Este texto se baseia na hipótese de que estamos sempre entre línguas-culturas, mesmo quando falamos uma única língua. Tem por objetivo estudar relações interculturais e efeitos de estranhamento em relatos de brasileiros, que participaram desta pesquisa, sobre suas experiências em Portugal. Para este artigo, quatro relatos foram gravados e transcritos. A perspectiva teórica adotada se encontra no espaço - conflituoso e tenso - entre teorias do discurso, psicanálise lacaniana e desconstrução derrideana. Da análise é possível depreender que a suposta língua materna é também uma língua estrangeira, estranha em sua familiaridade, provocando sofrimento e gozo ao mesmo tempo. Refletir sobre isso é muito importante para compreender a si próprio e ao outro, língua e cultura, que constroem nossa subjetividade e, portanto, nossa identidade.
subjetividade; língua-cultura; língua materna; língua estrangeira; identidade; estranhamento