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Poéticas de arquivo como práticas urbanas: três gestos de pesquisa no arquivo do Laboratório de Fotodocumentação Sylvio de Vasconcellos1 1 Este texto é fruto de estágio pós-doutoral realizado em 2019 no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (NPGAU/UFMG), sob tutela da professa Renata Marquez. O projeto de pesquisa, intitulado “Imagem, técnica, cotidiano: o arquivo do Laboratório de Fotodocumentação Sylvio de Vasconcellos”, relaciona-se a uma trajetória de investigação, por meio da qual tenho buscado explorar a imagem, o arquivo e, mais recentemente - em virtude de interlocução com o professor Eduardo Costa, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) -, o livro, no campo da história e da teoria da arquitetura e do urbanismo. No âmbito dessa trajetória, destaco em especial dois trabalhos: o livro Arquiteturas do olhar (MORTIMER, 2017), fruto de minha tese de doutorado desenvolvida no NPGAU/UFMG; e o livro Entre imagem e escrita: Aracy Esteve Gomes e a cidade de Salvador (no prelo pela Editora da UFBA), organizado com o professor Washington Drummond, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), e que congregou outros pesquisadores do campo da arquitetura e do urbanismo interessados na discussão de imagem e arquivo, entre os quais Eduardo Costa (USP), Breno Silva (Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - IFMG) e Renata Marquez (UFMG), além de doutorandos e graduandos do Programa de Pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPGAU/UFBA). Uma versão resumida do presente artigo foi apresentada na forma de conferência no 6º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, Belo Horizonte, em novembro de 2019. Agradeço ao professor Leonardo Barci Castriota, coordenador do Laboratório de Fotodocumentação, pelo apoio ao desenvolvimento deste trabalho. Foram igualmente importantes para o desenvolvimento da pesquisa da qual este artigo é fruto as experiências didáticas nas disciplinas “Práticas fotográficas” e “Imagem etc: conversas em torno da fotografia”, propostas na EA UFMG no âmbito das atividades pós-doutorais. Agradeço a Renata Marquez, Priscila Musa e Gabriela Pires pelo compartilhamento da atividade docente nessas disciplinas, e aos estudantes envolvidos.

Resumo

Este texto apresenta três gestos de pesquisa (ampliar, desmontar e desviar) que realizamos no arquivo fotográfico do Laboratório de Fotodocumentação Sylvio de Vasconcellos, a fim de evidenciar aspectos que instituem um campo de debates em torno da cidade, da técnica e do cotidiano. Operamos com fontes provenientes do Serviço de Fotodocumentação da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, majoritariamente dos anos de 1954 a 1964. Os gestos de pesquisa, enquanto poéticas, experimentam modos de “fazer o arquivo falar”. E provocam ruídos quando colocam em discussão a vida ordinária capturada por meio da fotografia e as implicações dessa mediação técnica na prática da cidade e na construção de representações e discursos. Ao perfurarem o dispositivo do arquivo patrimonial e incidirem na trama histórica em torno do popular, esses gestos vislumbram atualizações críticas em torno do descarte e são também práticas urbanas na medida em que instauram outros modos de ver a cidade (ou des-vê-la, nos termos de Manoel de Barros e Rita Velloso).

Palavras-chave:
Arquivo; Fotografia; Cidade; Técnica; Cotidiano; Desmontar; Desviar

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