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Acompanhamento da toxoplasmose durante a gravidez: uma década de experiência em um hospital universitário no Sul do Brasil

Resumo

Objetivo

Descrever uma população de pacientes diagnosticadas com toxoplasmose na gestação e seus respectivos recém-nascidos, relatando o protocolo do hospital durante o tratamento e seguimento.

Métodos

Coorte retrospectiva de gestantes com infecção aguda por toxoplasmose e risco de transmissão transplacentária, encaminhadas para acompanhamento pelo Grupo deMedicina Fetal doHospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre 1o de janeiro de 2006 e 31 de dezembro de 2016. Todas as pacientes comdoença confirmada foram incluídas. O protocolo de diagnóstico e tratamento foi aplicado; uma análise da reação em cadeia da polimerase (RCP) no líquido amniótico foi utilizada para diagnosticar a toxoplasmose e determinar o tratamento. Os recém-nascidos foram acompanhados no ambulatório de pediatria especializadoeminfecções congênitas. Pacientes que não foramseguidas ou cujo parto não foi feito no hospital foram excluídas.

Resultados

A toxoplasmose gestacional foi confirmada em 65 pacientes; 40 realizaram amniocentese, e 6 (15%) foram identificadas com RCP positiva no líquido amniótico. Este resultado associado à idade gestacional definiu a terapia tríplice durante a gestação em 5 casos, e a monoterapia em 1 caso (por idade gestacional avançada). Quatro destas crianças foram tratadas desde o nascimento com terapia tríplice por 12 meses, 1 não foi tratada (por recusa materna), e 1 evoluiu com óbito dentro das primeiras 54 horas de vida devido a complicações da toxoplasmose congênita. Dos 34 casos remanescentes com RCP negativa, 33 foram tratados com monoterapia, e 1 foi tratado com terapia tríplice (por achados ultrassonográficos); destes recém-nascidos, 9 (26,5%) tiveram imunoglobulina G (IgG) negativa, 24 (70,6%) tiveram IgG positiva, mas nenhum apresentou imunoglobulina M (IgM) positiva, e 1 (2,9%) apresentou alterações compatíveis comdoença congênita e iniciou a terapia tríplice logo após o nascimento. Entre as 25 pacientes que não fizeram RCP no líquido amniótico, 5 foram tratadas com terapia tríplice (por achados ultrassonográficos/ tratamento prévio) e 20 receberam monoterapia; somente 2 recém-nascidos receberam tratamento para toxoplasmose congênita. Entre os 65 casos de toxoplasmose gestacional, 6 (9,2%) recém-nascidos tiveram o diagnóstico de toxoplasmose congênita. Um total de 2 pacientes submetidas à terapia tríplice apresentaram efeitos adversos severos das medicações utilizadas.

Conclusão

Este estudo sugere que a triagem da RCP para toxoplasmose do líquido amniótico pode ser útil no rastreamento de pacientes com maior potencial para complicações fetais, que podem se beneficiar do tratamento poli antimicrobiano. Pacientes com RCP negativa devem continuar a prevenir a infecção fetal com monoterapia, sem risco de comprometimento fetal ou materno.

Palavras-chave:
toxoplasmose; infecção congênita; infecção fetal; toxoplasmose congênita; farmacodermia

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