RESUMO
O presente artigo, após uma análise crítica preliminar da presença da África nos estudos em torno da Literatura-mundo, propõe pensar a inclusão de autores e obras africanos/as no debate sobre a questão a partir do paradigma da mobilidade de Achille Mbembe. Em Sair da grande noite: ensaio sobre África descolonizada (2019MBEMBE, Achille. Sair da grande noite: ensaio sobre a África descolonizada. Petrópolis: Editora Vozes, 2019. ), Mbembe pensa a África e as suas produções culturais em perspectiva “afropolitana”, isto é, não apenas por meio da oposição binária centro/periferia, mas a partir das possibilidades abertas pelas múltiplas circulações alternativas que proliferaram nas últimas décadas, colocando o continente no cerne de uma densa rede de trocas globais. Trata-se de um outro “afrotopos”, como diria Felwine Sarr, mudança epistemológica que obrigaria a reconsiderar também a maneira de pensar as literaturas e as culturas no continente africano, destacando justamente as densas relações e circulações de caráter mundial que as moldam.
Palavras-chave:
Literatura-mundo; literatura comparada; literaturas africanas; eurocentrismo; circulação