Acessibilidade / Reportar erro

Ombro do arremessador: Artigo de atualização* * Work developed in the Shoulder and Elbow Group, Centro de Traumatologia do Esporte, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil.

Resumo

A maioria das lesões do ombro ocorre devido aos movimentos repetitivos acima do nóvel da cabeça. Antes de estudar o tratamento dessas lesões, é fundamental que os profissionais de saúde tenham um entendimento da etiologia e dos mecanismos que causam essas patologias. O ato do arremesso acima do nóvel da cabeça exige considerável coordenação de todo o corpo, desde o momento de geração de força até o final do arremesso. O ombro é um componente crucial da cadeia cinética da extremidade superior, por transmitir a força gerada na extremidade inferior para o braço e mão para produzir velocidade e precisão no lançamento da bola.

Palavras-chave
ombro; instabilidade articular; traumatismos em atletas

Abstract

Most shoulder injuries occur due to repetitive overhead movements. Before studying the treatment of these shoulder injuries, it is paramount that health professionals have an understanding of the etiology of and the underlying mechanisms for shoulder pathologies. The act of overhead throwing is an eloquent full-body motion that requires tremendous coordination from the time of force generation to the end of the pitch. The shoulder is a crucial component of the upper-body kinetic chain, as it transmits force created in the lower body to the arm and hand to provide velocity and accuracy to the pitch.

Keywords
shoulder; joint instability; athletic injuries

Introdução

Atletas arremessadores têm uma tendência a desenvolver lesões no ombro como resultado das forças intensas a que essa articulação é submetida durante o arremesso. Os estabilizadores dinâmicos da articulação glenoumeral incluem o manguito rotador, músculos escapulotorácicos, e o tendão da cabeça longa do bóceps, e os estabilizadores estáticos incluem a anatomia óssea, o lábio fibrocartilaginoso, e a cápsula articular. Um evento traumático é o bastante para causar a lesão; no entanto, é a sobrecarga repetitiva que mais comumente leva à falha de uma ou mais dessas estruturas. O ato do arremesso exige uma ação coordenada que progride da ponta dos dedos do pé até os dedos da mão. Essa sequência de eventos foi descrita conceitualmente como cadeia cinética.11 Kibler WB. The role of the scapula in athletic shoulder function. Am J Sports Med 1998;26(02):325–337 Para esta cadeia funcionar efetivamente, uma atividade muscular sequencial é necessária para que a energia gerada na parte inferior do corpo seja transmitida à parte superior e finalmente até a bola.22 Hirashima M, Kadota H, Sakurai S, Kudo K, Ohtsuki T. Sequential muscle activity and its functional role in the upper extremity and trunk during overarm throwing. J Sports Sci 2002;20(04):301–310 A velocidade da bola é determinada pela eficiência deste processo. Rotação corporal e posicionamento da escápula são elementos-chave na cadeia cinemática. Em arremessadores profissionais, há um delicado balanço entre mobilidade do ombro e estabilidade. O ombro precisa ser móvel o suficiente para que os extremos de rotação sejam alcançados, e para que a velocidade seja transmitida à bola; mas, ao mesmo tempo, o ombro deve permanecer estável para que a cabeça umeral permaneça dentro da cavidade glenoidal, criando um fulcro estável para rotação, o que é conhecido como "paradoxo do arremessador".33 Wilk KE, Meister K, Andrews JR. Current concepts in the rehabilitation of the overhead throwing athlete. Am J Sports Med 2002;30 (01):136–151 A cada arremesso, o envelope de partes moles que circunda o ombro é submetido a uma carga que é muito próxima da carga máxima suportada, o que acarreta uma propensão a lesões.33 Wilk KE, Meister K, Andrews JR. Current concepts in the rehabilitation of the overhead throwing athlete. Am J Sports Med 2002;30 (01):136–151 Enquanto os padrões de lesão dos ombros de arremessadores são comuns e previsóveis, ainda há controvérsia sobre os mecanismos exatos que levam a essas lesões. Estudos recentes biomecânicos têm ajudado a melhorar o entendimento da patogênese das lesões nos atletas arremessadores.44 Werner SL, Guido JA Jr, StewartGW,McNeice RP, VanDyke T, Jones DG. Relationships between throwing mechanics and shoulder distraction in collegiate baseball pitchers. J Shoulder Elbow Surg 2007;16(01):37–42

5 Bakshi N, Freehill MT. The Overhead Athletes Shoulder. Sports Med Arthrosc Rev 2018;26(03):88–94
-66 Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled throwing shoulder: spectrum of pathology Part I: pathoanatomy and biomechanics. Arthroscopy 2003;19(04):404–420 Além disso, dados quantitativos sobre biomecânica e cinemática, tanto normal quanto patológica, têm ajudado no desenvolvimento de estratégias para a prevenção de lesões, o tratamento e a reabilitação.77 Mlynarek RA, Lee S, Bedi A. Shoulder Injuries in the Overhead Throwing Athlete. Hand Clin 2017;33(01):19–34

8 Kuhn JE. Throwing, the Shoulder, and Human Evolution. Am J Orthop 2016;45(03):110–114
-99 Zaremski JL,Wasser JG, Vincent HK. Mechanisms and Treatments for Shoulder Injuries in Overhead Throwing Athletes. Curr Sports Med Rep 2017;16(03):179–188

Cinemática do Arremesso

O arremesso foi dividido em seis fases, que geralmente levam menos de dois segundos para ocorrer.1010 Meister K. Injuries to the shoulder in the throwing athlete. Part one: Biomechanics/pathophysiology/classification of injury. Am J Sports Med 2000;28(02):265–275,1111 Lin DJ, Wong TT, Kazam JK. Shoulder Injuries in the Overhead- Throwing Athlete: Epidemiology, Mechanisms of Injury, and Imaging Findings. Radiology 2018;286(02):370–387 As três primeiras fases consistem de preparação, passada e elevação do braço, e levam aproximadamente 1,5 segundo no total. Embora a quarta fase, a aceleração, dure cerca de 0,05 segundo, as maiores velocidades angulares e a maior mudança na rotação ocorrem nela.1212 Pappas AM, Zawacki RM, Sullivan TJ. Biomechanics of baseball pitching. A preliminary report. Am J Sports Med 1985;13(04): 216–222 As duas últimas fases são a desaceleração e a execução, e, juntas, duram aproximadamente 0,35 segundo1212 Pappas AM, Zawacki RM, Sullivan TJ. Biomechanics of baseball pitching. A preliminary report. Am J Sports Med 1985;13(04): 216–222 (►Figura 1). Como certas lesões ocorrem em certas fases, é importante determinar quando a dor ou um problema ocorrem.

Fig. 1
Fases do arremesso: (1) preparação; (2) passada; (3) elevação do braço; (4) aceleração; (5) desaceleração; e (6) execução/finalização.

A velocidade da bola depende de uma variedade de fatores biomecânicos, mas está mais diretamente relacionada à quantidade de rotação lateral que o ombro alcança.1313 Dillman CJ, Fleisig GS, Andrews JR. Biomechanics of pitching with emphasis upon shoulder kinematics. J Orthop Sports Phys Ther 1993;18(02):402–408 Para gerar a máxima velocidade de arremesso da maneira mais eficiente, as extremidades inferior e superior devem trabalhar de forma sincronizada e coordenada. Arremessadores profissionais podem gerar velocidades de bola que excedem 144,8 km/h; para criar uma velocidade dessas, o ombro alcança velocidades angulares de até 7 mil graus/s.1313 Dillman CJ, Fleisig GS, Andrews JR. Biomechanics of pitching with emphasis upon shoulder kinematics. J Orthop Sports Phys Ther 1993;18(02):402–408 Após a soltura da bola, o ombro de um arremessador profissional pode ser exposto a forças distrativas de até 950 N.1414 Kuhn JE, Lindholm SR, Huston LJ. Failure of the biceps-superior labral complex (SLAP lesion) in the throwing athlete: a biomechanical model comparing maximal cocking to early deceleration. . [abstract]J Shoulder Elbow Surg 2000;9:463 Na fase de desaceleração, as forças de compressão criadas pelos músculos do manguito rotador e do deltoide atingem a faixa de 1.090 N, e as forças de cisalhamento posterior, até 400 N.1414 Kuhn JE, Lindholm SR, Huston LJ. Failure of the biceps-superior labral complex (SLAP lesion) in the throwing athlete: a biomechanical model comparing maximal cocking to early deceleration. . [abstract]J Shoulder Elbow Surg 2000;9:463 A parte anterior da cápsula resiste a aproximadamente 800 N a 1200 N em indivóduos de 20 a 30 anos.1515 Reeves B. Experiments on the tensile strength of the anterior capsular structures of the shoulder in man. J Bone Joint Surg Br 1968;50(04):858–865 Portanto, se as forças compressivas não contrabalancearem as forças intensas de distração, lesões ocorrerão.1515 Reeves B. Experiments on the tensile strength of the anterior capsular structures of the shoulder in man. J Bone Joint Surg Br 1968;50(04):858–865 O estudo de Kibler et al11 Kibler WB. The role of the scapula in athletic shoulder function. Am J Sports Med 1998;26(02):325–337 contribuóram bastante para o entendimento sobre a dinâmica escapular, a prevenção de lesões, e o tratamento. Estima-se que apenas metade da energia cinética transmitida à bola vem do braço e do ombro. A outra metade é gerada pela rotação do tronco e dos membros inferiores, e é transferida para a extremidade superior por meio da articulação escapulotorácica, fazendo desta articulação uma importante, porém frequentemente negligenciada, parte da cadeia cinética.1616 Chu SK, Jayabalan P, Kibler WB, Press J. The Kinetic Chain Revisited: New Concepts on Throwing Mechanics and Injury. PM R 2016;8(3, Suppl)S69–S77 A análise dinâmica dos ombros durante o arremesso contribuiu para o nosso atual conhecimento da função normal e anormal, e, ao demonstrar quais grupos musculares estão ativos durante o arremesso durante cada fase, ajudou a orientar o desenvolvimento de programas de prevenção e reabilitação.1717 David G, Magarey ME, JonesMA, Dvir Z, Türker KS, Sharpe M. EMG and strength correlates of selected shoulder muscles during rotations of the glenohumeral joint. Clin Biomech (Bristol, Avon) 2000;15(02):95–102

Patogênese das Lesões

O ombro do arremessador está suscetóvel a lesões devido à convergência dos seguintes fatores: atenuação dos constritores da cápsula anterior, contratura da cápsula posterior, desenvolvimento de discinesia escapular, quebra da cadeia cinética, e contato repetitivo do tubérculo maior e do lábio posterossuperior. Cada um desses fatores foi avaliado, e estratégias foram sugeridas para a prevenção de lesão.

Frouxidão da Cápsula Anterior

Estudos biomecânicos demonstraram que a cápsula anterior, particularmente a banda anterior do ligamento glenoumeral inferior, é a principal restritora da translação anterior do úmero com o braço em abdução e rotação lateral.1818 O’Connell PW, Nuber GW, Mileski RA, Lautenschlager E. The contribution of the glenohumeral ligaments to anterior stability of the shoulder joint. Am J Sports Med 1990;18(06):579–584

19 O’Brien SJ, Schwartz RS,Warren RF, Torzilli PA. Capsular restraints to anterior-posterior motion of the abducted shoulder: a biomechanical study. J Shoulder Elbow Surg 1995;4(04):298–308
-2020 McMahon PJ, Tibone JE, Cawley PW, et al. The anterior band of the inferior glenohumeral ligament: biomechanical properties from tensile testing in the position of apprehension. J Shoulder Elbow Surg 1998;7(05):467–471 Portanto, estresse repetitivo nessa área e o desejo do arremessador de atingir nóveis cada vez maiores de rotação lateral levam a uma frouxidão da cápsula anterior.1818 O’Connell PW, Nuber GW, Mileski RA, Lautenschlager E. The contribution of the glenohumeral ligaments to anterior stability of the shoulder joint. Am J Sports Med 1990;18(06):579–584

19 O’Brien SJ, Schwartz RS,Warren RF, Torzilli PA. Capsular restraints to anterior-posterior motion of the abducted shoulder: a biomechanical study. J Shoulder Elbow Surg 1995;4(04):298–308
-2020 McMahon PJ, Tibone JE, Cawley PW, et al. The anterior band of the inferior glenohumeral ligament: biomechanical properties from tensile testing in the position of apprehension. J Shoulder Elbow Surg 1998;7(05):467–471 Embora as causas atribuódas sejam controversas, arremessadores de fato apresentam mais rotação lateral passiva do que rotação do ombro contralateral.2121 Bigliani LU, Codd TP, Connor PM, Levine WN, Littlefield MA, Hershon SJ. Shoulder motion and laxity in the professional baseball player. Am J Sports Med 1997;25(05):609–613,2222 Brown LP, Niehues SL, Harrah A, Yavorsky P, Hirshman HP. Upper extremity range of motion and isokinetic strength of the internal and external shoulder rotators in major league baseball players. Am J Sports Med 1988;16(06):577–585 Se o ganho de rotação lateral for maior do que a perda de rotação medial, ocorre a frouxidão dos restritores.2121 Bigliani LU, Codd TP, Connor PM, Levine WN, Littlefield MA, Hershon SJ. Shoulder motion and laxity in the professional baseball player. Am J Sports Med 1997;25(05):609–613,2222 Brown LP, Niehues SL, Harrah A, Yavorsky P, Hirshman HP. Upper extremity range of motion and isokinetic strength of the internal and external shoulder rotators in major league baseball players. Am J Sports Med 1988;16(06):577–585 Defendendo esse argumento, o trabalho de Jobe et al2323 Jobe FW, Giangarra CE, Kvitne RS, Glousman RE. Anterior capsulolabral reconstruction of the shoulder in athletes in overhand sports. Am J Sports Med 1991;19(05):428–434 descreve o tensionamento da cápsula anterior como um meio de retorno do atleta à atividade de arremesso. Embora este procedimento tenha sido bem-sucedido para os pacientes do estudo de Jobe et al,2323 Jobe FW, Giangarra CE, Kvitne RS, Glousman RE. Anterior capsulolabral reconstruction of the shoulder in athletes in overhand sports. Am J Sports Med 1991;19(05):428–434 no qual 68º dos pacientes apresentaram resultados excelentes e retornaram ao nóvel pré-lesão, e 96º ficaram satisfeitos com a cirurgia, a violação do subescapular e o tensionamento excessivo explicam por que nem todos os pacientes conseguiram retornar ao nóvel pré-lesão após a reconstrução. Com a progressão da frouxidão anterior, há aumento da rotação lateral e aumento do contato entre a parte posterior do manguito e o lábio, o que facilita a ocorrência de lesão.2424 Karduna AR, McClure PW, Michener LA, Sennett B. Dynamic measurements of three-dimensional scapular kinematics: a validation study. J Biomech Eng 2001;123(02):184–190

Contratura da Cápsula Posterior

Com o tempo, os arremessadores apresentam rotação medial diminuóda, principalmente quando medida na posição de abdução.2525 Kay J, Kirsch JM, Bakshi N, et al.Humeral Retroversion and Capsule Thickening in the Overhead Throwing Athlete: A Systematic Review. Arthroscopy 2018;34(04):1308–1318 Acredita-se que essa diminuição de rotação medial ocorra por duas razões. Primeiramente, o aumento da retroversão do úmero observada em arremessadores manifesta-se com uma perda de rotação medial. Entretanto, esta perda, devido à remodelação óssea, é acompanhada por ganho simétrico de rotação lateral.2525 Kay J, Kirsch JM, Bakshi N, et al.Humeral Retroversion and Capsule Thickening in the Overhead Throwing Athlete: A Systematic Review. Arthroscopy 2018;34(04):1308–1318 Outro meio de perda de rotação medial é a contratura da cápsula posterior. Acredita-se que o déficit de rotação medial da articulação glenoumeral ocorra como um processo cicatricial em resposta às forças distrativas crônicas aplicadas à cápsula posterior na fase de execução do arremesso.2525 Kay J, Kirsch JM, Bakshi N, et al.Humeral Retroversion and Capsule Thickening in the Overhead Throwing Athlete: A Systematic Review. Arthroscopy 2018;34(04):1308–1318 Perda rotacional devido a contratura capsular é evidente quando o déficit de rotação medial da articulação glenoumeral excede aquele que pode ser explicado apenas pelo remodelamento ósseo (mais do que 12º), e quando a perda de rotação medial excede o aumento de rotação lateral comparado ao lado contralateral.2525 Kay J, Kirsch JM, Bakshi N, et al.Humeral Retroversion and Capsule Thickening in the Overhead Throwing Athlete: A Systematic Review. Arthroscopy 2018;34(04):1308–1318

Consequências Biomecânicas do Déficit de Rotação Medial da Articulação Glenoumeral

Estudos clónicos e biomecânicos atuais2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158,2727 Johnson JE, Fullmer JA, Nielsen CM, Johnson JK, Moorman CT 3rd. Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Injuries: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2018;6(05): 2325967118773322 mostraram que o déficit de rotação medial da articulação glenoumeral pode ser o evento sentinela na cascata patológica pela qual muitos arremessadores passam. Os autores verificaram que arremessadores que apresentavam lesões labiais superiores apresentavam déficit de rotação medial da articulação glenoumeral acima de 25º.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158,2727 Johnson JE, Fullmer JA, Nielsen CM, Johnson JK, Moorman CT 3rd. Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Injuries: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2018;6(05): 2325967118773322 Mesmo pequenos graus de déficit de rotação medial da articulação glenoumeral (como 5º, por exemplo) colocam o ombro em risco de lesão e eventual necessidade de cirurgia.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158,2727 Johnson JE, Fullmer JA, Nielsen CM, Johnson JK, Moorman CT 3rd. Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Injuries: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2018;6(05): 2325967118773322 O deslocamento posterossuperior que ocorre com o déficit de rotação medial da articulação glenoumeral é devido à contratura capsular posterior e inferior, o que não permite a rotação lateral total do úmero. Com isso, o atleta começa a fazer a rotação em volta de um novo centro de rotação, que é mais posterior e proximal. Essencialmente, uma cápsula posteroinferior que sofreu contratura desloca o úmero mais posterior e proximalmente (►Figura 2).66 Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled throwing shoulder: spectrum of pathology Part I: pathoanatomy and biomechanics. Arthroscopy 2003;19(04):404–420

Fig. 2
Deslocamento posterior e proximal da cabeça umeral.

Discinesia Escapular

A discinesia é uma anormalidade estática ou dinâmica da posição escapular. Dores no ombro levam a uma inibição dos músculos trapézio inferior e serrátil anterior, e contratura do trapézio superior e do peitoral menor.2828 Kibler WB, McMullen J. Scapular dyskinesis and its relation to shoulder pain. J Am Acad Orthop Surg 2003;11(02):142–151

29 Pink MM, Perry J. Biomechanics of the shoulder. St Louis: Mosby- Year Book; 1996

30 McClure PW, Michener LA, Sennett BJ, Karduna AR. Direct 3-dimensional measurement of scapular kinematics during dynamic movements in vivo. J Shoulder Elbow Surg 2001;10(03):269–277
-3131 McQuade KJ, Dawson J, Smidt GL. Scapulothoracic muscle fatigue associated with alterations in scapulohumeral rhythmkinematics during maximum resistive shoulder elevation. J Orthop Sports Phys Ther 1998;28(02):74–80 Este desequilóbrio muscular leva a uma protração da escápula. Arremessadores com perda de rotação medial devido a contratura capsular acabam usando a rotação medial escapular para realizar o arremesso. Com o passar do tempo, a escápula perde os restritores estáticos e provavelmente sobrecarrega os restritores dinâmicos, e, com isso, a escápula desvia-se da linha média e desloca-se anteriormente.3232 Pink MM. Understanding the linkage system of the upper extremity. Sports Med Arthrosc Rev 2001;9(01):52–60 Thomas et al3333 Thomas SJ, Swanik KA, Swanik CB, Kelly JD 4th. Internal rotation deficits affect scapular positioning in baseball players. Clin Orthop Relat Res 2010;468(06):1551–1557 demonstraram que quanto maior o déficit de rotação medial, maior as alterações da posição e mobilidade da escápula. Avaliaram 43 jogadores profissionais de beisebol, e em 22 atletas foram encontrados déficits maiores do que 15°, nos quais havia maior discinesia escapular, com significância estatóstica. Em outro estudo de Thomas et al,3434 Thomas SJ, Swanik KA, Swanik CB, Kelly JD. Internal rotation and scapular position differences: a comparison of collegiate and high school baseball players. J Athl Train 2010;45(01):44–50 foi demonstrada uma relação temporal entre a discinesia escapular e o déficit de rotação medial da articulação glenoumeral, no qual jogadores de beisebol com mais anos de prática demonstraram maior déficit, com significância estatóstica.

Efeitos da Protração Escapular Excessiva

Há diversas consequências biomecânicas de uma escápula com protração ou rotação medial excessivas. Primeiramente, há uma fraqueza do manguito rotador. Como o complexo do manguito rotador essencialmente origina-se da escápula, se houver uma plataforma instável, não há uma função adequada destes músculos.3535 Kibler WB, Sciascia A, Dome D. Evaluation of apparent and absolute supraspinatus strength in patients with shoulder injury using the scapular retraction test. Am J Sports Med 2006;34(10): 1643–1647 Além disso, a maior protração aumenta a versão da escápula, levando a uma desestabilização anterior e a aumento da sobrecarga nos ligamentos anteriores.3636 Weiser WM, Lee TQ, McMaster WC, McMahon PJ. Effects of simulated scapular protraction on anterior glenohumeral stability. Am J Sports Med 1999;27(06):801–805 A protração excessiva também aumenta o grau de impacto entre o manguito rotador posterior e a região posterossuperior da glenoide durante abdução e rotação lateral.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158 O estudo de Laudner et al3737 Laudner KG, Myers JB, Pasquale MR, Bradley JP, Lephart SM. Scapular dysfunction in throwers with pathologic internal impingement. J Orthop Sports Phys Ther 2006;36(07):485–494 avaliou que atletas arremessadores diagnosticados com impacto interno patológico apresentaram aumento com significância estatóstica da elevação da articulação esternoclavicular e desvio escapular posterior durante elevação do ombro no plano da escápula.

Condições Patológicas Comuns e Opções de Tratamento

Mobilidade e Instabilidade

Mobilidade é definida como movimentação passiva de uma articulação em uma direção especial ou rotação.3838 Wilk KE, Andrews JR, Arrigo CA, KeirnsMA, Erber DJ. The strength characteristics of internal and external rotator muscles in professional baseball pitchers. Am J Sports Med 1993;21(01):61–66,3939 Ryu RKN, Dunbar WH V, Kuhn JE, McFarland EG, Chronopoulos E, KimTK. Comprehensive evaluation and treatment of the shoulder in the throwing athlete. Arthroscopy 2002;18(09, Suppl 2):70–89 Hiperelasticidade pode ser fisiológica ou patológica, e pode predispor a lesões. Já o termo instabilidade do ombro é reservado para a sensação de um movimento excessivo da cabeça umeral em relação à glenoide, que geralmente está associada a dor ou desconforto. Poucos arremessadores apresentam sintomas de instabilidade, embora o termo instabilidade tenha sido usado em muitos estudos para descrever a sóndrome que ocorre em arremessadores. Enquanto algum grau de hiperelasticidade possa auxiliar o atleta a competir em alto nóvel em esportes que envolvem arremesso, o seu excesso pode ser responsável pelo desenvolvimento de certas condições patológicas do ombro. Isso tem sido chamado de instabilidade atraumática, que se acredita que ocorre pelo estresse repetitivo durante os arremessos.4040 DeFroda SF, Goyal D, Patel N, Gupta N, Mulcahey MK. Shoulder Instability in the Overhead Athlete. Curr Sports Med Rep 2018;17 (09):308–314 Kuhn et al4141 Kuhn JE, Lindholm SR, Huston LJ, Soslowsky LJ, Blasier RB. Failure of the biceps superior labral complex: a cadaveric biomechanical investigation comparing the late cocking and early deceleration positions of throwing. Arthroscopy 2003;19(04):373–379 cunharam o termo hiperelasticidade patológica, que nós também acreditamos ser uma descrição mais precisa do que está realmente acontecendo.

Lesões SLAP

A lesão do lábio superior de anterior para posterior (superior labral tear from anterior to posterior, SLAP, em inglês) é uma causa clónica importante de dor no ombro. Burkhart e Morgan4242 Burkhart SS, Morgan CD. The peel-back mechanism: its role in producing and extending posterior type II SLAP lesions and its effect on SLAP repair rehabilitation. Arthroscopy 1998;14(06): 637–640 propuseram que as lesões SLAP em arremessadores ocorrem pelo mecanismo de "peel-back," que é definido como um aumento da tensão na origem do bóceps durante a máxima rotação lateral durante o arremesso. Estudos em laboratório mostraram que a cabeça longa do bóceps é um restritor dinâmico importante da rotação lateral quando o braço é abduzido.4343 Kuhn JE, Huston LJ, Soslowsky LJ, Shyr Y, Blasier RB. External rotation of the glenohumeral joint: ligament restraints and muscle effects in the neutral and abducted positions. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S)39S–48S Inicialmente, preconiza-se o tratamento conservador, cujos principais objetivos são a diminuição da dor, o ganho de arco de movimento, e a concentração em fortalecimento dinâmico com ênfase nos estabilizadores da escápula e do manguito rotador.4242 Burkhart SS, Morgan CD. The peel-back mechanism: its role in producing and extending posterior type II SLAP lesions and its effect on SLAP repair rehabilitation. Arthroscopy 1998;14(06): 637–640 Na falha deste, indica-se o tratamento cirúrgico, que geralmente é artroscópico, e varia de acordo com o grau da lesão.4242 Burkhart SS, Morgan CD. The peel-back mechanism: its role in producing and extending posterior type II SLAP lesions and its effect on SLAP repair rehabilitation. Arthroscopy 1998;14(06): 637–640

Lesões do Manguito Rotador

Cerca de 62% das lesões do manguito rotador dos arremessadores são lesões parciais articulares.66 Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled throwing shoulder: spectrum of pathology Part I: pathoanatomy and biomechanics. Arthroscopy 2003;19(04):404–420 Estas lesões em arremessadores são encontradas geralmente posterossuperiormente na junção das inserções dos músculos supra e infraespinais.4444 Walch G, Boileau P, Noel E, Donell ST. Impingement of the deep surface of the supraspinatus tendon on the posterosuperior glenoid rim: An arthroscopic study. J Shoulder Elbow Surg 1992;1(05):238–245,4545 Miniaci A, Mascia AT, Salonen DC, Becker EJ. Magnetic resonance imaging of the shoulder in asymptomatic professional baseball pitchers. Am J Sports Med 2002;30(01):66–73 Fisioterapia deve ser considerada o tratamento inicial das lesões parciais do manguito em arremessadores. O simples desbridamento não tem demonstrado bons resultados em arremessadores. O estudo de Payne et al4646 Payne LZ, Altchek DW, Craig EV, Warren RF. Arthroscopic treatment of partial rotator cuff tears in young athletes. A preliminary report. Am J Sports Med 1997;25(03):299–305 avaliou atletas submetidos ao desbridamento simples que foram divididos em dois grupos (arremessadores com lesões traumáticas e lesões não traumáticas). Em pacientes com lesões traumáticas, houve resultado satisfatório em 86% dos casos e 64% retornaram ao esporte. Já nos atletas com lesões não traumáticas, houve resultado satisfatório em 66% dos casos, e retorno ao esporte em 45% deles.

Impacto

Diferentes tipos de impactos foram descritos na literatura, incluindo o impacto clássico, o subacromial, o secundário, e o interno.4747 Jobe FW, Kvitne RS, Giangarra CE. Shoulder pain in the overhand or throwing athlete. The relationship of anterior instability and rotator cuff impingement. Orthop Rev 1989;18(09):963–975

48 Jobe FW, Jobe CM. Painful athletic injuries of the shoulder. Clin Orthop Relat Res 1983;(173):117–124

49 Warner JJ, Micheli LJ, Arslanian LE, Kennedy J, Kennedy R. Scapulothoracicmotion in normal shoulders and shoulderswith glenohumeral instability and impingement syndrome. A study using Moiré topographic analysis. Clin Orthop Relat Res 1992;(285):191–199

50 Morris AD, Kemp GJ, Frostick SP. Shoulder electromyography in multidirectional instability. J Shoulder Elbow Surg 2004;13(01): 24–29

51 Crockett HC, Gross LB, Wilk KE, et al. Osseous adaptation and range of motion at the glenohumeral joint in professional baseball pitchers. Am J Sports Med 2002;30(01):20–26
-5252 Bach HG, Goldberg BA. Posterior capsular contracture of the shoulder. J Am Acad Orthop Surg 2006;14(05):265–277 O impacto interno é um fenômeno patológico no qual o manguito rotador encontra-se com o aspecto posterossuperior do lábio com o ombro no grau máximo de abdução e rotação lateral.5353 Jobe CM. Posterior superior glenoid impingement: expanded spectrum. Arthroscopy 1995;11(05):530–536,5454 Walch G, Liotard JP, Boileau P, Noël E. [Postero-superior glenoid impingement. Another shoulder impingement]. Rev Chir Orthop Repar Appar Mot 1991;77(08):571–574 Vários estudos demonstraram que esse tipo de impacto é mais provavelmente causado pela fadiga da musculatura da cintura escapular devido à falta de condicionamento ou ao excesso de treinamento.5555 Jobe CM. Superior glenoid impingement. Orthop Clin North Am 1997;28(02):137–143,5656 Paley KJ, Jobe FW, Pink MM, Kvitne RS, ElAttrache NS. Arthroscopic findings in the overhand throwing athlete: evidence for posterior internal impingement of the rotator cuff. Arthroscopy 2000;16(01):35–40 Estes estudos demonstraram que, durante a fase de aceleração do arremesso, o úmero deve estar alinhado com o plano da escápula. A partir do momento em que os músculos ficam fadigados, o úmero sai do plano da escápula, o que é chamado de hiperangulação, que acarreta a sobrecarga da cápsula anterior.5757 Jobe CM, Pink MM, Jobe FW, Shaffer B. Anterior shoulder instability, impingement, and rotator cuff tear: theories and concepts. In: Jobe FW, editor. Operative techniques in upper extremity sports injuries. St. Louis, MO: Mosby; 1996:164–176

Linhas Gerais do Tratamento

O tratamento se inicia com medidas conservadoras. A contratura da cápsula posterior deve ser abordada, e deve ser realizado um programa de alongamento e mobilização. Esses alongamentos devem isolar a articulação glenoumeral para que a compensação escapular seja minimizada.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158 A avaliação da cadeia cinética é essencial. Contratura lombar, fraqueza dos abdutores do quadril, e diminuição da rotação medial da perna devem ser investigadas.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158 A discinesia escapular, a qual geralmente está presente, pode geralmente ser tratada com exercócios que auxiliem na restauração da mobilidade normal escapular. O primeiro passo da reabilitação escapular deve focar na reeducação neuromuscular dos músculos estabilizadores escapulares. Fortalecimento deve ser iniciado após esta fase.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158 O fortalecimento dos músculos do manguito rotador deve ser feito, especialmente do infraespinal, por meio de exercócios de rotação lateral com resistência, o que protege o manguito rotador de lesões.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158

O tratamento cirúrgico é indicado em casos de falha do tratamento conservador. Tenta-se geralmente pelo menos de três a quatro meses de fisioterapia, a qual pode ser prolongada caso o atleta apresente melhora progressiva do quadro.2626 Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158 A maioria dos arremessadores, especialmente os mais jovens, são capazes de recuperação a partir do momento em que há resolução da discinesia escapular e do déficit de rotação medial.

Considerações Finais

O desempenho de atletas arremessadores é frequentemente limitado por lesões no ombro. Esses problemas são complexos e, portanto, de difócil manejo. Os problemas ocorrem como resultado de uma combinação de desquilóbrio muscular, fadiga muscular, hiperfrouxidão da cápsula anterior, contratura da cápsula posterior, mecânica alterada do arremesso, discinesia escapular, aumento da retroversão umeral, e microtraumas repetitivos. Como resultado, em arremessadores observamos lesões que envolvem o lábio, o lado articular da parte posterior do manguito rotador, e a inserção proximal da cabeça longa do bóceps.

Os mecanismos e etiologias das lesões em arremessadores estão se tornando mais bem definidos. Embora haja controvérsia sobre qual seria o evento inicial, os padrões tópicos de lesão continuam os mesmos.

Antes de pensarmos sobre opções de tratamento, é fundamental obter uma história detalhada, exame fósico, e estudos adicionais de imagem para chegar ao diagnóstico correto. O tratamento de lesões do ombro deve ser iniciado com um protocolo que centrado no restabelecimento do arco de movimento, no fortalecimento e no alongamento especófico para promover a estabilidade da escápula, do ombro, e dos músculos profundos da região abdominal, lombar e pélvica que têm como finalidade manter a estabilidade dessa região. Além disso, os médicos, fisioterapeutas e preparadores fósicos envolvidos com atletas arremessadores devem ter ampla compreensão de toda a cascata fisiopatológica que leva a lesões nesses atletas.

  • *
    Trabalho desenvolvido no Grupo de Ombro e Cotovelo, Centro de Traumatologia do Esporte, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

References

  • 1
    Kibler WB. The role of the scapula in athletic shoulder function. Am J Sports Med 1998;26(02):325–337
  • 2
    Hirashima M, Kadota H, Sakurai S, Kudo K, Ohtsuki T. Sequential muscle activity and its functional role in the upper extremity and trunk during overarm throwing. J Sports Sci 2002;20(04):301–310
  • 3
    Wilk KE, Meister K, Andrews JR. Current concepts in the rehabilitation of the overhead throwing athlete. Am J Sports Med 2002;30 (01):136–151
  • 4
    Werner SL, Guido JA Jr, StewartGW,McNeice RP, VanDyke T, Jones DG. Relationships between throwing mechanics and shoulder distraction in collegiate baseball pitchers. J Shoulder Elbow Surg 2007;16(01):37–42
  • 5
    Bakshi N, Freehill MT. The Overhead Athletes Shoulder. Sports Med Arthrosc Rev 2018;26(03):88–94
  • 6
    Burkhart SS, Morgan CD, Kibler WB. The disabled throwing shoulder: spectrum of pathology Part I: pathoanatomy and biomechanics. Arthroscopy 2003;19(04):404–420
  • 7
    Mlynarek RA, Lee S, Bedi A. Shoulder Injuries in the Overhead Throwing Athlete. Hand Clin 2017;33(01):19–34
  • 8
    Kuhn JE. Throwing, the Shoulder, and Human Evolution. Am J Orthop 2016;45(03):110–114
  • 9
    Zaremski JL,Wasser JG, Vincent HK. Mechanisms and Treatments for Shoulder Injuries in Overhead Throwing Athletes. Curr Sports Med Rep 2017;16(03):179–188
  • 10
    Meister K. Injuries to the shoulder in the throwing athlete. Part one: Biomechanics/pathophysiology/classification of injury. Am J Sports Med 2000;28(02):265–275
  • 11
    Lin DJ, Wong TT, Kazam JK. Shoulder Injuries in the Overhead- Throwing Athlete: Epidemiology, Mechanisms of Injury, and Imaging Findings. Radiology 2018;286(02):370–387
  • 12
    Pappas AM, Zawacki RM, Sullivan TJ. Biomechanics of baseball pitching. A preliminary report. Am J Sports Med 1985;13(04): 216–222
  • 13
    Dillman CJ, Fleisig GS, Andrews JR. Biomechanics of pitching with emphasis upon shoulder kinematics. J Orthop Sports Phys Ther 1993;18(02):402–408
  • 14
    Kuhn JE, Lindholm SR, Huston LJ. Failure of the biceps-superior labral complex (SLAP lesion) in the throwing athlete: a biomechanical model comparing maximal cocking to early deceleration. . [abstract]J Shoulder Elbow Surg 2000;9:463
  • 15
    Reeves B. Experiments on the tensile strength of the anterior capsular structures of the shoulder in man. J Bone Joint Surg Br 1968;50(04):858–865
  • 16
    Chu SK, Jayabalan P, Kibler WB, Press J. The Kinetic Chain Revisited: New Concepts on Throwing Mechanics and Injury. PM R 2016;8(3, Suppl)S69–S77
  • 17
    David G, Magarey ME, JonesMA, Dvir Z, Türker KS, Sharpe M. EMG and strength correlates of selected shoulder muscles during rotations of the glenohumeral joint. Clin Biomech (Bristol, Avon) 2000;15(02):95–102
  • 18
    O’Connell PW, Nuber GW, Mileski RA, Lautenschlager E. The contribution of the glenohumeral ligaments to anterior stability of the shoulder joint. Am J Sports Med 1990;18(06):579–584
  • 19
    O’Brien SJ, Schwartz RS,Warren RF, Torzilli PA. Capsular restraints to anterior-posterior motion of the abducted shoulder: a biomechanical study. J Shoulder Elbow Surg 1995;4(04):298–308
  • 20
    McMahon PJ, Tibone JE, Cawley PW, et al. The anterior band of the inferior glenohumeral ligament: biomechanical properties from tensile testing in the position of apprehension. J Shoulder Elbow Surg 1998;7(05):467–471
  • 21
    Bigliani LU, Codd TP, Connor PM, Levine WN, Littlefield MA, Hershon SJ. Shoulder motion and laxity in the professional baseball player. Am J Sports Med 1997;25(05):609–613
  • 22
    Brown LP, Niehues SL, Harrah A, Yavorsky P, Hirshman HP. Upper extremity range of motion and isokinetic strength of the internal and external shoulder rotators in major league baseball players. Am J Sports Med 1988;16(06):577–585
  • 23
    Jobe FW, Giangarra CE, Kvitne RS, Glousman RE. Anterior capsulolabral reconstruction of the shoulder in athletes in overhand sports. Am J Sports Med 1991;19(05):428–434
  • 24
    Karduna AR, McClure PW, Michener LA, Sennett B. Dynamic measurements of three-dimensional scapular kinematics: a validation study. J Biomech Eng 2001;123(02):184–190
  • 25
    Kay J, Kirsch JM, Bakshi N, et al.Humeral Retroversion and Capsule Thickening in the Overhead Throwing Athlete: A Systematic Review. Arthroscopy 2018;34(04):1308–1318
  • 26
    Burkhart SS, Morgan CD, KiblerWB. Shoulder injuries in overhead athletes. The “dead arm” revisited. Clin Sports Med 2000;19(01): 125–158
  • 27
    Johnson JE, Fullmer JA, Nielsen CM, Johnson JK, Moorman CT 3rd. Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Injuries: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2018;6(05): 2325967118773322
  • 28
    Kibler WB, McMullen J. Scapular dyskinesis and its relation to shoulder pain. J Am Acad Orthop Surg 2003;11(02):142–151
  • 29
    Pink MM, Perry J. Biomechanics of the shoulder. St Louis: Mosby- Year Book; 1996
  • 30
    McClure PW, Michener LA, Sennett BJ, Karduna AR. Direct 3-dimensional measurement of scapular kinematics during dynamic movements in vivo. J Shoulder Elbow Surg 2001;10(03):269–277
  • 31
    McQuade KJ, Dawson J, Smidt GL. Scapulothoracic muscle fatigue associated with alterations in scapulohumeral rhythmkinematics during maximum resistive shoulder elevation. J Orthop Sports Phys Ther 1998;28(02):74–80
  • 32
    Pink MM. Understanding the linkage system of the upper extremity. Sports Med Arthrosc Rev 2001;9(01):52–60
  • 33
    Thomas SJ, Swanik KA, Swanik CB, Kelly JD 4th. Internal rotation deficits affect scapular positioning in baseball players. Clin Orthop Relat Res 2010;468(06):1551–1557
  • 34
    Thomas SJ, Swanik KA, Swanik CB, Kelly JD. Internal rotation and scapular position differences: a comparison of collegiate and high school baseball players. J Athl Train 2010;45(01):44–50
  • 35
    Kibler WB, Sciascia A, Dome D. Evaluation of apparent and absolute supraspinatus strength in patients with shoulder injury using the scapular retraction test. Am J Sports Med 2006;34(10): 1643–1647
  • 36
    Weiser WM, Lee TQ, McMaster WC, McMahon PJ. Effects of simulated scapular protraction on anterior glenohumeral stability. Am J Sports Med 1999;27(06):801–805
  • 37
    Laudner KG, Myers JB, Pasquale MR, Bradley JP, Lephart SM. Scapular dysfunction in throwers with pathologic internal impingement. J Orthop Sports Phys Ther 2006;36(07):485–494
  • 38
    Wilk KE, Andrews JR, Arrigo CA, KeirnsMA, Erber DJ. The strength characteristics of internal and external rotator muscles in professional baseball pitchers. Am J Sports Med 1993;21(01):61–66
  • 39
    Ryu RKN, Dunbar WH V, Kuhn JE, McFarland EG, Chronopoulos E, KimTK. Comprehensive evaluation and treatment of the shoulder in the throwing athlete. Arthroscopy 2002;18(09, Suppl 2):70–89
  • 40
    DeFroda SF, Goyal D, Patel N, Gupta N, Mulcahey MK. Shoulder Instability in the Overhead Athlete. Curr Sports Med Rep 2018;17 (09):308–314
  • 41
    Kuhn JE, Lindholm SR, Huston LJ, Soslowsky LJ, Blasier RB. Failure of the biceps superior labral complex: a cadaveric biomechanical investigation comparing the late cocking and early deceleration positions of throwing. Arthroscopy 2003;19(04):373–379
  • 42
    Burkhart SS, Morgan CD. The peel-back mechanism: its role in producing and extending posterior type II SLAP lesions and its effect on SLAP repair rehabilitation. Arthroscopy 1998;14(06): 637–640
  • 43
    Kuhn JE, Huston LJ, Soslowsky LJ, Shyr Y, Blasier RB. External rotation of the glenohumeral joint: ligament restraints and muscle effects in the neutral and abducted positions. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(1, Suppl S)39S–48S
  • 44
    Walch G, Boileau P, Noel E, Donell ST. Impingement of the deep surface of the supraspinatus tendon on the posterosuperior glenoid rim: An arthroscopic study. J Shoulder Elbow Surg 1992;1(05):238–245
  • 45
    Miniaci A, Mascia AT, Salonen DC, Becker EJ. Magnetic resonance imaging of the shoulder in asymptomatic professional baseball pitchers. Am J Sports Med 2002;30(01):66–73
  • 46
    Payne LZ, Altchek DW, Craig EV, Warren RF. Arthroscopic treatment of partial rotator cuff tears in young athletes. A preliminary report. Am J Sports Med 1997;25(03):299–305
  • 47
    Jobe FW, Kvitne RS, Giangarra CE. Shoulder pain in the overhand or throwing athlete. The relationship of anterior instability and rotator cuff impingement. Orthop Rev 1989;18(09):963–975
  • 48
    Jobe FW, Jobe CM. Painful athletic injuries of the shoulder. Clin Orthop Relat Res 1983;(173):117–124
  • 49
    Warner JJ, Micheli LJ, Arslanian LE, Kennedy J, Kennedy R. Scapulothoracicmotion in normal shoulders and shoulderswith glenohumeral instability and impingement syndrome. A study using Moiré topographic analysis. Clin Orthop Relat Res 1992;(285):191–199
  • 50
    Morris AD, Kemp GJ, Frostick SP. Shoulder electromyography in multidirectional instability. J Shoulder Elbow Surg 2004;13(01): 24–29
  • 51
    Crockett HC, Gross LB, Wilk KE, et al. Osseous adaptation and range of motion at the glenohumeral joint in professional baseball pitchers. Am J Sports Med 2002;30(01):20–26
  • 52
    Bach HG, Goldberg BA. Posterior capsular contracture of the shoulder. J Am Acad Orthop Surg 2006;14(05):265–277
  • 53
    Jobe CM. Posterior superior glenoid impingement: expanded spectrum. Arthroscopy 1995;11(05):530–536
  • 54
    Walch G, Liotard JP, Boileau P, Noël E. [Postero-superior glenoid impingement. Another shoulder impingement]. Rev Chir Orthop Repar Appar Mot 1991;77(08):571–574
  • 55
    Jobe CM. Superior glenoid impingement. Orthop Clin North Am 1997;28(02):137–143
  • 56
    Paley KJ, Jobe FW, Pink MM, Kvitne RS, ElAttrache NS. Arthroscopic findings in the overhand throwing athlete: evidence for posterior internal impingement of the rotator cuff. Arthroscopy 2000;16(01):35–40
  • 57
    Jobe CM, Pink MM, Jobe FW, Shaffer B. Anterior shoulder instability, impingement, and rotator cuff tear: theories and concepts. In: Jobe FW, editor. Operative techniques in upper extremity sports injuries. St. Louis, MO: Mosby; 1996:164–176

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2021

Histórico

  • Recebido
    05 Jul 2019
  • Aceito
    05 Dez 2019
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br