Acessibilidade / Reportar erro

O papel do engajamento cultural para idosos: uma revisão integrativa da literatura

Resumo

Objetivo:

Compreender o papel do engajamento cultural na vida dos idosos.

Método:

Foi feita revisão integrativa da literatura, considerando publicações do período de 2014 a 2019, nos idiomas inglês, português e espanhol. Foram utilizadas como fontes de informação: Scopus, Web of Science, MEDLINE/PubMed, CINAHL, PsycNET®, LILACS, SciELO Citation Index e Science Direct. Para a busca, utilizaram-se os descritores “idosos” e os termos de busca “engajamento cultural” nos três idiomas, utilizando os operadores booleanos “AND” ou “OR”. Foram identificados 12 artigos que atenderam aos critérios de seleção. Os artigos foram categorizados quanto ao tema. Nenhum estudo brasileiro foi encontrado.

Resultados:

O panorama apresentou que os idosos se interessavam mais por atividades culturais receptivas, tais como ir a museus, exposições e teatro, pois essas atividades os enriqueciam e lhes agregavam maior valor social. O engajamento cultural esteve associado à redução da incidência de doenças neuropsiquiátricas (demência e depressão) e de episódios de violência. A participação em atividades culturais também se constituiu como fator protetor para as habilidades cognitivas e para redução de dor crônica. Ainda há evidências que associam o engajamento cultural à melhor percepção da qualidade de vida, bem-estar, felicidade e afeto positivo, assim como redução do afeto negativo.

Conclusão:

Engajar-se em atividades culturais é uma forma de compreender e respeitar a diversidade cultural, resgatar as identidades sociais, usufruir e proporcionar experiências de alto valor social, com impactos benéficos na vida dos idosos.

Palavras-chave:
Saúde do Idoso; Cultura; Prevenção de Doenças; Identificação social

Abstract

Objective:

to understand the role of cultural engagement in the lives of older adults.

Method:

an integrative literature review of publications from 2014 and 2019 in English, Portuguese, and Spanish was conducted. The Scopus, Web of Science, MEDLINE/PubMed, CINAHL, PsycNET®, LILACS, SciELO Citation Index and Science Direct databases were used as sources of information. The descriptors “aged” and the related term “cultural engagement” in the three idioms were used in the search, together with the Boolean operators “AND” or “ OR”. A total of 12 articles that met the inclusion criteria were found. These were categorized based on the theme. No Brazilian studies were found.

Results:

the panorama found revealed that older adults are more interested in receptive cultural activities, such as going to museums, exhibitions and the theater, as these enrich and add greater social value to their lives. Cultural engagement was associated with a reduction in the incidence of neuropsychiatric disorders (dementia and depression), as well as reducing the incidence of episodes of violence. Participation in cultural activities also constituted a protective factor for cognitive abilities and for the reduction of chronic pain. There is also evidence that associates cultural engagement with a better perception of quality of life and greater well-being, happiness and positive affect, as well as the reduction of negative affect.

Conclusion:

engaging in cultural activities is a way of understanding and respecting cultural diversity, salvaging social identities, and enjoying and providing experiences of great social value, with beneficial impacts in the lives of older adults.

Keywords:
Health of the Elderly; Culture; Disease Prevention; Social Identification

INTRODUÇÃO

A participação em atividades que fazem parte do nosso cotidiano advém de escolhas individuais, embebidas de valores, crenças e experiências que, por sua vez, são reflexos - conscientes ou não - de influências de um grupo social. Participar dessas diferentes atividades é uma forma de expressar a identidade social, assim como a identidade social influencia no seu engajamento11 Polatajko HL, Molke D, Baptiste S, Doble S, Santha JC, Kirsh B, et al. Occupational science: imperatives for occupational therapy. In: Townsend EA, Polatajko HL. Enabling occupation II: advancing an Occupational Therapy vision for health, well-being, and justice through occupation. 2th ed. Toronto: CAOT; 2013. p. 63-82..

Nas escolhas das atividades, o contexto cultural pode ser um dos aspectos utilizados para compreender como as pessoas compartilham, criam e atribuem significados à cada atividade desenvolvida22 Padilla R. Cultural diversity of aging population. In: Padilla R, Byers-Connon S, Lohman HL. Occupational Therapy with elders: strategies for de COTA. 3ª ed. Atlanta: Elsevier; 2012. p.121-34.. No entanto, o repertório de atividades selecionado pelas pessoas pode se alterar ao longo da vida, seja por necessidade, preferência, capacidade, oportunidade ou por modificações na própria cultura33 Meriano C, Latella D. Introduction. In: Meriano C, Latella D. Occupational Therapy Interventions: functions and occupations. Thorofare: SLACK Incorporated; 2007. p.1-34..

Diversos pesquisadores têm se preocupado em compreender o envolvimento e participação de um grupo social em atividades de cunho cultural, ao investigar o engajamento e o acesso aos diferentes dispositivos, tais como museus, teatros ou monumentos, assim como a manutenção das tradições culturais que são repassadas entre as gerações44 Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7.

5 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9.

6 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.
-77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.. No entanto, ao pensar na faixa etária mais avançada, surge a questão norteadora desta pesquisa: Como se dá o engajamento dos idosos aos equipamentos culturais? A participação em atividades culturais produz quais efeitos na vida desses idosos? Neste panorama, o objetivo do artigo foi compreender o papel do engajamento cultural na velhice.

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. O corpus do estudo foi formado pelas produções científicas que evidenciam os efeitos do engajamento cultural em idosos. O recorte temporal adotado foi de cinco anos (2014 a 2019). As buscas foram realizadas em março de 2019.

As fontes de informação selecionadas foram: Scopus, Web of Science, MEDLINE/PubMed, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), PsycNET® , Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library on Line (SciELO) Citation Index e Science Direct.

Na seleção dos artigos, independentemente do livre acesso às publicações, considerou como critérios de inclusão: os artigos que abordassem o tema e estivessem nos idiomas português, inglês ou espanhol. Descartaram-se as revisões de literatura, resumos de congressos, anais e editoriais.

Para definição dos termos de busca, foi realizada consulta aos Descritores em Ciências da Saúde. Elegeu-se o descritor “idoso” e seus correlatos que foi combinado com o termo de busca “engajamento cultural” e suas respectivas expressões em inglês e espanhol. Utilizaram-se os operadores booleanos “AND” e “OR” para combinação. As estratégias construídas com os termos de busca e seus resultados são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1
Estratégias de busca e resultados das produções identificadas. Rio de Janeiro, RJ, 2019.

Foram encontrados 139 artigos. As produções identificadas na busca bibliográfica das bases de dados foram exportadas para as planilhas do Microsoft Excel ® para o armazenamento e organização, iniciando o processo de seleção do corpus da pesquisa. As etapas de identificação, rastreamento, elegibilidade e justificativas para as exclusões são apresentadas na Figura 1. Neste fluxo, 12 artigos atenderam a todo processo de seleção e compõem a amostra final desta pesquisa.

Figura 1
Fluxo do processo de seleção. Rio de Janeiro, RJ, 2019.

Para análise e sistematização dos dados obtidos, foi construído um formulário para organização dos resultados. Para a seleção das categorias de análise foi realizada inicialmente leitura flutuante do material para a familiarização com os conteúdos de cada estudo88 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo88 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011. para o processo de categorização temática e posterior análise descritiva. Em confronto com o marco teórico, os artigos foram desdobrados considerando os objetivos, desenhos metodológicos, desfechos e limitações de cada pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa é constituída por 12 artigos que estão caracterizados no Quadro 2.

Quadro 2
Caracterização dos artigos em relação aos autores e ano da publicação, região em que ocorreram os estudos, objetivos das pesquisas, desenhos metodológicos, desfechos e limitações dos estudos. Rio de Janeiro, RJ, 2019.

Para caracterizar o corpus da pesquisa, verificou-se ausência de estudos referentes à população brasileira, bem como latino-americana. A maioria das produções era recente (2018; n=5) e advinda do Reino Unido (n=6). Todos os estudos considerados foram publicados no idioma inglês.

Para análise da relação das palavras-chave utilizadas nas publicações revisadas, foi construído um infográfico para a compreensão dos termos e suas associações (figura 2).

Figura 2
Infográfico de termos utilizados nos artigos.

Nessa representação, o tamanho do círculo é diretamente proporcional à frequência e importância dos itens analisados. Os círculos se agrupam por assuntos e são representados por cores diferentes1717 Eck NJV, Waltman L. VOSviewer Manual. Amsterdam: Universiteit Leiden; 2013.. Assim, são observados clusters, em que se destacam as palavras-chave: engajamento cultural (cultural engagement), idosos (older adults, aging e older age), saúde (health) e prevenção (prevention). As conexões demonstraram que as pesquisas foram conduzidas para estabelecer as relações entre a cultura e a promoção de saúde/prevenção de doenças.

Na análise dos objetivos e desenhos metodológicos, verificou-se que as publicações eram conduzidas exclusivamente com a população idosa (n=5) ou grupos de adultos e idosos (n=7). Neste caso, cinco estudos incluíram pessoas com idade acima de 45 anos55 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9.

6 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.
-77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.,1212 Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76.,1515 Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3. e dois consideraram pessoas mais jovens44 Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7.,1010 Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6.. Nos artigos com participantes adultos e idosos, a idade não interferiu nos resultados alcançados.

No que tange às metas dos estudos, os autores tinham interesse em investigar quais eram os equipamentos culturais escolhidos pelos idosos66 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.,1010 Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6. investigar as percepções das pessoas ao participar das atividades culturais9,11-14, 16 ou investigar as relações entre o engajamento cultural e as funções do corpo55 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9.

6 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.
-77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.,1515 Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3. ou alterações.

Na análise dos objetivos e desfechos, verificou-se que os estudos de Lai1010 Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6. e Goulding1616 Goulding A. The role of cultural engagement in older people's lives. Cult Sociol. 2018;12(4):518-39. buscaram compreender quais eram os equipamentos culturais mais procurados por pessoas em envelhecimento.

Para as pessoas que faziam uso recorrente de internet ou aplicativos, os museus e galerias de arte eram os locais mais procurados, seguidos de festivais de música, locais históricos, parques ou monumentos1010 Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6.. O autor sugere que a tecnologia é um aliado recurso para o engajamento cultural, pois ela estimula maior interesse para conhecer os locais existentes e proporciona o aumento de vivências socioculturais1010 Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6.. No estudo de Goulding1616 Goulding A. The role of cultural engagement in older people's lives. Cult Sociol. 2018;12(4):518-39., a participação em aulas de história da arte e literatura, em coral, grupos de leitura e ir a museus apareceram, nessa ordem, como as escolhas dos idosos para agregar maior valor social às suas vivências, nessa fase da vida.

Nos demais estudos em que os equipamentos culturais eram os espaços potentes para alcançar os objetivos de cada estudo, o museu foi o local mais utilizado.

Posteriormente, foram analisados os estudos destinados a compreender a percepção do engajamento cultural na vida das pessoas em envelhecimento, representados pelas pesquisas de Dyall et al.99 Dyall L, Kepa M, The R, Mules R, Moyes SA, Wham C, et al. Cultural and social factors and quality of life of Maori in advanced age. Te puawaitanga o nga tapuwae kia ora tonu - Life and living in advanced age: a cohort study in New Zealand (LiLACS NZ). N Z Med J. 2014;127(1393):62-79., Thomson e Chatterjee1111 Thomson LJM, Chatterjee HJ. Well-being with objects: evaluating a museum object-handling intervention for older adults in health care settings. J Appl Gerontol. 2014;24(1):1-14., Ejechi1212 Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76., Rapacciuolo et al.13 , Annear et al.1414 Annear MJ, Otani J, Sun J. Experiences of Japanese aged care: the pursuit of optimal health and cultural engagement. Age Ageing. 2016;45(6):753-6. e Goulding1616 Goulding A. The role of cultural engagement in older people's lives. Cult Sociol. 2018;12(4):518-39..

No estudo de Dyall et al.99 Dyall L, Kepa M, The R, Mules R, Moyes SA, Wham C, et al. Cultural and social factors and quality of life of Maori in advanced age. Te puawaitanga o nga tapuwae kia ora tonu - Life and living in advanced age: a cohort study in New Zealand (LiLACS NZ). N Z Med J. 2014;127(1393):62-79., Ejechi1212 Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76. e Annear et al.1414 Annear MJ, Otani J, Sun J. Experiences of Japanese aged care: the pursuit of optimal health and cultural engagement. Age Ageing. 2016;45(6):753-6., foram investigadas as percepções dos idosos ao manter suas tradições culturais. A maior frequência de contatos dos indígenas (que moravam nas cidades) com suas tribos e com sua linguagem de origem estavam associados à melhor percepção de qualidade de vida e bem-estar99 Dyall L, Kepa M, The R, Mules R, Moyes SA, Wham C, et al. Cultural and social factors and quality of life of Maori in advanced age. Te puawaitanga o nga tapuwae kia ora tonu - Life and living in advanced age: a cohort study in New Zealand (LiLACS NZ). N Z Med J. 2014;127(1393):62-79..

Já no estudo de Ejechi1212 Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76., os professores nigerianos relataram que se mantinham engajados em suas tradições culturais, uma vez que realizar os ritos de casamento, de funerário, participar de cerimônia para nomes de recém-nascidos e adoração a deuses representavam possuir um envelhecimento bem-sucedido.

A manutenção com a cultura e tradição japonesa também foi a estratégia adotada por três instituições de longa permanência para idosos, com a intenção de oferecer ganhos potenciais em qualidade de vida e saúde aos idosos institucionalizados1414 Annear MJ, Otani J, Sun J. Experiences of Japanese aged care: the pursuit of optimal health and cultural engagement. Age Ageing. 2016;45(6):753-6.. O uso de flores típicas do Japão, festivais tradicionais e comidas típicas eram as estratégias utilizadas para conectar os residentes idosos com o mundo exterior e sua cultura herdada1414 Annear MJ, Otani J, Sun J. Experiences of Japanese aged care: the pursuit of optimal health and cultural engagement. Age Ageing. 2016;45(6):753-6..

Nos demais estudos que buscaram compreender a relação da cultura com as percepções dos participantes da pesquisa, destaca-se o estudo de Rappaciuolo et al.1313 Rapacciuolo A, Filardi PP, Cuomo R, Mauriello V, Quarto M, Kisslinger A, et al. The impact of social and cultural engagement and dieting on well-being and resilience in a group of residents in the metropolitan area of Naples. J Aging Res. 2016;1(1):1-11., que investigou a participação cultural de residentes de uma cidade em crise econômica: Nápoles. No ano da pesquisa (2014), era crescente o número de desempregos e eram reduzidas as oportunidades de vivências socioculturais. Ficou constatado que os homens possuíam maiores oportunidades de participação cultural e social e apresentavam melhor percepção de bem-estar e resiliência, se comparadas às mulheres da pesquisa1313 Rapacciuolo A, Filardi PP, Cuomo R, Mauriello V, Quarto M, Kisslinger A, et al. The impact of social and cultural engagement and dieting on well-being and resilience in a group of residents in the metropolitan area of Naples. J Aging Res. 2016;1(1):1-11..

Por sua vez, as experiências táteis com acervos de museus foi a estratégia adotada para proporcionar vivências culturais em idosos que - por motivos de saúde ou idade - estavam com restrições para frequentar os estabelecimentos culturais1111 Thomson LJM, Chatterjee HJ. Well-being with objects: evaluating a museum object-handling intervention for older adults in health care settings. J Appl Gerontol. 2014;24(1):1-14.. A exploração tátil esteve associada a um aumento de afeto positivo, bem-estar e felicidade, além de diminuição do afeto negativo. Não houve diferença antes e pós-intervenção para afeto positivo e bem-estar nos participantes da enfermaria psiquiátrica1111 Thomson LJM, Chatterjee HJ. Well-being with objects: evaluating a museum object-handling intervention for older adults in health care settings. J Appl Gerontol. 2014;24(1):1-14.. Aqueles sem experiência prévia de visitas a museus demonstraram curiosidades sobre o acervo, mas se restringiram a ler as fichas técnicas, sem envolverem-se na exploração tátil1111 Thomson LJM, Chatterjee HJ. Well-being with objects: evaluating a museum object-handling intervention for older adults in health care settings. J Appl Gerontol. 2014;24(1):1-14..

Ao analisar a relação entre engajamento cultural e as doenças/funções do corpo, as produções científicas demonstraram que a participação em atividades culturais foi associada a menor declínio nas funções cognitivas66 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91., na dor crônica77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34., na incidência de demência1515 Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3. e depressão55 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9., assim como menor recorrência de episódios de violência44 Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7.. Esses estudos afirmaram que a frequência do engajamento era diretamente relacionada ao aumento dos benefícios44 Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7.

5 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9.

6 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.
-77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.,1515 Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3..

No estudo de Fancourt e Steptoe66 Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91. havia uma relação direta entre a quantidade de idas a museus, galerias de arte e/ou shows ao menor declínio cognitivo, principalmente nas funções de memória e fluência semântica. No entanto, a prática de ir ao cinema não apresentou associação entre a frequência e proteção para a cognição. De forma similar, ir a concertos, teatro/ópera não tinha relação positiva com a fluência semântica, que pode ser decorrente do interesse tardio por essas modalidades culturais.

A manutenção das habilidades cognitivas durante visitas a museus também estava associada à menor taxa de incidência de demência, registrado em uma coorte ao longo de 10 anos1515 Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3.. Este estudo ainda reforça que o engajamento cultural foi associado ao menor isolamento social. De forma semelhante, as interações sociais proporcionadas pelo engajamento em ir ao cinema, museus, galerias ou ao teatro e assistir concerto/ópera também se configuraram como uma variável que reduziu a taxa de incidência de depressão55 Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9..

O engajamento nesses equipamentos culturais, de forma similar, aparece como fator protetivo para os relatos de dor crônica77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.. Os autores acreditam que a redução de dor, em aproximadamente 25%, se deu porque as atividades culturais promoviam respostas de afeto positivo e interação social, além de ser uma atividade física de baixa resistência77 Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34..

Por sua vez, no estudo feito com indígenas sob custódia foram trabalhadas as questões de sua cultura e passado tribal. Naqueles com forte identidade cultural, houve alterações comportamentais dentro da penitenciária, representados por redução dos episódios de violência44 Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7..

Ao analisar as limitações dos estudos revisados, os desenhos metodológicos caracterizam-se como o fator mais limitante.

DISCUSSÃO

Esta revisão integrativa da literatura desvela, pelo número reduzido de produções científicas encontradas, um tema ainda pouco explorado. Apesar de ter sido crescente no decorrer dos anos, a maioria dos estudos advém da mesma região (Reino Unido) e de um mesmo grupo de pesquisadores. Restringir as pesquisas a um território pode não refletir o real papel do engajamento cultural na velhice, pois não são consideradas as diferentes populações, as variações entre etnias, as oportunidades e a disponibilidade de recursos de cada região e suas culturas33 Meriano C, Latella D. Introduction. In: Meriano C, Latella D. Occupational Therapy Interventions: functions and occupations. Thorofare: SLACK Incorporated; 2007. p.1-34..

Apesar da participação cultural se apresentar como benéfica para a vida dos idosos, coletar os dados de forma transversal (maioria dos desenhos metodológicos) não permitem alegações de causalidade, pois esse método se restringe a informar sobre um panorama (“fotografia”) do objeto que está sendo estudado, identificando os fatores relacionados ao problema da pesquisa. Por não ter um acompanhamento sequencial (temporal) sobre o fenômeno estudado, sujeitam-se a viés por fatores extrínsecos1818 Hochman B, Nahas FX, Oliveira Filho RS, Ferreira LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cir Bras. 2005;20(2):2-9.. Contudo, esses desenhos de pesquisas transversais contribuem para elaboração de estudos experimentais que poderão controlar as variáveis capazes de interferir nos desfechos e, assim, acompanhar os resultados longitudinalmente ou propor follow-up para identificar a perpetuação dos benefícios apresentados.

Os estudos revisados apontam que, apesar da diversidade de equipamentos culturais frequentados ou das tradições identificadas nesta revisão, o museu apareceu como o espaço mais procurado pelos idosos ou como o local mais utilizado para a coleta de dados das investigações. Isso ocorre, pois os museus representam as instituições que tradicionalmente são usadas para documentar, preservar e expor o patrimônio cultural, material ou imaterial1919 International Council of Museums Brasil. Museus [Internet]. [acesso em 20 maio 2019]. São Paulo: ICOM; 2018. Disponível em: http://www.icom.org.br/?p=1750. No entanto, os artigos apontam para outros dispositivos potentes para futuras pesquisas sobre divulgações e vivências culturais, em que se destacam as bibliotecas, teatros, cinemas e monumentos.

No panorama geral, os pesquisadores estavam interessados em investigar as relações entre a participação em atividades culturais e melhorias na saúde e bem-estar2020 Renton A. Think of your art-eries: Arts participation, behavioural, cardiovascular risk factors and mental well-being in deprived communities in London. Public Health. 2012;126(1):57-64.

21 Chatterjee HJ, Camic PM. The health and well-being potential of museums and art galleries. Arts Health. 2015;7(3):183-6.

22 Weziak-Bialowolska D. Attendance of cultural events and involvement with the arts impact evaluation on health and well-being from a Swiss household panel survey. Public Health. 2016;139:161-9.
-2323 Camic PM, Chatterjee HJ. Museums and art galleries as partners for public health interventions. Perspect Public Health. 2013;133(1):66-71.. Em consonância com os artigos revisados, a manutenção das tradições culturais herdadas entre as gerações tem proporcionado experiências de afetos positivos, melhor convivência social e fortalecimento dos laços interpessoais1212 Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76..

À semelhança, a participação nos diferentes equipamentos culturais aumentou a autoestima e as emoções positivas, assim como reduziu o isolamento social, ansiedade e agitação2121 Chatterjee HJ, Camic PM. The health and well-being potential of museums and art galleries. Arts Health. 2015;7(3):183-6. e possibilitou a construção de resiliência2424 Gordon-Nesbitt R, Howarth A. The arts and the social determinants of health: findings from an inquiry conducted by the United Kingdom all-party parliamentary group on arts, health and wellbeing. Arts Health. 2019;24:1-22.. Devido a esses benefícios, pesquisadores destacaram a importância do desenvolvimento de estudos nos patrimônios culturais para a criação de programas de saúde, assim como elaboração de políticas públicas2121 Chatterjee HJ, Camic PM. The health and well-being potential of museums and art galleries. Arts Health. 2015;7(3):183-6.,2323 Camic PM, Chatterjee HJ. Museums and art galleries as partners for public health interventions. Perspect Public Health. 2013;133(1):66-71..

Por sua vez, ao considerar os idosos institucionalizados, estudos destacam que nessa modalidade assistencial há relatos de maior isolamento social, perda de identidade e redução dos laços afetivos2525 Camacho ACLF, Abreu LTA, Leite BS, Mata ACO, Marinho TF, Valente GSC. Revisão integrativa sobre cuidados de enfermagem à pessoa com doença de Alzheimer e seus cuidadores. J Res Fundamental Care. 2013;5(3):186-93.,2626 Struckmeyer LR, Pickens ND. Home modifications for people with Alzheimer's disease: a scoping review. Am J Occup Ther. 2016;70(1):7001270020 [9 p.].. Assim, os estudos aqui apresentados, realizados em instituições de longa permanência parecem se preocupar com a saúde e qualidade de vida dos seus residentes ao manter as tradições culturais.

De forma complementar, pesquisas corroboram com esta revisão integrativa ao reafirmar os benefícios da participação cultural nas funções do corpo. Há relações positivas entre engajamento cultural e proteção para declínios cognitivos, ao manter preservadas, por um tempo mais prolongado, as funções mentais2727 Graves AB, Rajaram L, Bowen JD, McCormick WC, McCurry SM, Larson EB. Cognitive decline and Japanese culture in a cohort of older Japanese Americans in King County, WA: the Kame Project. J Gerontol Ser B Psychol Sci Soc Sci. 1999;54(3):154-61.. No entanto, em idosos com demência, as vivências em museus não apresentaram benefícios sobre as funções cognitivas, mas seus efeitos foram positivos para regulação do humor e promoção das interações sociais2828 Belver MH, Ullán AM, Avila N, Moreno C, Hernández C. Art museums as a source of well-being for people with dementia: an experience in the Prado Museum. Arts Health. 2018;10(3):213-26..

Ademais, a redução da taxa de depressão também foi encontrada em idosos que exploravam, de forma tátil, os acervos de museus2929 Solway R, Thompson L, Camic PM, Chatterjee HJ. Museum object handling groups in older adult mental health inpatient care. Int J Ment Health Promot. 2015;17(4):201-14., assim como nos adultos e idosos que participavam de concertos, teatros e cinemas3030 Cuypers K, Krokstad S, Holmen TL, Skjei Knudtsen M, Bygren LO, Holmen J. Patterns of receptive and creative cultural activities and their association with perceived health, anxiety, depression and satisfaction with life among adults: the HUNT study, Norway. J Epidemiol Community Health. 2011;66(8):698-703. e, na pesquisa que investigou idosos participantes de corais da comunidade3131 Coulton S, Clift S, Skingley A, Rodriguez J. Effectiveness and cost-effectiveness of community singing on mental health-related quality of life of older people: randomised controlled trial. Br J Psychiatr. 2015;207(3):250-5..

A literatura também aponta para benefícios da cultura no comportamento e na percepção da dor. A forte identidade cultural com outros prisioneiros indígenas, associaram a violência à pobre percepção de bem-estar social e emocional que, por sua vez, possuíam associações com os aspectos culturais, espirituais, físicos e/ou sociais3232 Trofimovs J, Dowse L. Mental health at the intersections: the impact of complex needs on police contact and custody for Indigenous Australian men. Int. J. Law Psychiatry. 2014;37(1):390-8.,3333 Shepherd SM, Ogloff JRP, Shea D, Pfeifer JE, Paradies Y. Aboriginal prisoners and cognitive impairment: the impact of dual disadvantage on Social and Emotional Wellbeing. J Intellect Disabil Res. 2017;61(4):385-97.. À semelhança, pesquisadores reafirmam relação inversa entre engajamento sociocultural e dor, em que o afeto positivo foi considerado o “analgésico” na vida das pessoas com dores crônicas3434 Owaria Y, Miyatake N. Relationship between chronic low back pain, social participation, and psychological distress in elderly people: a pilot mediation analysis. Acta Med Okayama. 2018;72(4):337-42.,3535 Finan PH, Garland EL. The role of positive affect in pain and its treatment. Clin J Pain. 2015;31(2):177-87..

Alguns temas relacionados ao direito universal de vivenciar experiências culturais não foram debatidos nesta revisão integrativa, mas podem servir como recomendações para pesquisas futuras. Não foram encontrados artigos que buscassem identificar as barreiras ambientais e sociais impostas a esses idosos durante a participação em atividades culturais. Ademais, não participaram dos estudos os idosos com deficiências, seja física, mental e/ou sensorial. As políticas de inclusão para as pessoas com deficiência - e aqui, em específico as políticas de inclusão na cultura - são regulamentadas para contribuir para o exercício pleno da cidadania3636 Brasil. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet]. 2000. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEI...
,3737 Brasil. Decreto n 9.522, de 08 de outubro de 2018. Promulga o Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso, firmado em Marraqueche, em 27 de junho de 2013. Diário Oficial da União [Internet]. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At...
. No entanto, estudos sugerem que as pessoas com deficiência ainda têm experimentado dificuldades no acesso e na participação aos serviços e equipamentos culturais, decorrentes da falta de acessibilidade, de ordem arquitetônica e/ou atitudinal3838 Dorneles PS, Carvalho CRA, Silva ACC, Mefano V. Do direito cultural das pessoas com deficiência. Rev Polit Públicas. 2018;22(1):139-56.. O debate sobre a acessibilidade cultural para o público com necessidades específicas se faz necessário para ampliar o acesso e participação de todos nas atividades culturais.

Em complementariedade, debates entre as condições socioeconômicas3838 Dorneles PS, Carvalho CRA, Silva ACC, Mefano V. Do direito cultural das pessoas com deficiência. Rev Polit Públicas. 2018;22(1):139-56. e/ou experiência educacional1616 Goulding A. The role of cultural engagement in older people's lives. Cult Sociol. 2018;12(4):518-39. e suas relações com o acesso e engajamento cultural, também devem ser melhor discutidos nas produções científicas futuras. Na cultura, oferecer oportunidades de participação cultural para pessoas idosas - com diferentes rendas e níveis educacionais - de forma respeitosa, sem barreiras físicas, de comunicação, informação e de atitude, é uma forma de assumir o compromisso com a democratização da cultura3939 Molenzani AO, Rocha JN. Acessibilidade nos museus e centros de ciências da cidade de São Paulo. Rev EDICC. 2017;3(3):3-14.. Ademais, estudos sobre estratégias para divulgar os direitos culturais, contribuem para uma melhor conscientização sobre os direitos sociais da pessoa idosa.

CONCLUSÃO

Engajar-se em atividades culturais é uma forma de compreender e respeitar a diversidade cultural, resgatar as identidades sociais, usufruir e proporcionar experiências de alto valor social, com impactos benéficos na vida das pessoas idosas.

Na revisão integrativa, verificou-se que os idosos se interessavam mais por atividades culturais receptivas (museus, galerias e teatro). O engajamento cultural esteve associado à proteção das habilidades cognitivas ou redução da incidência de doenças neuropsiquiátricas, de dor crônica e de comportamentos inadequados. À semelhança, a cultura esteve associada à melhor percepção para qualidade de vida, bem-estar, felicidade e afeto positivo.

Ao considerar as questões do envelhecimento na agenda das políticas públicas, verifica-se que esse tema ainda está relacionado à dependência, inatividade, fragilidade e doenças, aspectos esses que são também os mais recorrentes nos estudos e pesquisas na área. Desta forma, o presente estudo - em consonância com as conferências mundiais, que vêm reforçando a necessidade de ampliação das pesquisas em gerontologia - buscou contribuir com outro enfoque, visando às diferentes necessidades das pessoas idosas. Ressalta-se que os estudos de revisão, tais como este, constituem um momento inicial para identificar demandas e lacunas em um determinado tema e deles emergem novas possibilidades de investigação.

REFERENCES

  • 1
    Polatajko HL, Molke D, Baptiste S, Doble S, Santha JC, Kirsh B, et al. Occupational science: imperatives for occupational therapy. In: Townsend EA, Polatajko HL. Enabling occupation II: advancing an Occupational Therapy vision for health, well-being, and justice through occupation. 2th ed. Toronto: CAOT; 2013. p. 63-82.
  • 2
    Padilla R. Cultural diversity of aging population. In: Padilla R, Byers-Connon S, Lohman HL. Occupational Therapy with elders: strategies for de COTA. 3ª ed. Atlanta: Elsevier; 2012. p.121-34.
  • 3
    Meriano C, Latella D. Introduction. In: Meriano C, Latella D. Occupational Therapy Interventions: functions and occupations. Thorofare: SLACK Incorporated; 2007. p.1-34.
  • 4
    Shepherd SM, Delgado RH, Sherwood J, Paradie Y. The impact of indigenous cultural identity and cultural engagement on violent offending. BMC Public Health. 2018;18(1):50-7.
  • 5
    Fancourt D, Tymoszuk U. Cultural engagement and incident depression in older adults: evidence from the English Longitudinal Study of Ageing. Br J Psychiatr. 2019;214(4):225-9.
  • 6
    Fancourt D, Steptoe A. Physical and psychosocial factors in the prevention of chronic pain in older age. J Pain. 2018;18(1):1385-91.
  • 7
    Fancourt D, Steptoe A. Cultural engagement predicts changes in cognitive function in older adults over a 10 year period: findings from the English Longitudinal Study of Ageing. Nature. 2018;8(1):10226-34.
  • 8
    Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
  • 9
    Dyall L, Kepa M, The R, Mules R, Moyes SA, Wham C, et al. Cultural and social factors and quality of life of Maori in advanced age. Te puawaitanga o nga tapuwae kia ora tonu - Life and living in advanced age: a cohort study in New Zealand (LiLACS NZ). N Z Med J. 2014;127(1393):62-79.
  • 10
    Lai CH. An integrated approach to untangling mediated connectedness with online and mobile media. Comput Human Behav. 2014;31(1):20-6.
  • 11
    Thomson LJM, Chatterjee HJ. Well-being with objects: evaluating a museum object-handling intervention for older adults in health care settings. J Appl Gerontol. 2014;24(1):1-14.
  • 12
    Ejechi EO. Social activities of retired Nigerian academics: the applicability of the continuity theory. Act Adapt Aging. 2015;39(1):64-76.
  • 13
    Rapacciuolo A, Filardi PP, Cuomo R, Mauriello V, Quarto M, Kisslinger A, et al. The impact of social and cultural engagement and dieting on well-being and resilience in a group of residents in the metropolitan area of Naples. J Aging Res. 2016;1(1):1-11.
  • 14
    Annear MJ, Otani J, Sun J. Experiences of Japanese aged care: the pursuit of optimal health and cultural engagement. Age Ageing. 2016;45(6):753-6.
  • 15
    Fancourt D, Steptoe A, Cadar D. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period. Br J Psychiatr. 2018;213(5):661-3.
  • 16
    Goulding A. The role of cultural engagement in older people's lives. Cult Sociol. 2018;12(4):518-39.
  • 17
    Eck NJV, Waltman L. VOSviewer Manual. Amsterdam: Universiteit Leiden; 2013.
  • 18
    Hochman B, Nahas FX, Oliveira Filho RS, Ferreira LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cir Bras. 2005;20(2):2-9.
  • 19
    International Council of Museums Brasil. Museus [Internet]. [acesso em 20 maio 2019]. São Paulo: ICOM; 2018. Disponível em: http://www.icom.org.br/?p=1750
  • 20
    Renton A. Think of your art-eries: Arts participation, behavioural, cardiovascular risk factors and mental well-being in deprived communities in London. Public Health. 2012;126(1):57-64.
  • 21
    Chatterjee HJ, Camic PM. The health and well-being potential of museums and art galleries. Arts Health. 2015;7(3):183-6.
  • 22
    Weziak-Bialowolska D. Attendance of cultural events and involvement with the arts impact evaluation on health and well-being from a Swiss household panel survey. Public Health. 2016;139:161-9.
  • 23
    Camic PM, Chatterjee HJ. Museums and art galleries as partners for public health interventions. Perspect Public Health. 2013;133(1):66-71.
  • 24
    Gordon-Nesbitt R, Howarth A. The arts and the social determinants of health: findings from an inquiry conducted by the United Kingdom all-party parliamentary group on arts, health and wellbeing. Arts Health. 2019;24:1-22.
  • 25
    Camacho ACLF, Abreu LTA, Leite BS, Mata ACO, Marinho TF, Valente GSC. Revisão integrativa sobre cuidados de enfermagem à pessoa com doença de Alzheimer e seus cuidadores. J Res Fundamental Care. 2013;5(3):186-93.
  • 26
    Struckmeyer LR, Pickens ND. Home modifications for people with Alzheimer's disease: a scoping review. Am J Occup Ther. 2016;70(1):7001270020 [9 p.].
  • 27
    Graves AB, Rajaram L, Bowen JD, McCormick WC, McCurry SM, Larson EB. Cognitive decline and Japanese culture in a cohort of older Japanese Americans in King County, WA: the Kame Project. J Gerontol Ser B Psychol Sci Soc Sci. 1999;54(3):154-61.
  • 28
    Belver MH, Ullán AM, Avila N, Moreno C, Hernández C. Art museums as a source of well-being for people with dementia: an experience in the Prado Museum. Arts Health. 2018;10(3):213-26.
  • 29
    Solway R, Thompson L, Camic PM, Chatterjee HJ. Museum object handling groups in older adult mental health inpatient care. Int J Ment Health Promot. 2015;17(4):201-14.
  • 30
    Cuypers K, Krokstad S, Holmen TL, Skjei Knudtsen M, Bygren LO, Holmen J. Patterns of receptive and creative cultural activities and their association with perceived health, anxiety, depression and satisfaction with life among adults: the HUNT study, Norway. J Epidemiol Community Health. 2011;66(8):698-703.
  • 31
    Coulton S, Clift S, Skingley A, Rodriguez J. Effectiveness and cost-effectiveness of community singing on mental health-related quality of life of older people: randomised controlled trial. Br J Psychiatr. 2015;207(3):250-5.
  • 32
    Trofimovs J, Dowse L. Mental health at the intersections: the impact of complex needs on police contact and custody for Indigenous Australian men. Int. J. Law Psychiatry. 2014;37(1):390-8.
  • 33
    Shepherd SM, Ogloff JRP, Shea D, Pfeifer JE, Paradies Y. Aboriginal prisoners and cognitive impairment: the impact of dual disadvantage on Social and Emotional Wellbeing. J Intellect Disabil Res. 2017;61(4):385-97.
  • 34
    Owaria Y, Miyatake N. Relationship between chronic low back pain, social participation, and psychological distress in elderly people: a pilot mediation analysis. Acta Med Okayama. 2018;72(4):337-42.
  • 35
    Finan PH, Garland EL. The role of positive affect in pain and its treatment. Clin J Pain. 2015;31(2):177-87.
  • 36
    Brasil. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet]. 2000. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm
  • 37
    Brasil. Decreto n 9.522, de 08 de outubro de 2018. Promulga o Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso, firmado em Marraqueche, em 27 de junho de 2013. Diário Oficial da União [Internet]. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
  • 38
    Dorneles PS, Carvalho CRA, Silva ACC, Mefano V. Do direito cultural das pessoas com deficiência. Rev Polit Públicas. 2018;22(1):139-56.
  • 39
    Molenzani AO, Rocha JN. Acessibilidade nos museus e centros de ciências da cidade de São Paulo. Rev EDICC. 2017;3(3):3-14.
  • Não houve financiamento na execução deste trabalho.

Editado por

Editor:

Tamires Carneiro de Oliveira Mendes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    07 Jul 2019
  • Aceito
    11 Nov 2019
Universidade do Estado do Rio Janeiro Rua São Francisco Xavier, 524 - Bloco F, 20559-900 Rio de Janeiro - RJ Brasil, Tel.: (55 21) 2334-0168 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistabgg@gmail.com