As cidades confrontam-se atualmente com o duplo desafio de se assumirem cada vez mais enquanto polos de atração e aglutinadores de cidadãos e de concentrarem uma população tendencialmente em envelhecimento. Se é certo que várias orientações têm sido definidas no sentido de fomentar um novo olhar para a relação cidades/envelhecimento, não é menos verdade que a visão preconizada, compreensivelmente holística (abarcando temas como inclusão social, comunicação, emprego, habitação e transportes) carece de alguma especificidade e esclarecimento quanto à qualidade do espaço público e aos fatores que condicionam e geram maior mobilidade por parte dos cidadãos (em geral) e das pessoas idosas (em particular). Num contexto em que se salientam as questões de promoção de atratividade dos espaços enquanto mecanismos indutores de desenvolvimento econômico, por um lado, e em que se verifica a emergência de uma nova visão dos cuidados a prestar às pessoas idosas, designadamente ao apostar na sua permanência na comunidade (ageing in place), por outro, a temática em discussão revela-se de importância acrescida para a formulação de políticas públicas. Centrando-se essencialmente no domínio da organização territorial dos serviços e da mobilidade de pedestres, este texto procura contribuir para o debate, sublinhando sua importância, analisando a bibliografia existente e identificando as principais áreas de intervenção a considerar na construção de uma comunidade que proporcione às pessoas idosas condições que permitam otimizar as capacidades individuais e manter uma qualidade de vida saudável.
Envelhecimento; Cidade Saudável; Mobilidade de Pedestres; Políticas Públicas; Qualidade de Vida