Os resultados do tratamento do linfoma de Hodgkin (LH) melhoraram substancialmente ao longo das últimas décadas e tornaram o LH uma das neoplasias humanas com maior chance de cura. Entretanto, os dados sobre tratamento em países em desenvolvimento são escassos. Entre 1996 e 2005, 370 pacientes consecutivos com LH tratados em três instituições públicas no Rio de Janeiro foram identificados. Destes, 216 em estádio avançado (IIB-IV) foram selecionados para esta análise. Os pacientes foram tratados com o protocolo ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina). A mediana do tempo de seguimento dos sobreviventes foi de 6,3 anos (1-11,8). Quinze pacientes morreram durante o tratamento de primeira linha. A probabilidade de sobrevida livre de progressão (SLP) em cinco anos e a probabilidade de sobrevida global (SG) em cinco anos foram de 69% e 83%, respectivamente. A SLP nos grupos de baixo risco e de alto risco, de acordo com o "International Prognostic Score", foi de 81% e 62% (p=0,003), respectivamente. A SG em cinco anos nos grupos de baixo risco e de alto risco foi de 89% e 78% (p=0,02), respectivamente. O presente estudo apresenta uma estimativa representativa dos resultados atuais do tratamento do LH avançado em instituições públicas no Brasil. Fica claro que o tratamento completo pode ser oferecido à grande maioria dos pacientes, embora aqueles com baixo status socioeconômico possam exigir atenção especial. Em vista das dimensões continentais do Brasil, com substancial heterogeneidade interregional, um registro nacional de pacientes com LH está sendo implementado.
Doença de Hodgkin; quimioterapia; linfoma