O papel do livro didático na promoção da autonomia na aprendizagem de inglês

Lima, Samuel de Carvalho; Vieira, Flávia

doi:10.1590/1984-6398201915249

Acessibilidade / Reportar erro

Brasil

Revista Brasileira de Linguística Aplicada

Español English

Brasil

Español English

sumário « anterior atual seguinte »

Sumário

Articles • Rev. bras. linguist. apl. 20 (1) • Jan-Mar 2020 • https://doi.org/10.1590/1984-6398201915249 copiar

O papel do livro didático na promoção da autonomia na aprendizagem de inglês

The Role of Textbooks for Promoting Autonomy in English Learning

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Este estudo investiga o papel do livro didático no desenvolvimento da autonomia dos alunos no ensino de inglês como língua estrangeira, com base na análise de conteúdo de três livros didáticos e de entrevistas com seis professoras que os utilizavam. Os livros didáticos analisados incluem atividades com potencial de desenvolvimento da autonomia, embora em número limitado e com incidência maior em processos de aprendizagem/uso da língua e menor em processos didáticos e no eu do aluno. As professoras reconhecem a importância do livro didático mas também a sua insuficiência numa pedagogia para a autonomia, complementam-no com estratégias centradas nos alunos e apontam a prevalência de culturas de ensino adversas a esta abordagem. Do estudo emerge uma proposta exploratória de reflexão-ação para a promoção da autonomia, relativa ao livro didático (pressupostos e atividades) e ao professor (concepções, premissas, estratégias e constrangimentos).

PALAVRAS-CHAVE:
livro didático; autonomia; ensino da língua inglesa; escola pública

	10º ano		11º ano		12º ano
Total de atividades	201	100%	450	100%	140	100%
Total de atividades com PDCA	40	19,9%	44	9,7%	26	18,5%
Enfoque no “eu do aluno enquanto aluno”	10	5%	02	0,4%	10	7,1%
Enfoque em “processos de aprendizagem/uso da língua”	22	10,9%	41	9,1%	15	10,7%
Enfoque em “processos didáticos”	8	4%	1	0,2%	1	0,7%

Enfoque processual	No de atividades
Eu do aluno enquanto aluno:
Atitudes (face ao processo de aprender)	1
Convicções (face à língua)	1
Convicções e estratégias de aprendizagem	1
Estilos de aprendizagem	2
Estratégias de aprendizagem	2
Expectativas de aprendizagem	1
Objetivos e estratégias de aprendizagem	2
Subtotal	10 (25%)
Processos de aprendizagem/uso da língua:
Estratégias de estudo	3
Estratégias de pesquisa	1
Estratégias de resolução de problemas	5
Processo de leitura	1
Processo de aprendizagem de gramática e vocabulário	4
Processo de escrita	6
Processo de expressão oral	2
Subtotal	22 (55%)
Processos didáticos:
Avaliação da aprendizagem	6
Papéis do professor e do aluno	2
Subtotal	8 (20%)
Total	40 (100%)

Enfoque processual	Nº de atividades
Eu do aluno enquanto aluno:
Atitudes (face ao processo de aprender)	1
Convicções e valores	1
Subtotal	2 (4,5%)
Processos de aprendizagem/uso da língua:
Estratégias de estudo	3
Estratégias de resolução de problemas	1
Processo de leitura	6
Processo de aprendizagem de gramática e vocabulário	12
Processo de escrita	15
Processo de compreensão oral	4
Subtotal	41 (93,1%)
Processos didáticos:
Atividades e materiais didáticos	1
Subtotal	1 (2,2%)
Total	44 (100%)

Enfoque processual	Nº de atividades
Eu do aluno enquanto aluno:
Valores e convicções face à língua e ao processo de aprender	9
Expectativas de aprendizagem	1
Subtotal	10 (38,4%)
Processos de aprendizagem/uso da língua:
Processo de leitura	2
Processo de aprendizagem de gramática e vocabulário	2
Processo de escrita	11
Subtotal	15 (57,6%)
Processos didáticos:
Avaliação da aprendizagem	1
Subtotal	1 (3,8%)
Total	26 (100%)

Faculdade de Letras - Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Letras, Av. Antônio Carlos, 6627 4º. Andar/4036, 31270-901 Belo Horizonte/ MG/ Brasil, Tel.: (55 31) 3409-6044, Fax: (55 31) 3409-5120 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: rblasecretaria@gmail.com

Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS

[TFN1] Fonte: elaboração própria.

Diálogo e reflexão sobre os alunos e processos de aprendizagem	Atividade de escrita em inglês para os alunos se apresentarem.
	Diálogo com os alunos para conhecê-los e saber sua opinião sobre o inglês.
	Elaboração da lista de características do bom aluno.
	Diálogo com os alunos para despertar a criticidade.
	Diálogo sobre as dificuldades e o insucesso com sugestões de melhoria.
	Orientações orais sobre como estudar.
Envolvimento na negociação e tomada de decisões	Negociação de formas de aprender.
	Decisão dos alunos quanto aos temas.
	Escolha de textos pelos alunos.
	Decisão dos alunos quanto à forma de trabalho (individual, pares, grupo).
	Negociação dos pesos e modalidades de avaliação.
	Decisão dos alunos sobre avaliação adicional.
Participação na (auto)avaliação da aprendizagem e do ensino	Autoavaliação e heteroavaliação da oralidade através de quadro.
	Autoavaliação das atitudes.
	Fichas de exercícios como tarefa de casa com autocorreção.
	Correção do teste em grupos de nível.
	Registro da opinião dos alunos sobre as atividades.
	Avaliação regular das aulas.
	Inquérito aos alunos ao final do ano.
Uso de materiais autênticos e atividades motivadoras	Autorização para dispersar energia (ex.: levantar-se).
	Escrita criativa.
	Atividades lúdicas.
	Uso de materiais autênticos (notícias atuais, textos de outras fontes, vídeos).
	Uso do inglês para conversas sobre tema de interesse do aluno.
	Pesquisa e discussão de temas à escolha dos alunos.

Livro didático
Pressupostos
● O livro didático constitui um recurso importante no ensino e na aprendizagem da língua.
● O livro didático deve conter atividades com potencial de desenvolvimento da competência de aprendizagem (PDCA).
● Estratégias e recursos para além do livro didático podem ser necessárias no sentido de promover a autonomia dos alunos.
Atividades com PDCA
● Enfoque no eu do aluno, nos processos de aprendizagem/ uso da língua e nos processos didáticos.
● Integração de enfoque processual e linguístico, promovendo competências de aprender a aprender e a usar a língua.
● Explicitação do que fazer, da razão de fazer, de como fazer.
● Oportunidades de escolha do que fazer e como (autodireção).
● Oportunidades de revisão da aprendizagem (monitoração/ autoavaliação)
● Oportunidades de usar recursos de apoio à aprendizagem (por exemplo: dicionário, internet)
Professor
Concepções pedagógicas	Premissas/condições
● Compromisso com um ensino centrado no aluno	● Motivação.
● Valorização da autonomia e da necessidade de ajudar os alunos a aprender a aprender e a usar a língua.	● Formação.
● Uso do livro didático como base de trabalho a complementar com outras práticas.	● Experiência.
	● Continuidade.
	● Ligação com a universidade.
	● Apoio e colaboração interpares.
Estratégias complementares ao livro didático	Possíveis constrangimentos a uma pedagogia para a autonomia
● Diálogo e reflexão sobre os alunos e os processos de aprendizagem.	● Falta de orientações normativas.
● Envolvimento dos alunos na negociação e na tomada de decisões.	● Culturas escolares de controle e reprodução.
● Envolvimento dos alunos em processos de (auto)avaliação da aprendizagem e do ensino.	● Resistências à mudança.
● Recurso a materiais autênticos e a atividades motivadoras.	● Falta de interesse dos professores.
	● Falta de tempo dos professores.
	● Falta de motivação e hábitos de reflexão dos alunos.