RESUMO
O presente artigo aborda um conjunto de fotografias antropológicas pertencente aos acervos do príncipe Roland Bonaparte (1858-1924), situados na Biblioteca Nacional da França e no Museu do Quai Branly. O sobrinho-neto do imperador Napoleão Bonaparte foi um dos mecenas mais atuantes nas sociedades científicas francesas do século XIX e início do XX. As centenas de fotografias por ele produzidas e colecionadas em álbuns serviram de substrato empírico para pesquisas de antropólogos e naturalistas da época que se empenharam em naturalizar e hierarquizar as diferenças raciais. Em linhas gerais, o escopo do artigo consiste em, primeiramente, indagar o papel desempenhado pela fotografia nas pesquisas antropológicas e na sustentação do arcabouço epistêmico do chamado racismo científico. Da mesma forma, o texto articula essa documentação à cultura visual do colonialismo europeu pautada na exibição de corpos racializados para fins de entretenimento e ciência.
Palavras-chave:
Fotografia; Roland Bonaparte; antropologia; raça; colonialismo