RESUMO
Objetivo: Identificar aglomerados de alto e baixo risco para a ocorrência da leptospirose no espaço e espaço-tempo do Acre, entre 2001 e 2022, bem como caracterizar tendências temporais e perfis epidemiológicos da doença no estado.
Métodos: Estudo ecológico de casos notificados obrigatoriamente pelos serviços de saúde do Brasil. Para a análise de aglomerados no espaço e no espaço-tempo, utilizou-se o software SaTScan, que calculou os riscos relativos (RR). Além disso, foi obtida a tendência temporal pela regressão linear de Prais-Winsten, e os perfis epidemiológicos foram estimados pelas incidências por sexo e faixa etária.
Resultados: Identificou-se aglomerado espacial de alto risco em Rio Branco, Bujari e Porto Acre (RR=2,94), ocorrendo sobretudo entre 2013 e 2015, conforme aglomerado espaçotemporal (RR=9,51). O município de Cruzeiro do Sul também apresentou aglomerado espacial de alto risco (RR=1,31). Esse município e outros contíguos apresentaram tendência temporal crescente nos casos, enquanto os demais municípios do estado mostraram tendência temporal estacionária. A doença afetou sobretudo homens entre 20 e 59 anos, seguidos por jovens de 10 a 19 anos. No entanto, o RR de leptospirose em mulheres idosas foi 2,1 vezes maior do que em homens idosos (intervalo de confiança de 95% [IC95%] 1,6-2,9).
Conclusão: Os achados demonstraram que a leptospirose, embora endêmica no estado, teve incidência mais significativa em determinados municípios e anos. Logo, é necessário agir com maior ou menor intensidade em determinados locais e períodos, tanto para a prevenção quanto para o controle da enfermidade.