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Tendências associadas à natimortalidade em umamaternidadeescola na zona norte de São Paulo: um estudo transversal

Resumo

Objetivo

Avaliar aspectos relacionados à ocorrência da condição de natimortalidade em uma maternidade-escola na zona norte de São Paulo e possíveis tendências associadas aos fatores causais.

Métodos

Estudo observacional, transversal, realizado no Hospital Maternidadeescola Vila Nova Cachoeirinha com 1.139 óbitos fetais (OF) no período de 2003 a 2017. Foram comparados os casos de OF intermediários (OFI) (peso entre 500 e 999 g) e OF tardios (OFT) (≥ 1,000 g). Avaliamos dados clínicos, exames laboratoriais, e estudos do feto e da placenta; estes foram armazenados em planilhas de Windows Excel (Microsoft Corp., Redmond, WA USA0, utilizando-se para avaliação estatística o programa SPSS v.18 (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). Foram ainda estimadas a razão de prevalência (RP) e a razão de chances (RC), com intervalo de confiança de 95% (IC 95%).

Resultados

Ocoeficiente de natimortalidade geral foi de 11,9% e o intra-hospitalar foi de 2,8%. Gestantes com menos de 16 anos de idade apresentaram maior chance de ter OFI (RC 0.32, 0.15-0.76) enquanto que pacientes com mais de 40 anos de idade apresentaram maior chance de OFT (RP 0,85; 0,72-0,99). Não fizeram prenatal 25,7% da população geral, sendo que em 77,1% dos casos, a morte fetal já tinha sido apresentada na internação. Os casos de OFI apresentaram associação estatisticamente significante com parto domiciliar (RC 0,42; 0,23-0,75). A cesárea foi realizada em 16,1% das pacientes, sendo o misoprostol o método mais utilizado para indução. Necropsia foi feita em 94,2% dos fetos, e 97,3% das placentas foram para estudo. As causas associadas não foram identificadas em 22,1% dos casos, sendo que as principais causas identificadas foram infecções do saco amniótico e membranas (27,9%), malformações (12,5%), descolamento prematuro de placenta (11,2%), síndromes hipertensivas (8,5%), e sífilis (3,9%), sendo esta última com uma tendência crescente.

Conclusão

Destacaram-se como fatores associados à natimortalidade: síndromes hipertensivas, corioamnionites, malformações fetais, descolamento placentário e sífilis. Houve tendência de aumento no número de casos de sífilis, o que traduz uma alerta. Limitações diagnósticas justificam as causas indeterminadas.

Palavras-chave:
natimorto; epidemiologia; atenção primária à saúde; cuidado pré-natal; gravidez de alto risco

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