologia, patrocinada pela Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, que se iniciou retomando a temática do Seminário de Usos e Perspectivas da Epidemiologia, realizado em Buenos Aires, Argentina, há 20 anos; o Simpósio Brasileiro e Internacional de Vigilância Sanitária, promovido também pela ABRASCO. De todos esses eventos por certo resultarão contribuições regulares para a RBE julgadas pelo procedimento normal de peer review. Além de números especiais e suplementos que reunirão alguns dos debates e as apresentações em Conferência, Mesas Redondas, Simpósios e Oficinas de Trabalho.

Neste número publicamos 10 artigos originais, que seguiram o trâmite normal. Inclusive o que consideramos um acréscimo a nossa linha de Endemias e Epidemias foi encaminhado espontaneamente. Como de hábito tivemos ampla diversidade institucional e geográfica, sendo de ressaltar trabalhos meridionais: três do Rio Grande do Sul, um do Uruguai, outro da Argentina. Como de praxe, também, poucos trabalhos de autor solitário, com média 3,3 de autores por artigo.

Um estudo caso-controle, realizado no Instituto Nacional de Oncologia de Montevidéu, Uruguai, analisa fatores ligados ao estilo de vida e sua associação com câncer esofágico. Exclui os óbvios álcool e tabaco e concentra sua atenção na tradicional infusão de erva mate.

Uma proposta de validar um questionário de freqüência alimentar de crianças abaixo de cinco anos foi desenvolvida por professores da Faculdade de Saúde Pública da USP. Insere-se num projeto bem mais ambicioso de relacionar a alimentação na criança com o desenvolvimento de doenças na idade adulta.

Ainda em crianças, abaixo de seis anos, apresentamos um estudo da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Federal do Rio Grande, ambas no Rio Grande do Sul, associados à Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, de Curitiba, Paraná. Discute a prevalência de anemia em crianças desse grupo etário atendidas pela Pastoral em Pelotas, RS. Inquérito domiciliar de entrevista e exames compara a concentração de hemoglobina com fatores biológicos ambientais e sociais.

Também de Pelotas, um estudo caso-controle buscou associação entre lábio leporino e fenda palatina com fatores sociais e história familiar de malformações. Tem uma característica importante: associa duas universidades de Pelotas e uma de Passo Fundo, todas no RS, e inclui no grupo de trabalho um expressivo contingente de estudantes de graduação associados a dois professores de Genética.

Em amostra de nipo-brasileiros de primeira e segunda gerações foram estudadas as características antropométricas por um grupo da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) componentes de um "Japanese-Brazilian Diabetes Study Group". Discutiram, em ambos os sexos, a propensão ao excesso de peso, obesidade e distribuição da gordura abdominal.

Da Universidade Nacional de Rosário, Argentina, um estudo discute o sub registro de mortes maternas na Província de Santa Fé e sua diminuição ao ser incorporado um item específico sobre essa causa de morte. Os resultados são marcantes e o trabalho é um exemplo bem sucedido de um "estudo observacional de intervenção".

A mortalidade materna é também o objeto de um estudo realizado, nas capitais brasileiras, por professores da Faculdade de Saúde Pública da USP. Empregam método que parte das declarações de óbito e estima um fator de ajuste através de entrevista domiciliares, consulta a prontuários médicos e a laudos de autópsia.

A morbidade hospitalar e a mortalidade por acidentes de transporte são analisadas, em São José dos Campos, São Paulo, por pesquisador ligado à Prefeitura Municipal. Propõe o emprego do Sistema de Informações Hospitalares como fonte complementar ao Sistema de Informações sobre Mortalidade para monitorar os acidentes de transporte terrestre.

No que podemos considerar um acréscimo a nossa tradicional linha de "Endemias e Epidemias", publicamos um trabalho sobre hepatites virais produzido no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, RS. Os autores pertencem a um Departamento de Gastroenterologia Pediátrica e a um Grupo de Transplante Hepático Infantil. Consideram a heterogeneidade das ações exercidas no território nacional pelo sistema sanitário e pela incorporação desigual de tecnologia diagnóstica e terapêutica. Fazem revisão sucinta da epidemiologia e propostas de prevenção das hepatites mais freqëntes.

Também na linha de análise das atuais endemias e epidemias, publicamos trabalho de pesquisadora ligada à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo que analisa as tendências de morbi-mortalidade de aids no Município de São Paulo. Analisa a incidência segundo sexo e áreas socioeconômicas homogêneas, a partir do Mapa de Exclusão Social da Cidade de São Paulo.

Que o próximo ano assista nossa consolidação definitiva.

Boa leitura.

O Editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Mar 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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