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Fatores associados à multimorbidade em idosos: uma revisão integrativa da literatura

Resumo

Objetivo:

Objetivou-se identificar os fatores associados à multimorbidade em idosos por meio de uma revisão integrativa da literatura.

Método:

Foram utilizadas as bases de dados “Cochrane Library”, “MEDLINE”, “Web of Science”, “Scopus” e “LILACS”. Também foram utilizados a biblioteca virtual “Scielo” e o buscador eletrônico “Google Acadêmico”. Empregaram--se os seguintes termos para as buscas: “multimorbidity”; “multi-morbidity”; “comorbidity”; “multiple diseases”; “elderly”; “major adults”, “older people”, “older persons”, “aged”, “associated factors”, “correlated factors”, “socioeconomic factors” e “demographic factors”. Os critérios de inclusão consistiram em: estudos transversais ou longitudinais que tinham como objeto de estudo a população idosa com multimorbidade. Foram excluídos os estudos em que a multimorbidade não foi a variável dependente.

Resultados:

Um total de sete artigos foi incluído nesta revisão. Observou-se uma prevalência variando de 30,7% a 57,0% de multimorbidade em idosos. Os fatores associados foram o ato de fumar, consumo de álcool, morar em áreas rurais, baixa escolaridade, sexo feminino, idosos mais envelhecidos e não morar com crianças. Para a maioria dos artigos, uma renda familiar baixa também se mostrou associada à multimorbidade.

Conclusão:

Os resultados sugerem que a multimorbidade em idosos é uma condição comum e que ela tem sido influenciada por fatores socioeconômicos, demográficos, estilo de vida e estrutura familiar.

Palavras-chaves:
Idoso; Multimorbidade; Doença Crônica

Abstract

Objective:

The objective of the present study was to identify factors associated with multimorbidity in the elderly through an integrative literature review.

Method:

The “Cochrane Library”, “MEDLINE”, “Web of Science”, “Scopus” and “LILACS” databases were used, as well as the “SciELO” virtual library and the electronic search engine “Google Academic”. The following search terms were applied: “multimorbidity”; “multi-morbidity”; “comorbidity; “multiple diseases”; “elderly”; “major adults”, “older people”, “older persons”, “aged”, “associated factors”, “correlated factors”, “socioeconomic factors” and “demographic factors.” The inclusion criterion was that the object of the study was the elderly population with multimorbidity. Studies in which multimorbidity was not the dependent variable were excluded.

Results:

a total of seven articles were included in this review. A prevalence of multimorbidity in the elderly ranging from 30.7% to 57% was found. The associated factors were smoking, alcohol consumption, lived in rural areas, low levels of schooling, the female gender, older elderly persons and not living with children. In the majority of articles a low level of family income was also associated with multimorbidity.

Conclusion:

The results suggest that multimorbidity in the elderly is a common condition and that it is influenced by socioeconomic and demographic factors, lifestyle and family structure.

Keywords:
Elderly; Multimorbidity; Chronic Disease

INTRODUÇÃO

Nos dias hodiernos, tornou-se cada vez mais importante cuidar da vida, já que a redução da vulnerabilidade ao adoecer fortalece a proteção da incapacidade, do sofrimento crônico e da morte prematura. Em idosos, especificamente, identificar os fatores que levam ao adoecer e buscar reduzi-los torna-se crucial, uma vez que esse segmento populacional é caracterizado pela vulnerabilidade e redução da capacidade funcional nesse momento da vida11 Oliveira MPF, Novaes MRCG. Perfil socioeconômico, epidemiológico e farmacoterapêutico de idosos institucionalizados de Brasília, Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2013;18(4):1069-78..

Embora as doenças infecciosas sejam ainda importantes e presentes, há um crescimento significativo das doenças crônicas não transmissíveis22 Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61.. Tais condições são capazes de gerar incapacidades e alto grau de limitação em suas atividades de vida diária e lazer, além de provocar grande pressão sobre os serviços de saúde22 Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61..

Com o aumento da expectativa de vida e da ocorrência das doenças crônicas, a multimorbidade, que corresponde a ocorrência de diferentes problemas de saúde em um mesmo indivíduo, apresenta-se como um problema frequente na população, principalmente tratando-se da população idosa33 Salive ME. Multimorbidity in older adults. Epidemiol Rev. 2013;35:75-83.. Apesar desse conceito bem estabelecido na literatura, a definição de multimorbidade com relação ao número de condições crônicas consideradas, varia muito. Dentre essas variações, existem autores que consideram a multimorbidade com sendo a presença de pelo menos duas doenças crônicas e outros como sendo a presença de pelo menos três44 Violan C, Foguet-Boreu Q, Flores-Mateo G, Salisbury C, Blom J, Freitag M. Prevalence, determi-nants and patterns of multimorbidity in primary care: a systematic review of observational studies. PLos ONE. 2014;9(7):1-9..

Considerando a sua prevalência, gravidade e seu impacto na qualidade de vida, a multimorbidade atualmente é um problema de saúde pública55 Nunes BP, Thumé E, Facchini LA. Multimorbidity in older adults: magnitude and challenges for the Brazilian health system. BMC Public Health. 2015;15:1-11.. A prevalência mundial de diferentes problemas de saúde em idosos é alta, com um percentual acima de 50% e, segundo estudos, a tendência é que esse número aumente66 Veras R, Lima-Costa MF. Epidemiologia do envelhecimento. In: Almeida NDF, Barreto ML, editors. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 427-37.

7 Murray CJL, Vos T, Lozano R, Naghavi M, Flaxman AD, Michaud C, et al. Disability-adjusted life years (DALYs) for 291 diseases and injuries in 21 regions, 1990-2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet. 2012;380(9859):2197-2223.

8 Vos T, Flaxman AD, Naghavi M, Lozano R, Michaud C, Ezzati M, et al. Years lived with disability (YLDs) for 1160 sequelae of 289 diseases and injuries 1990-2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet. 2012;380(9859):2163-96.
-99 Rechel B, Grundy E, Robine JM, Cylus J, Mackenbach JP, Knai C, et al. Ageing in the European Un-ion. Lancet. 2013;381(9874):1312-22.. As consequências da multimorbidade incluem maiores riscos de morte e de declínio funcional, além de impactarem na diminuição da expectativa de vida1010 Gijsen R, Hoeymans N, Schellevis FG, Ruwaard D, Satariano WA, Van den Bos GA. Causes and consequences of comorbidity: a review. J Clin Epidemiol. 2001;54(7):661-74.,1111 DuGoff EH, Canudas-Romo V, Buttorff C, Leff B, Anderson GF. Multiple chronic conditions and life expectancy: a life table analysis. Med Care. 2014;52(8):688-94.. Apesar da possibilidade de ser controlada, o manejo adequado da multimorbidade é um desafio para os sistemas e serviços de saúde mundial devido ao alto custo e a complexidade do tratamento66 Veras R, Lima-Costa MF. Epidemiologia do envelhecimento. In: Almeida NDF, Barreto ML, editors. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 427-37.,1212 Ording AG, Sorensen HT. Concepts of comorbidities, multiple morbidities, complications, and their clinical epidemiologic analogs. Clin Epidemiol. 2013;5:199-203..

A identificação de fatores associados que possam estar relacionados a prevalência de multimorbidades, por meio de dados atuais, é primordial para a definição de políticas de saúde voltadas para a prevenção desses agravos e subsidiar a formulação de políticas públicas nas áreas de promoção, vigilância e atenção à saúde1313 Brasil, Ministério da Saúde. Programa de avaliação para a qualificação do Sistema Único de Saúde [Internet]. Brasília, DF: MS; 2011 [acesso em 10 jan. 2018]. Disponível em: http://observasaude.fundap.sp.gov.br/saude2/sus/Acervo/SUS_AvlQualif_3.pdf.

Desta maneira, o presente estudo objetivou, por meio de uma revisão integrativa da literatura, identificar os fatores associados à multimorbidade em idosos.

MÉTODO

Realizou-se uma revisão integrativa de estudos transversais e longitudinais publicados na literatura para identificar os fatores associados à multimorbidade em idosos. Os critérios de inclusão consistiram em: estudos transversais ou longitudinais que tinham como objeto de estudo a população idosa (indivíduos acima de 60 anos) e que possuíam multimorbidade.

Nesta revisão, foram incluídos tanto estudos que consideraram multimorbidade como sendo o acúmulo de duas ou mais doenças crônicas, como aqueles que consideraram o acúmulo de três ou mais. Ademais, consideraram-se doenças crônicas como aquelas propostas em 1957 pela Comissão de Doenças Crônicas de Cambridge (Estados Unidos), nas quais se incluem todas as condições que contêm pelo menos uma das seguintes características: permanência, presença de incapacidade residual, mudança patológica não reversível no sistema corporal, necessidade de treinamento especial do paciente para a reabilitação e previsão de um longo período de supervisão, observação e cuidados1414 Kuller L, Tonascia S. A follow-up study of the Commission on Chronic Illness morbidity survey in Baltimore. IV. Factors influencing mortality from stroke and arteriosclerotic heart disease (1954-1967). J Chronic Dis. 1971;24(2):111-24..

No presente estudo não houve restrição de ano de publicação e idioma. Foram excluídos estudos que avaliam a multimorbidade e seus fatores associados em crianças, adolescentes e adultos. Além disso, também foram excluídos aqueles em que a multimorbidade não foi considerada como a variável dependente.

As estratégias de busca eletrônica foram conduzidas por três pesquisadores, independentemente, durante o período de maio de 2018 a julho de 2018, nas bases de dados: Cochrane Library, MEDLINE, Web of Science, Scopus e LILACS. Também foi utilizado a biblioteca virtual “Scielo” e o buscador eletrônico “Google Acadêmico”. Os seguintes descritores e/ou palavras foram utilizados: “multimorbidity”; “multi-morbidity”; “comorbidity”; “multiple diseases”; “elderly”; “major adults”, “older people”, “older persons”, “aged”, “associated factors”, “correlated factors”, “socioeconomic factors” e “demographic factors”. Além da pesquisa nas bases supracitadas, também foram realizadas buscas manuais nas referências de artigos sobre o tema. As estratégias de busca elaboradas para cada base de dados estão descritas no Quadro 1.

Quadro 1
Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados, biblioteca virtual e buscador eletrônico.

Após as buscas nas bases de dados e manuais, os títulos e resumos foram organizados em um formulário padronizado. Em seguida, os três pesquisadores, utilizando os mesmos critérios de eleição, realizaram a seleção daqueles estudos com potencial para serem lidos na íntegra e incluídos na revisão.

Os dados dos estudos lidos na íntegra e incluídos na revisão foram anotados em uma folha de extração de dados pelos três autores que, independentemente e em trio, registraram dados referentes à pesquisa (amostra, país onde o estudo foi conduzido e fatores associados a multimorbidades), características metodológicas (tipo de estudo) e desfechos.

Na presença de discordâncias, os autores consultaram um quarto autor e, por meio de um consenso, chegaram a uma decisão comum. Para a avaliação da qualidade dos estudos selecionados, utilizou-se o método proposto por Loney1515 Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health re-search literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can. 1998;19(4):170-6., o qual avalia criticamente estudos de prevalência ou incidência de problemas de saúde. A sua avaliação crítica é baseada em oito itens: desenho do estudo adequado, delineamento do processo de amostragem, tamanho da amostra adequado, utilização de métodos validados, medição dos dados de forma imparcial, perda amostral inferior a 30%, intervalos de confiança presente na determinação da prevalência ou incidência e descrição detalhada dos sujeitos do estudo. Cada um desses itens, quando adequados, pontuam com 1 ponto, e no total cada estudo pode variar a pontuação de 0 a 8 pontos.

RESULTADOS

A estratégia de busca eletrônica utilizada resultou em 356 títulos e resumos. Desses, 25 foram selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão e lidos na íntegra. A busca manual, feita a partir da lista de referências dos artigos lidos completamente, resultou na obtenção de 1 artigo. Ao final, 7 foram eleitos para serem incluídos na revisão (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma dos estudos analisados.

Um total de 17.003 idosos foi avaliado, dos quais 10.098 eram mulheres (59,39%). Todos os estudos incluídos nesta revisão foram estudos transversais. Neles, a multimorbidade foi associada com o ato de fumar, consumo de álcool, morar em áreas rurais, baixa escolaridade, sexo feminino, idosos mais envelhecidos, uso de serviços de saúde na última semana, estrutura familiar (não morar com crianças), polifarmácia e autopercepção negativa de saúde (Tabela 1). Apesar da maioria dos estudos relatarem uma associação entre multimorbidade e baixa condição econômica, houve divergência de resultados, nesta revisão, ao avaliar a influência do status econômico na prevalência de multimorbidade. A pontuação da qualidade dos estudos variou de 7 a 8 pontos.

Tabela 1
Características e resumo dos resultados dos estudos incluídos na revisão.

Mini et al.3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6. em 2017, objetivaram estimar a proporção de idosos com multimorbidade, seus fatores associados, assim como suas implicações. Um total de 9.852 idosos com idade igual ou maior que 60 anos foram entrevistados. Como resultado, os autores verificaram que naqueles indivíduos com idade ≥ 70 anos, usuários de álcool, mulheres, usuários de tabaco e mais ricos, eram mais propensos areportar multimorbidade.

Ha et al.3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7., procuraram determinar a prevalência de multimorbidade em idosos e identificar os fatores associados em uma população idosa no Sul do Vietnã. A amostra foi de 2.400 indivíduos com 60 anos ou mais. Após uma análise multivariada, a faixa etária, o gênero e a necessidade de ajuda para atividades básicas perderam a significância estatística. Em contrapartida, o fato do idoso não ser alfabetizado, morar na zona rural e utilizar serviços de saúde na última semana estavam associados à presença de multimorbidade.

Em 2014, Banjare et al.3737 Banjare P, Pradhan J. Socio-economic inequalities in the prevalence of multi-morbidity among the rural elderly in Bargarh District of Odisha (India). PLos ONE. 2014;9(6):1-10. avaliaram a prevalência do acúmulo de condições crônicas entre idosos rurais, assim como os fatores socioeconômicos e demográficos associados. Participaram 310 idosos com idade igual ou maior que 60 anos. Os resultados obtidos a partir da análise de regressão logística mostram que idosos mais velhos, aqueles que possuem dependência econômica e os que fumam são mais propensos a apresentarem multimorbidade. Já em 2013, Jerliu et al.3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9. avaliaram a prevalência de multimorbidade e fatores demográficos e socioeconômicos associados em idosos do Kosovo. Participaram do estudo 1.890 indivíduos com idade igual ou maior que 65 anos. 45% dos idosos tinham pelo menos duas doenças crônicas. A partir de uma análise multivariada, os fatores relacionados à presença de multimorbidade foram o sexo feminino, idade avançada, pobreza autopercebida e dificuldade de acesso aos cuidados médicos.

Agborsangaya et al.3939 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8., em 2012, objetivaram identificar a prevalência de multimorbidade e seus fatores sociodemográficos em adultos com 18 anos ou mais. Esse estudo avaliou diferentes faixas etárias, incluindo idosos com idade igual ou maior que 65 anos. A amostra correspondente aos idosos foi de de 776 indivíduos. Para esse grupo populacional, a multimorbidade esteve associada ao sexo feminino e àqueles que não vivem com crianças. Em 2008, Marengoni et al.4040 Marengoni A, Winblad B, Karp A, Fratiglioni L. Prevalence of chronic diseases and multimorbidity among the elderly population in Sweden. Am J Public Health. 2008;98:1198-200. investigaram o papel da idade, gênero e status socioeconômico na ocorrência de multimorbidade em idosos com idade variando entre 77 e 100 anos. A idade avançada, o sexo feminino e um menor nível de escolaridade se mostraram-se associados à multimorbidade.

Por fim, em 2017, Cavalcanti et al.4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42. buscaram associação entre multimorbidade em idosos com variáveis sociodemográficas, autopercepção de saúde e polifarmácia. A amostra foi constituída de 676 indivíduos com 60 anos de idade ou mais residentes em municípios de pequeno porte do norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Após análise ajustada, a ocorrência de multimorbidade, apresentou-se associada às variáveis: percepção de saúde negativa e uso de polifarmácia. Na análise bruta, a multimorbidade esteve relacionada ao sexo feminino, idade avançada, baixo nível socioeconômico e transtornos mentais. No entanto, ao realizar a análise ajustada, essas variáveis perderam significância.

DISCUSSÃO

O presente estudo procurou identificar através de uma revisão integrativa da literatura, os fatores associados à presença de multimorbidade em idosos. Para isso, foram incluídos todos os tipos de estudos encontrados que se enquadraram nos critérios de inclusão estabelecidos. Não foi possível realizar uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, cujo nível de evidência científica é alto. Tal situação justifica-se pela ausência do idoso com multimorbidade nesses tipos de estudos, uma vez que na maioria de seus desenhos metodológicos, esse grupo populacional entra nos critérios de exclusão justamente por apresentarem doenças crônicas. Entretanto, com relação à qualidade dos estudos incluídos, pode-se perceber que os resultados propostos possuem confiabilidade, validade interna e externa, já que a pontuação variou de 7 a 8 pontos, sendo esse último escore, a pontuação máxima.

Foi possível observar, a partir dos resultados da estratégia de busca, um baixo número de trabalhos que tinham a multimorbidade como sendo a variável dependente do estudo, o que dificultou a obtenção de mais fatores que poderiam influenciar o acometimento de multimorbidade em idosos. Associado a isso, a faixa etária dessa população nos estudos encontrados variou, o que de fato reflete um baixo nível de evidência científica para responder o objetivo do presente estudo.

Em geral, os resultados da revisão apontam uma associação da multimorbidade em idosos com o hábito de fumar, consumo de álcool, morar em áreas rurais, baixa escolaridade, uso de serviços de saúde na última semana, sexo feminino, idosos mais velhos, estrutura familiar (não morar com crianças), polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Os estudos divergiram quanto à influência do status econômico na prevalência da multimorbidade3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6.

36 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7.

37 Banjare P, Pradhan J. Socio-economic inequalities in the prevalence of multi-morbidity among the rural elderly in Bargarh District of Odisha (India). PLos ONE. 2014;9(6):1-10.

38 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9.

39 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8.

40 Marengoni A, Winblad B, Karp A, Fratiglioni L. Prevalence of chronic diseases and multimorbidity among the elderly population in Sweden. Am J Public Health. 2008;98:1198-200.
-4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42..

Com relação ao estilo de vida, apenas o hábito de fumar e consumir álcool foram avaliados. Tais hábitos mostraram-se associados à multimorbidade, e essa correlação pode ser explicada pela interferência na nutrição adequada do idosos, já que o álcool e o tabaco competem com os nutrientes desde sua ingestão até a sua absorção e utilização4242 Zaitune MPA, Barros MBA, César CLG, Carandina L, Goudbaum M. Fatores associados ao sedentarismo no lazer em idosos. Cad Saúde Pública. 2007;23(6):1329-38.. Ademais, do ponto de vista da saúde pública, o álcool e o tabaco encontram-se entre os cinco mais importantes fatores de risco para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis4242 Zaitune MPA, Barros MBA, César CLG, Carandina L, Goudbaum M. Fatores associados ao sedentarismo no lazer em idosos. Cad Saúde Pública. 2007;23(6):1329-38..

No que se refere a uma forte associação entre morar em áreas rurais e multimorbidade em idosos, sugere-se que essa correlação esteja presente devido a pobre oferta de serviços de saúde e pouco acesso a informações nesses locais, o que pode implicar em menores oportunidades desses idosos a adquirirem hábitos saudáveis que venham prevenir o acúmulo de doenças crônicas4343 Kassouf AL. Acesso aos serviços de saúde nas áreas urbana e rural do Brasil. Rev Econ Sociol Rural 2005;43(1):29-44.. Diante dessa situação, mais esforços devem ocorrer para melhorar os serviços de saúde nessas áreas, sobretudo voltados para os idosos.

Com relação a alfabetização, os resultados indicam que as pessoas com melhor educação têm menos chances de serem portadoras de multimorbidade. A educação habilita um indivíduo a buscar conhecimentos. Portanto, as pessoas educadas podem ser capazes de acessar mais informações sobre promoção da saúde e adotar estilos de vida saudáveis, prevenindo o aparecimento de algumas doenças crônicas3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7..

A utilização de serviços de saúde na última semana foi positivamente associada à prevalência de multimorbidade no estudo de Ha et al.3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7. Como os autores estabeleceram a multimorbidade como variável dependente, os resultados sugerem que a utilização de serviços de saúde na última semana influencia numa maior prevalência de multimorbidade. Por ser um estudo do tipo transversal, as variáveis estudadas não podem ter uma relação de causa e consequência bem estabelecida. Sendo assim, a utilização desses serviços parece ser consequência do acúmulo de doenças crônicas, e não o contrário, já que diante de uma menor saúde geral, os idosos procuram com mais frequência serviços de saúde.

O mesmo ocorreu com as variáveis polifarmácia e autopercepção negativa da saúde no estudo de Cavalcanti et al.4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42. O uso de vários medicamentos e o relato de uma saúde ruim ou péssima parecem ser consequência do acúmulo de doenças crônicas, e não o contrário. O uso da polifarmácia pode ser entendido pela necessidade frequente dos idosos em ingerir medicações para o tratamento das doenças crônicas, enquanto autopercepção com relação a sua saúde tende a ser negativa devido a um maior número de hospitalização desses idosos frente à multimorbidade.

Nos estudos que buscaram associação da multimorbidade em idosos com fatores socioeconômicos e demográficos, houve uma divergência com relação a associação com o sexo e renda familiar3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6.

36 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7.

37 Banjare P, Pradhan J. Socio-economic inequalities in the prevalence of multi-morbidity among the rural elderly in Bargarh District of Odisha (India). PLos ONE. 2014;9(6):1-10.
-3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9.,4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42.. Ha et al.3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7. e Cavalcanti et al.4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42. não encontraram associação da multimorbidade com o sexo feminino, já Mini et al.3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6., Jerliu et al.3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9., Agborsangaya et al.3939 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8. e Marengoni et al.4040 Marengoni A, Winblad B, Karp A, Fratiglioni L. Prevalence of chronic diseases and multimorbidity among the elderly population in Sweden. Am J Public Health. 2008;98:1198-200. observaram essa associação. O mesmo aconteceu com o status econômico. No estudo de Mini et al.3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6. foi verificada associação entre multimorbidade e aqueles idosos mais ricos, enquanto Banjari et al.3737 Banjare P, Pradhan J. Socio-economic inequalities in the prevalence of multi-morbidity among the rural elderly in Bargarh District of Odisha (India). PLos ONE. 2014;9(6):1-10. e Jerliu et al.3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9. observaram associação da multimorbidade com pobreza autodeclara e dependência financeira.

A divergência desses estudos com relação a essas variáveis, podem ser oriundas de uma faixa etária distinta de idosos analisados. Mini et al.3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6., Ha et al.3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7., Banjare et al.3737 Banjare P, Pradhan J. Socio-economic inequalities in the prevalence of multi-morbidity among the rural elderly in Bargarh District of Odisha (India). PLos ONE. 2014;9(6):1-10. e Cavalcanti et al.4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42. consideraram idosos com idade igual ou maior que 60 anos, enquanto Jerliu et al.3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9. e Agborsangaya et al.3939 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8. consideraram idosos aqueles com 65 anos ou mais. Já Marengoni et al.4040 Marengoni A, Winblad B, Karp A, Fratiglioni L. Prevalence of chronic diseases and multimorbidity among the elderly population in Sweden. Am J Public Health. 2008;98:1198-200., estudou apenas idosos na faixa etária de 77 a 110 anos3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6.

36 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7.

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39 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8.

40 Marengoni A, Winblad B, Karp A, Fratiglioni L. Prevalence of chronic diseases and multimorbidity among the elderly population in Sweden. Am J Public Health. 2008;98:1198-200.
-4141 Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Delani MP. Multimorbidity asso-ciated with polypharmacy and negative self-perception of health. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(5):634-42.. A associação entre o sexo feminino e a prevalência de multimorbidade pode estar relacionada ao fato das mulheres possuírem maior expectativa de vida e pior estado de saúde em comparação com os homens3535 Mini GK, Thankappan KR. Pattern, correlates and implications of non-communicable disease mul-timorbidity among older adults in selected Indian states: a cross-sectional study. BMJ Open. 2017;7(3):1-6.,3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9.,3939 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8..

A maioria dos estudos observaram que os idosos mais envelhecidos e pobres tendem a ter maiores ocorrências de multimorbidade3636 Ha NT, Le NH, Khanal V, Moorin R. Multimorbidity and its social determinants among older people in southern provinces, Vietnam. Int J Equity Health. 2015;14:1-7.,3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9.. Sugere-se que os idosos com idades avançadas devido ao envelhecimento fisiológico, tendem a possuir mais multimorbidades que os idosos mais jovens3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9.. Com relação aos mais pobres, dificuldades econômicas continuam a ser um forte preditor de saúde mesmo em idosos. A pobreza parece ser parte de um círculo vicioso: uma renda baixa durante a fase adulta favorece a persistência da pobreza na fase envelhecida, que por sua vez contribui para resultados ruins de saúde3838 Jerliu N, Toçi E, Burazeri G, Ramadani N, Brand H. Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013:1-9..

O fato da alta prevalência da multimorbidade ser influenciada pela não moradia dos idosos com crianças, sugere que o convívio familiar independente de ser com cônjuge, filho ou neto são de suma importância para os cuidados em saúde dos idosos. Além disso, a importância do apoio familiar, através do manejo de doenças crônicas, pode ser um componente importante na redução da probabilidade de desenvolver outras condições crônicas3939 Agborsangaya CB, Lau D, Lahtinen M, Cooke T, Johnson JA. Multimorbidity prevalence and pat-terns across socioeconomic determinants: a cross-sectional survey. BMC Public Health. 2012;12:1-8..

Nesta revisão, foi verificado que a prevalência de multimorbidade em idosos varia de 30,7% a 57,0%. Essa ampla variação, pode ter ocorrido devido ao estudo de faixas etárias distintas avaliadas nos idosos, assim como pela variação de doenças crônicas estudadas nos diferentes trabalhos. Diante dos resultados encontrados, percebe-se que a multimorbidade é uma condição bastante comum em idosos. Sendo assim, para enfrentar os desafios com relação aos cuidados em saúde que o envelhecimento traz à sociedade, faz-se necessário revisar a organização dos serviços de saúde. Mais esforços devem ser direcionados para educar os profissionais de saúde a fim de priorizarem os cuidados primários em saúde com foco na prevenção de doenças crônicas. Além disso, uma atenção maior deve ser dada aos idosos mais envelhecidos, do sexo feminino e àqueles residentes em áreas rurais para os cuidados em saúde relacionados à multimorbidade.

Por fim, levando-se em consideração um baixo número de estudos que possuem a multimorbidade como variável dependente e a avaliação de seus fatores associados, além de divergências com relação a influência de variáveis socioeconômicas, fazem-se necessários estudos de abrangência populacional maior que avaliem os fatores associados à multimorbidade em idosos com o objetivo de confirmar os resultados encontrados nesta revisão.

CONCLUSÃO

Como conclusão, os resultados indicam que a multimorbidade em idosos é uma condição bastante comum e que ela tem sido influenciada por fatores socioeconômicos, demográficos, estilo de vida e estrutura familiar. A influência do status econômico em que os idosos estão inseridos ainda não é consenso na literatura.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    27 Ago 2018
  • Aceito
    01 Abr 2019
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