Doença inflamatória intestinal e gravidez: Será um marcador de desfechos adversos?

Costa, Rita Vicente; Simões, Carolina; Correia, Luís; Pinto, Luísa

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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia

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Sumário

Original Article • Rev Bras Ginecol Obstet 44 (10) • 2022 • https://doi.org/10.1055/s-0042-1756149 copiar

Doença inflamatória intestinal e gravidez: Será um marcador de desfechos adversos?

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo

Avaliar os desfechos obstétricos/puerperais/neonatais em uma população com doença inflamatória intestinal (DII) e analisar as características da doença, que podem estar associadas a desfechos adversos.

Métodos

Análise descritiva retrospectiva incluindo 47 gestantes com DII (28 com doença de Crohn – DC e 19 com retocolite ulcerativa – RCU) que deram à luz entre março de 2012 e julho de 2018 em um hospital terciário. Revisamos os registros clínicos para extrair informações demográficas, histórico médico prévio, subtipo da doença, atividade, gravidade, tratamento e medidas de resultados obstétricos, puerperais e neonatais.

Resultados

As complicações obstétricas e neonatais (desfechos compostos) ocorreram em 55,3% e 14,6% da população com DII, respectivamente; e foram mais frequentes em pacientes com RCU. Nascimento prematuro (PTB), pré-eclâmpsia, anemia, baixo peso ao nascer (BPN) e óbito neonatal também foram mais frequentes em pacientes com RCU. A taxa de hemorragia pós-parto (HPP) foi de 14,9% e foi maior em pacientes com DC. Mulheres com DII ativa tiveram mais desfechos obstétricos/neonatais adversos (restrição de crescimento fetal e BPN em particular) e cesarianas. Pacientes com DII medicada tiveram menos complicações obstétricas/neonatais (PTB e BPN em específico) e cesarianas, mas mais HPP.

Conclusão

Mulheres com DII podem ter um risco aumentado de desfechos adversos obstétricos/puerperais/neonatais. As pacientes com RCU apresentaram mais complicações obstétricas e neonatais, enquanto a HPP foi mais frequente em pacientes com DC. Outras características da doença foram consideradas, o que permitiu uma melhor compreensão de sua possível influência. Embora mais pesquisas sejam necessárias, este trabalho reforça a importância de uma vigilância adequada para permitir o reconhecimento e o tratamento imediatos das complicações.

Palavras-chave
doenças inflamatórias intestinais; gravidez; estudos retrospectivos

	IBD (n = 47)	CD (n = 28)	UC (n = 19)
PROM* at term	19.1% (9)	21.4% (6)	15.8% (3)
Preterm birth	8.5% (4)	7.1% (2)	10.5% (2)
Fetal growth restriction	10.6% (5)	10.7% (3)	10.5% (2)
Preterm PROM*	2.1% (1)	3.6% (1)	0% (0)
Placental abruption	2.1% (1)	0% (0)	5.3% (1)
Preeclampsia	4.3% (2)	3.6% (1)	5.3% (1)
Intrahepatic cholestasis of pregnancy	8.5% (4)	7.1% (2)	7.1% (2)
Anemia	4.3% (2)	0% (0)	7.1% (2)
Vaginal bleeding in the third trimester	4.3% (2)	3.6% (1)	5.3% (1)
Oligohydramnios	2.1% (1)	3.6% (1)	0% (0)
Short cervix	6.4% (3)	7.1% (2)	5.3% (1)
Gestational diabetes	8.5% (4)	14.3% (4)	0% (0)
Therapeutic abortion (selective feticide)	2.1% (1)	3.6% (1)	0% (0)

Route of delivery	IBD (n = 48)	CD (n = 28)	UC (n = 20)
Operative delivery	72.9% (35)	78.6% (22)	65% (13)
Cesarean section	39.6% (19)	50% (14)	25% (5)
Elective	68.4% (13)	85.7% (12)	20% (1)
Urgent/emergent	31.6% (6)	14.3% (2)	80% (4)
Forceps delivery	6.2% (3)	10.7% (3)	0% (0)
Vaccum delivery	27.1% (13)	17.9% (5)	40% (8)
Eutocic delivery	27.1% (13)	21.4% (6)	35% (7)

	Obstetric adverse outcomes (composite outcome)^a) a) Obstetric adverse outcomes (composite outcome) included preterm birth, vaginal bleeding in the 3rd trimester, fetal growth restriction, spontaneous and therapeutic abortion, stillbirth, placental abruption, premature rupture of membranes at term and preterm, prolonged premature rupture of membranes, preeclampsia, eclampsia, chorioamnionitis, congenital anomalies, intrahepatic cholestasis of pregnancy, anemia, oligohydramnios, short cervix, gestational diabetes.	Preterm birth	Fetal growth restriction	Operative delivery^b) b) Operative delivery included vaccum delivery, forceps delivery and all cesarean sections.	Cesarean section	Neonatal adverse outcomes (composite outcome)^c) c) Neonatal adverse outcomes (composite outcome) included low birth weight, Apgar index < 7, neonatal death and neonatal intensive care unit admission.	Low birth weight	Postpartum hemorrhage
IBD activity (periconceptional period)
Remission (n = 24)	45.8% (11)	12.5% (3)	4.2% (1)	66.7% (16)	29.2% (7)	12.5% (3)	4.2% (1)	20.8% (5)
Active (n = 11)	63.6% (7)	9.1% (1)	18.2% (2)	100% (11)	63.6% (7)	27.3% (3)	27.3% (3)	9.1% (1)
IBD activity (pregnancy)
Remission (n = 21)	52.4% (11)	14.3% (3)	9.5% (2)	76.2% (16)	45.2% (9)	14.3% (3)	4.8% (1)	23.8% (5)
Active (n = 15)	40% (6)	6.7% (1)	6.1% (1)	80% (12)	33.3% (5)	20% (3)	20% (3)	6.7% (1)
IBD duration
≤ 5 years (n = 15)	46.7% (7)	6.7% (1)	13.3% (2)	80% (12)	20% (3)	13.3% (2)	6.7% (1)	13.3% (2)
> 5 years (n = 21)	52.4% (11)	14.3% (3)	9.5% (2)	76.2% (16)	52.4% (11)	19% (4)	14.3% (3)	19% (4)
CD severity (Harvey-Bradshaw classification) ^d) d) Harvey-Bradshaw classification includes 5 variables (general well-being, abdominal pain, number of liquid dejections per day, abdominal mass and complications), each with an individual score. Total score: < 5 (remission), 5–7 (mild disease), 8–16 (moderate disease) or > 16 (severe disease).
Remission (n = 20)	45% (9)	10% (2)	10% (2)	80% (16)	45% (9)	5% (1)	0% (0)	15% (3)
Mild disease (n = 3)	33.3% (1)	0% (0)	0% (0)	100% (3)	100% (3)	33.3% (1)	33.3% (1)	33.3% (1)
UC severity (Mayo classification) ^e) e) Mayo endoscopic classification – score 0 (absence of disease or inactive disease – absence of endoscopic alterations), 1 (mild disease – erythema, decreased vascular pattern, mild friability), 2 (moderate disease – marked erythema, absent vascular pattern, friability, erosions) or 3 (severe disease – spontaneous bleeding, ulceration)
Score 2 (n = 2)	100% (2)	0% (0)	50% (1)	100% (2)	0% (0)	50% (1)	50% (1)	0% (0)
Score 3 (n = 3)	66.7% (2)	33.3% (1)	0% (0)	100% (3)	66.7% (2)	33.3% (1)	33.3% (1)	0% (0)
Perianal disease
Absent/inactive (n = 24)	45.8% (11)	8.3% (2)	8.3% (2)	75% (18)	25% (6)	16.7% (4)	8.3% (2)	20.8% (5)
Active (n = 10)	60% (6)	10% (1)	20% (2)	100% (10)	100% (10)	10% (1)	10% (1)	20% (2)

IBD treatment	Obstetric adverse outcomes (composite outcome)^a) a) Obstetric adverse outcomes (composite outcome) included preterm birth, vaginal bleeding in the 3rd trimester, fetal growth restriction, spontaneous and therapeutic abortion, stillbirth, placental abruption, premature rupture of membranes at term and preterm, prolonged premature rupture of membranes, preeclampsia, eclampsia, chorioamnionitis, congenital anomalies, intrahepatic cholestasis of pregnancy, anemia, oligohydramnios, short cervix, and gestational diabetes.	Preterm birth	Fetal growth restriction	Operative delivery^b) b) Operative delivery included vaccum delivery, forceps delivery, and all cesarean sections.	Cesarean section	Neonatal adverse outcomes (composite outcome)^c) c) Neonatal adverse outcomes (composite outcome) included low birth weight, Apgar index < 7, neonatal death, and neonatal intensive care unit admission	Low birth weight	Postpartum hemorrhage
Medicated IBD
Yes (n = 36)	52.8% (19)	8.3% (3)	13.9% (5)	80.6% (30)	41.7% (15)	8.3% (3)	8.3% (3)	19.4% (7)
No (n = 6)	66.7% (4)	16.7% (1)	0% (0)	83.3% (5)	50% (3)	33.3% (2)	16.7% (1)	0% (0)
Immunossuppressants
Yes (n = 19)	42.1% (8)	5.3% (1)	10.5% (2)	78.9% (15)	47.4% (9)	5.3% (1)	0% (0)	26.3% (5)
No (n = 23)	65.2% (15)	13% (3)	13% (3)	78.3% (18)	39.1% (9)	17.4% (4)	17.4% (4)	8.7% (2)
Salicylates
Yes (n = 20)	75% (15)	10% (2)	25% (5)	90% (18)	35% (7)	10% (2)	10% (2)	25% (5)
No (n = 22)	40.9% (9)	9.1% (2)	0% (0)	68.2% (15)	50% (11)	13.6% (3)	9.1% (2)	9.1% (2)
Thiopurines
Yes (n = 16)	50% (8)	6.3% (1)	12.5% (2)	75% (12)	37.5% (6)	6.3% (1)	0% (0)	25% (4)
No (n = 26)	50% (13)	11.5% (3)	11.5% (3)	84.6% (22)	46.2% (12)	15.4% (4)	15.4% (4)	11.5% (3)
Corticosteroids
Yes (n = 2)	100% (2)	0% (0)	0% (0)	100% (2)	50% (1)	0% (0)	0% (0)	0% (0)
No (n = 40)	52.5% (21)	10% (4)	12.5% (5)	80% (32)	42.5% (17)	12.5% (5)	10% (4)	17.5% (7)
Biologics
Yes (n = 10)	50% (5)	10% (1)	0% (0)	90% (9)	60% (6)	10% (1)	0% (0)	30% (3)
No (n = 32)	59.4% (19)	9.4% (3)	15.5% (5)	78.1% (25)	37.5% (12)	12.5% (4)	12.5% (4)	12.5% (4)
Previous bowel surgery
Yes (n = 12)	58.3% (7)	8.3% (1)	16.7% (2)	75% (9)	50% (6)	0% (0)	0% (0)	16.7% (2)
No (n = 35)	54.3% (19)	8.6% (3)	8.6% (3)	74.3% (26)	37.1% (13)	14.3% (5)	11.4% (4)	14.3% (5)

	IBD (n = 48)	CD (n = 28)	UC (n = 20)
LBW	10.4% (5)	3.6% (1)	20% (4)
Apgar index < 7	2.1% (1)	3.6% (1)	0% (0)
Neonatal intensive care unit admission	2.1% (1)	0% (0)	5% (1)
Neonatal death	2.1% (1)	0% (0)	5% (1)

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[1] Address for correspondence Rita Vicente Costa, MSc, Av. Bernardo Santareno, Santarém 2005-177, Portugal. (e-mail: anacosta4@campus.ul.pt).