RESUMO
Objetivo:
Descrever as características clínicas e epidemiológicas de pacientes com artrite séptica do ombro ou cotovelo e buscar fatores prognósticos para complicações durante o tratamento.
Métodos:
Foi feita uma série de casos retrospectiva com pacientes atendidos entre 2004 e 2014. As características clínicas e epidemiológicas dos pacientes foram coletadas. As complicações clínicas e ortopédicas foram identificadas e possíveis fatores prognósticos foram avaliados.
Resultados:
O estudo avaliou 27 pacientes, 17 com pioartrite no ombro e dez no cotovelo. A mediana da idade foi de 46 anos (IIQ 24,5; 61). Doença articular prévia foi observada em nove pacientes (33%). Uma ou mais comorbidades clínicas foram identificadas em 23 pacientes (85%). Staphylococcus aureus foi isolado em 14 casos (52%). Quatorze pacientes (52%) tiveram pelo menos uma complicação clínica e cinco pacientes foram a óbito (19%). Nove pacientes (33%) tiveram alguma complicação ortopédica. O tempo entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico foi maior nos pacientes com complicações ortopédicas (p = 0,020). Em relação ao desenvolvimento de complicações clínicas, leucocitose na admissão hospitalar (p = 0,021) e presença de comorbidades clínicas (p = 0,041) foram fatores preditivos.
Conclusões:
A pioartrite do ombro e cotovelo acomete preferencialmente indivíduos com comorbidades clínicas e/ou imunocomprometidos. O Staphylococcus aureus é o patógeno mais frequente no Brasil. Leucocitose na admissão hospitalar e a presença de comorbidades clínicas são fatores associados à presença de complicações clínicas. Maior tempo entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico foi correlacionado a complicações ortopédicas.
Palavras-chave
Ombro; Cotovelo; Infecção; Artrite infecciosa; Epidemiologia