RESUMO
Objetivo:
Em janeiro de 2019, uma barragem da mina Córrego do Feijão sofreu um rompimento catastrófico que matou 270 pessoas e causou danos extensos. Não se sabe como a exposição a tal desastre pode afetar a utilização dos serviços de saúde.
Métodos:
Avaliamos os dados do Projeto Saúde Brumadinho, estudo de coorte que incluiu pessoas expostas ao rompimento da barragem e dois grupos de comparação: pessoas não expostas à mineração ou ao desastre e pessoas de uma comunidade mineira, mas não expostas ao desastre. Os desfechos avaliados foram consulta médica ou hospitalização no último ano, fonte habitual de cuidados, pressão arterial e glicemia verificadas e haver recebido vacinas recomendadas, entre adultos de 18 anos ou mais. A regressão de Poisson robusta ponderada foi usada para avaliar as diferenças entre os expostos e os dois grupos de comparação, controlando por fatores de confusão.
Resultados:
indivíduos expostos tiveram uma razão de prevalência (RP) 15% maior de relatar uma consulta médica do que os não expostos. Para hospitalização e medidas de pressão arterial e glicemia, não houve diferença significativa entre os grupos. O grupo exposto teve RP 24% maior, e a comunidade mineira RP 143% maior de haver recebido imunizações preventivas em relação ao grupo não exposto.
Conclusão:
Houve diferenças na utilização dos serviços de saúde entre os indivíduos expostos ao rompimento da barragem. O monitoramento contínuo da situação é necessário, pois as consequências de um evento tão traumático podem levar um tempo considerável para se manifestar.
Palavras-chave:
Desastre; Serviços de saúde; Mineração; Coorte