RESUMO
Este artigo pretende apresentar as ordens de indexicalidade de gênero, de raça e de nacionalidade observadas em duas camisetas lançadas em virtude da Copa do Mundo 2014. Para isso, a investigação se embasa nas concepções de linguagem como performance propostas por (AUSTIN, 1962/1990AUSTIN, J. L. (1962). Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução e apresentação de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.), (DERRIDA, 1972/1988DERRIDA, J. (1972). Signature event context. In: ______. Limited Inc. Evanston: Northwestern University Press, 1988. p. 1-23.), (BAUMAN e BRIGGS, 1990BAUMAN, R.; BRIGGS, C. L. Poetics and performance as critical perspectives on language and social life. Anual Review of Anthropology, Palo Alto, v. 19, p. 59-88, 1990.), (PENNYCOOK, 2007PENNYCOOK, A. Performance and performativity. In: ______. Global Englishes and transcultural flows. New York: Routledge, 2007.), nos estudos de gênero sugeridos pelas teorias queer (LOURO, 2008LOURO, G. L. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Campinas, v. 2, n. 56, p. 17-23, 2008.; BUTLER, 1999BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.; FERREIRA, 2016FERREIRA, J. T. R. A trajetória textual e as entextualizações de duas camisetas esportivas em tempos de Copa do Mundo 2014. 2016. 120f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade de Franca, Franca, 2016.; MELO; MOITA LOPES, 2013MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. As performances discursivo-identitárias de mulheres negras em uma comunidade para negros na Orkut. Delta, São Paulo, v. 29, p. 237-265, 2013.; 2014MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. A performance narrativa de uma blogueira: “tornando-se preta em um segundo nascimento”. Alfa Revista Linguística, Araraquara, v. 58, p. 541-56, 2014.; 2015MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. You’re a beautiful light brown-skinned woman: the textual trajectory of a compliment that hurts. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 54. p. 53-78, 2015.) e na definição de ordens de indexicalidade indicada por (BLOMMAERT, 2006BLOMMAERT, J. Social linguistics scales. London: Working Papers Urban Language & Literacies, 2006.). Nesta pesquisa qualitativa interpretativista (MOITA LOPES, 1994MOITA LOPES, L. P. Pesquisa interpretativa em linguística aplicada: a linguagem como condição e solução. Delta, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 329-338, 1994.), como construto analítico, o estudo se ancorou nas pistas indexicais (WORTHAM, 2001WORTHAM, S. Narratives in action: a strategy for research and analysis. New York: Teacher College Press, 2001.) e na perspectiva de análise de imagens sugeridas por (KRESS e LEEUWEN, 1996/2006KRESS, G.; LEEUWEN, T. (1996). Reading images: the grammar of visual design. New York: Routledge, 2006.). Neste estudo, os resultados apontam para sete ordens de indexicalidades, que mobilizam discursos, valores e ideologias sobre o país - especificamente, a respeito de certo tipo de mulher brasileira.
PALAVRAS-CHAVE:
ordens de indexicalidade; camisetas; raça; gênero; nacionalidade