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A tontura no idoso

Sabemos que 20 a 30% da população mundial sofre ou já sofreu de tontura e, em muitos casos, não é tratada adequadamente. A prevalência da tontura é ainda maior na população idosa, sendo a principal manifestação clínica das labirintopatias. Essas podem levar o idoso ao prejuízo da capacidade funcional, comprometendo a qualidade de vida, a satisfação pessoal e o bem-estar.

A tontura é uma condição multifatorial que decorre do efeito cumulativo das disfunções em múltiplos sistemas e atribui, principalmente aos idosos, dificuldade em realizar tarefas, além de provocar deficiência no controle do equilíbrio corporal, como as transferências posturais, a marcha e outras tarefas dinâmicas que requerem flexão do tronco e da cabeça frente à grande variabilidade de contextos ambientais. Esse sintoma é frequentemente experimentado por pacientes com significados diferentes, tais como: falsa sensação de movimentação do corpo ou ambiente, sensação de desmaio iminente, sensação de instabilidade, desequilíbrio corporal, mareio ou quedas e dificuldade na marcha.

As causas também podem ser diferentes: disfunções vestibulares (central ou periférica) ou causas extravestibulares, como neurológicas, cardiovasculares, metabólicas, psicogênicas, visuais, proprioceptivas, entre outras. As disfunções vestibulares mais comuns no idoso são: Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), Doença de Menière, Equivalentes de Migrânea, Labirintopatias Metabólicas, Labirintopatias de Origem Vascular e Síndromes Multissensoriais. Múltiplos sintomas otoneurológicos podem estar associados: vertigem e outras tonturas, alterações do equilíbrio corporal, distúrbios da marcha, quedas, zumbido, deficit auditivo, dentre outros11 Doná F, Perracini MR, Gazzola JM. Avaliação físico-funcional do paciente com disfunção vestibular. In: Onishi EO, Kasse CA, Branco-Barreiro FCA, Doná F, organizadores. Avaliação e reabilitação do equilíbrio corporal: abordagem interdisciplinar. Vol. 1. São Paulo: Ektor Tsuneo Onishi; 2013. p. 47-64..

A avaliação otoneurológica no idoso é abrangente para a detecção da causa. Envolve a avaliação clínica, exames laboratoriais, exames de imagens, provas calóricas, rotacionais, audiometria, posturografia computadorizada, avaliação da capacidade funcional, do equilíbrio corporal da marcha e do impacto da tontura na qualidade de vida do idoso. Os recursos terapêuticos utilizados para o controle da tontura e/ou desequilíbrio corporal incluem: tratamento etiológico, farmacoterapia, orientação nutricional, modificação de hábitos, psicoterapia, reabilitação vestibular (RV) e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos22 Ganança FF, Lopes KC, Duarte JA, Morganti, LOG, Salmito MC, Brandão PVC, et al Labirintopatias. Rev Bras Med. 2014;71:78-85..

A RV representa uma importante opção terapêutica para os distúrbios do equilíbrio corporal de origem vestibular. A RV não é um tratamento etiológico, isto é, não atua na causa do distúrbio vestibular, mas por meio de mecanismos centrais de neuroplasticidade promove a compensação vestibular. É constituída por exercícios específicos dos olhos, cabeça e/ou corpo e manobras terapêuticas aplicadas em pacientes com vertigem posicional paroxística benigna, com o intuito de reposicionar os debris de estatocônios que se encontram inadequadamente localizados nos ductos dos canais semicirculares33 Gazzola JM, Doná F. Instabilidade postural e reabilitação vestibular. In: Mendes TAB, organizador. Manuais de reabilitação do Hospital Albert Einstein. Vol. 1. São Paulo: Manole; 2014. p. 787-809..

O tratamento integrado dos idosos com disfunção vestibular apresenta resultados positivos devido ao diagnóstico precoce e preciso, a intervenção interdisciplinar e a adesão ao tratamento. A elaboração de programas preventivos e de condutas terapêuticas objetivas favorece a remissão dos sintomas ou a redução, a melhora da qualidade de vida e da capacidade funcional.

REFERENCES

  • 1
    Doná F, Perracini MR, Gazzola JM. Avaliação físico-funcional do paciente com disfunção vestibular. In: Onishi EO, Kasse CA, Branco-Barreiro FCA, Doná F, organizadores. Avaliação e reabilitação do equilíbrio corporal: abordagem interdisciplinar. Vol. 1. São Paulo: Ektor Tsuneo Onishi; 2013. p. 47-64.
  • 2
    Ganança FF, Lopes KC, Duarte JA, Morganti, LOG, Salmito MC, Brandão PVC, et al Labirintopatias. Rev Bras Med. 2014;71:78-85.
  • 3
    Gazzola JM, Doná F. Instabilidade postural e reabilitação vestibular. In: Mendes TAB, organizador. Manuais de reabilitação do Hospital Albert Einstein. Vol. 1. São Paulo: Manole; 2014. p. 787-809.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2018
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