RESUMO
O artigo trata da ciência como veículo produtor de um discurso de verdade sobre a disputa diplomática por limites geográficos entre diferentes nações no século XIX. A mudança do estatuto que a ciência adquiriu entre os séculos XVIII e XIX como instrumento para solução de conflitos é trabalhada especificamente na análise do caso da disputa anglo-brasileira pelo Pirara, terras fronteiriças entre Roraima e Guiana Inglesa, lugar de encontro da bacia do rio Essequibo com a do Amazonas. A ciência inglesa manifestou-se na disputa com o Brasil produzindo um mapeamento cartográfico muito bem elaborado, construtor de um discurso do verdadeiro sobre o território. A representação gráfica, mais do que a ocupação humana, teve função legitimadora da posse territorial na disputa judicial sobre o Pirara. O discurso da autoridade científica baseou-se na obra cartográfica produzida por Robert Schomburgk (1840; 1841; 1843), cuja passagem pela região pode ser definida como o ponto de inflexão nessa disputa (Figura 1).
Palavras-chave:
história imperial; ciência; fronteiras; Pirara