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Resumo do editor

RESUMO DO EDITOR

Milton A. Ruiz

Professor Adjunto do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-SP. Coordenador da Unidade de TMO do Hospital de Base São José do Rio Preto, Funfarme, Cintrans-Famerp

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Milton A. Ruiz Av. Brigadeiro Faria Lima 5544 15090-000 – São José do Rio Preto -SP E-mail: milruiz@yahoo.com.br

O fascículo de número 3 da RBHH disponibiliza aos seus leitores uma carga de informação elevada, o que obrigou a produção a reduzir o corpo da letra habitualmente utilizada em edições anteriores. O aumento das comunicações e do afluxo de novos manuscritos para avaliação tem obrigado a um atraso na veiculação destas contribuições. Este dado alvissareiro obriga os envolvidos na produção da RBHH a um esmero e cuidado redobrados, na parte relativa à diagramação, escolha da temática balanceada e diversa, como o observado neste fascículo, em que são apresentados temas que abordam áreas distintas da hematologia, distribuídas nas seções de editoriais opinativos, artigos originais, relato de caso, revisão, resumo de tese, imagem e a nova seção denominada tendências, onde um tema será abordado por um ou mais autores convidados a apresentar sua experiência e opinião.

Scielo e fator de impacto

Os editores da lista de periódicos que constam da coleção Scielo – Brasil receberam recentemente uma solicitação de informações em relação ao número de artigos submetidos, aceitos e publicados, com a finalidade de realizarem um estudo e iniciar um procedimento de atribuição do fator de impacto a cada uma das revistas indexadas na coleção.

Após esta informação, considero relevante dissertar sobre o tema, visto que a coleção Scielo é uma base de dados eletrônica e, em que pese ser uma grande vitrine para os periódicos nacionais e da América Latina, no presente momento o fator de impacto através da mesma somente é mensurado dentre as citações dos periódicos da própria coleção e ao número de acessos aos artigos da coleção. Com a Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (www.scielo.br/rbhh), hoje disponibilizada, sabemos que os principais acessos ao nosso periódico são para os artigos de revisão, gerais, e que, se considerarmos este público, indicam que as necessidades da comunidade que acessa a Scielo, seja de hematologistas, hemoterapeutas ou não, estão direcionadas para artigos básicos e gerais. Ou seja, artigos que não são considerados muito relevantes por diversos periódicos.

Por este motivo é que observamos a necessidade de instrumentos adicionais além do fator de impacto. Esta palavra, que na realidade é um índice introduzido na década de 60 através de Eugene Garfield junto com outros índices, visa determinar a importância de cada periódico através de uma relação entre o que cada um publica e quanto dos seus artigos são citados nos periódicos constantes de sua lista. Com os estudos iniciais do autor citado, surgiu o ISI (Institute for Scientific Information) e chegou-se então à conclusão de que, na realidade, existe um percentual pequeno e restrito de bons (?) artigos publicados em poucas revistas científicas (porque são citados), chegando-se à conclusão de que poucas revistas, na verdade, é que são relevantes. Assim, somente estas é que detêm a informação e, portanto, deve-se somente publicar nestes periódicos. Este conceito e dogma obrigou muitas revistas a se desnacionalizarem em todo o mundo, modificando, muitas, até sua padronização habitual, com a finalidade de se adequarem às normas do ISI, para obterem o fator de impacto numericamente elevado e, assim, por conseqüência, serem consideradas melhores e relevantes. Nesta seqüência, os periódicos científicos de línguas que não fosse a inglesa foram abatidos, e os que não se adequaram perderam importância, ou passaram a ter circulação restrita, e até desconsiderados por suas próprias comunidades científicas. Muitos dos que constavam da lista do ISI foram retirados, e os periódicos nacionais que nela constam, e que são poucos, estão abaixo do valor 1.0. À guisa de comparação, o periódico New England Journal of Medicine tem o fator de impacto acima de 20,0, e a única revista nacional com fator de impacto de 1,0 e atingida recentemente é a Journal Brazilian Chemical Society. Recentemente, a lista de editores da Organização Mundial de Editores Científicos (WAME), antigo grupo de Vancouver, da qual a RBHH faz parte juntamente com outros periódicos nacionais, tem discutido este tema e recebido opiniões sobre o fator de impacto aferido pelo ISI. Muitos destes editores consideram o fator de impacto como relevante e até determinante para classificação dos periódicos, mas opiniões contrárias a estas existem e relatam que muitas revistas sem fator de impacto alto, ou que não o possuem por serem nacionais e mais restritas, publicam até artigos mais relevantes e importantes .

A colocação deste tema em discussão tem o objetivo de preparar a comunidade hematológica para o futuro da RBHH que se avizinha, com a finalidade de tomada de decisões em que uma das primeiras será em relação à continuidade de edição do periódico em português, ou edição em inglês, visto que um grande número de periódicos nacionais já é editado exclusivamente na língua inglesa. A segunda questão se deve à necessidade de investimentos internos de qualidade e de marketing visando elevar o número de citação e acesso ao nosso periódico na base de dado eletrônico do qual fazemos parte, além dos esforços em inserir o periódico nas bases de dados internacionais e responsáveis pelo fator de impacto.

Quelantes de ferro

Neste fascículo, Fabron Jr e Tricta F apresentam um artigo de revisão sobre o deferiprona, quelante de ferro surgido ao final da década de 50 e que junto com a desferrioxamina são os medicamentos mais utilizados para a remoção do excesso de ferro que se deposita nos pacientes cronicamente transfundidos, como os portadores de talassemia major.

A desferrioxamina, nas últimas três décadas, foi a droga utilizada para a remoção do ferro depositado nos tecidos com formulação para uso endovenoso e subcutâneo.O medicamento, apesar dos evidentes benefícios, não era isento de efeitos colaterais como reações alérgicas, alterações sensoriais e pulmonares. O uso subcutâneo ou endovenoso sempre foi um transtorno, ocorrendo desistências ou mesmo subtratamento em muitos pacientes. Existem protocolos de uso conjunto dos dois medicamentos. Por este motivo é que o deferiprona, na forma oral, vem propiciar um avanço, além do que trabalhos recentes demonstram um efeito cardioprotetor deste quelante do ferro sobre o órgão responsável por um grande número de óbitos de pacientes talassêmicos submetidos a suporte transfusional prolongado.

  • Endereço para correspondência

    Milton A. Ruiz
    Av. Brigadeiro Faria Lima 5544
    15090-000 – São José do Rio Preto -SP
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Fev 2004
    • Data do Fascículo
      2003
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