RESUMO
Objetivo:
Avaliar a frequência e o perfil epidemiológico, clínico e de imagem das lesões que simulam o melanoma de coroide.
Métodos:
Trata-se de estudo de revisão retrospectiva de prontuários de suspeita de lesões de melanoma de coroide de 2014 a 2020 no Setor de Oncologia Ocular da Universidade Federal de São Paulo. Foram avaliados dados demográficos, dados clínicos e exames complementares.
Resultados:
Um total de 104 pacientes (média de idade: 65,57 ± 13,18; 49,04% do sexo feminino) foram encaminhados ao nosso serviço com suspeita de melanoma de coroide. Destes, 32 (30,77%) foram classificados como pseudomelanoma, enquanto 72 (69,23%) tiveram diagnóstico confirmado de melanoma de coroide. Os casos de pseudomelanoma manifestaram-se em indivíduos mais velhos (p < 0,001) e apresentaram lesões menores em altura (p < 0,001), diâmetro anteroposterior (p = 0,008) e diâmetro lateral (p = 0,003) na ultrassonografia. Os casos de pseudomelanoma estão associados a maiores frequências de hemorragia vítrea (p = 0,014) e menores taxas de presença de massa (p = 0,001) e descolamento de retina (p < 0,001). Os principais diagnósticos dos casos de pseudomelanoma foram nevo (40,63%), hemorragia sub-retiniana (18,75%) e membrana neovascular coroidal (18,75%).
Conclusão:
Quase um terço dos casos encaminhados com suspeita de melanoma de coroide foram pseudomelanomas, o que demonstra que ainda há um caminho considerável para melhorar a habilidade do oftalmologista geral em discriminar clinicamente o melanoma de outras condições que o simulam.
Descritores:
Melanoma; Neoplasias da coroide; Epidemiologia