RESUMO
O descolamento de retina exsudativo ocorre quando o fluido se acumula entre a retina neurossensorial e o epitélio pigmentado da retina. Patologias oculares isoladas ou doenças multissistêmicas, como a síndrome nefrótica, podem levar ao descolamento de retina exsudativo. Apresenta-se aqui o caso de um adulto com síndrome nefrótica por doença de lesões mínimas, anasarca e descolamento de retina exsudativo macular bilateral. Trata-se de um homem de 75 anos de idade, que recorreu ao serviço de urgência com edema generalizado, astenia e diminuição da acuidade visual. Os antecedentes pessoais incluíam diagnóstico recente de síndrome nefrótica secundária à doença de lesões mínimas, em uso de corticoterapia. Na apresentação, a melhor acuidade visual corrigida era 20/100. A biomicroscopia revelou xantelasmas, edema palpebral leve e quemose nos dois olhos. Fundoscopia mostrou descolamento macular bilateral. O doente iniciou diuréticos com pouca resposta clínica, tendo sido adicionada hemodiálise. Verificou-se melhora da acuidade visual para 20/25 e restauração quase total da anatomia da retina 2 meses após o início do tratamento, coincidindo com a remissão da proteinúria. A fisiopatologia dos descolamentos de retina exsudativos é multifatorial, mas, em doenças com hipoalbuminemia grave, como a síndrome nefrótica, a baixa pressão oncótica e a alta pressão intersticial na coroide podem explicar o descolamento macular exsudativo. Doentes com doença renal crônica constituem um grupo de risco para o desenvolvimento de doença ocular, envolvendo vários mecanismos que afetam vasos, retina e coroide. Uma abordagem multidisciplinar é crucial para a melhoria da doença oftalmológica e do estado geral do doente.
Descolamento da retina; Síndrome nefrótica; Insuficiência renal crônica