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Educar é uma de nossas missões

Educar é a mais digna das manifestações humanas em relação aos seus pares. Ensinar, que é parte integrante da educação, na nossa área é uma atitude nobre já realçada por Hipócrates no nosso juramento.

“Honrarei o professor que me ensinar essa arte como os meus próprios pais”.

Temos respeitado esses princípios desde sempre e essa é a atividade principal da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), da qual a Revista Brasileira de Ortopedia (RBO) é uma parte.

Precisamos tornar os nossos sistemas de ensino mais ágeis para atender às tendências atuais, as nossas aulas, às vezes, parecem leitura de jornais do dia anterior para os jovens.

Para nós, ensinar e educar colegas é uma atividade voluntária, sem remuneração, feita por respeito a nossa profissão como Hipócrates escreveu.

A educação médica continuada tem sido considerada também um bom negócio. A maioria das empresas fabricantes ou distribuidoras de materiais cirúrgicos tem investido muito nessa área, pois descobriu que esse é o melhor e mais digno caminho de se relacionar com o médico.

Patrocinam nossos congressos, estágios em hospitais especializados no exterior e agora até com centros específicos de formação nos quais oferecem material e cadáveres para treinamento. É evidente que cabe a nós manter o padrão ético desse relacionamento, pois a parte ética da medicina é do medico. A ética do comerciante cabe ao comerciante.

Acredito que, no que tange a nós, ortopedistas, há um esforço enorme e bastante frutífero no ensino e na educação.

Em relação à nossa clientela isso não ocorre e o que vemos é um grande vazio nessa área de relacionamento nosso com os pacientes, seja no plano pessoal seja no plano institucional.

Com um linguajar inacessível e uma postura rígida, nos colocamos em uma posição muito distante de nossos clientes.

Essa postura gerou ao longo dos anos uma antipatia clara pela classe médica, que é responsabilizada pela maioria das falhas de um sistema, no qual não temos participação.

É nítido, em qualquer notícia que veicule algum fato que envolva saúde, a responsabilização do médico por algo que nada tem a ver com a sua atuação profissional. Se há demora ou falta de equipamentos assistenciais, nunca é por nossa culpa.

Socialmente somos vistos de forma distante e em geral considerados mercenários, por desenvolver um trabalho que, pelo grau de responsabilidade, não tem preço. Além desse aspecto, observamos em nossos ambulatórios institucionais pacientes perdidos ou que tomaram atitudes prejudiciais para a evolução de seus tratamentos. Pisaram sem poder pisar, não se movimentaram quando deveriam se movimentar, mexeram onde não deviam, não tomaram medicação de forma correta, não retornaram quando deveriam retornar e tantos outros erros decorrentes de falta de educação.

Essa distância favorece muito o surgimento de charlatães, que, pela simpatia, atenção e clareza na comunicação, prejudicam as pessoas com a sua atividade desonesta.

Somos bons em educar, como já vimos no início deste texto, falta desenvolver canais de comunicação com tudo que nos cerca com a mesma habilidade com que educamos.

Essa atitude é fundamental para melhorar nosso relacionamento com a clientela, seja ela institucional ou privada, e com as instituições que nos cercam, como governo e imprensa.

A distância aparentemente ética, o silêncio em momentos que nos afetam não são atitudes positivas.

São frequentes as notícias que se referem à nossa prática que ficam sem esclarecimento e passam a ser verdades. O relacionamento entre nós e as empresas de seguro saúde, que interessa muito ao consumidor, não é claro para os nossos clientes. O nosso cliente não sabe, por exemplo, que na maioria das vezes o encarecimento de seu plano não significa mudança nos valores pagos para remuneração do serviço medico.

A proximidade com os nossos clientes no plano pessoal só pode ser benéfica. Educá-los de forma pessoal ou em grupo trará maior credibilidade e maior proximidade, evitará atitudes agressivas como processos que na maioria das vezes ocorrem por erro de relacionamento e informação.

Como usamos na nossa formação, educar deve ser uma atitude pessoal e institucional.

Tenho certeza de que se nos dispusermos a educar nossos clientes e se a Sbot destinar parte de suas preocupações a educar e informar a população na nossa área de atuação, teremos uma posição melhor e mais respeitada na sociedade.

On-line em 31 de agosto de 2017

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2017
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