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Métodos de avaliação do regenerado ósseo* * Trabalho desenvolvido no Serviço de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brasil. Bone Regenerate Evaluation Methods

Resumo

Desde que foi descrita por Ilizarov, a técnica de osteogênese por distração tem sido utilizada para o tratamento de diversas condições relacionadas ao trauma, infecções, tumores ósseos edoenças congênitas, naforma detransporteou alongamento ósseo. Um dos dilemas mais comuns do cirurgião ortopédico que realiza distração osteogênica é o estabelecimentodeum método reprodutível deverificaçãoda progressão da osteogênese, que permita a detecção precoce de falhas no regenerado, para que se possa interferir de formaeficazduranteotratamento,bemcomodeterminarotempoapropriadoderemoção dofixadorexterno.Recentemente,váriosmétodosdemonitoramentoquantitativo,comos quais se poderia avaliar a recuperação da estrutura e as propriedades biomecânicas do regenerado ósseoemdiferentes estágios, alémdoprocessodecicatrização óssea, têm sido amplamente investigados. Por esses métodos, pode-se saber o conteúdo mineral ósseo, a densidade mineral óssea, a rigidez e o metabolismo ósseo. Nesta revisão, resumimos de forma abrangente as técnicas mais recentes para avaliar a cicatrização óssea durante a distração osteogênica, entre elas, métodos como aradiografia convencional e os valores de pixels em radiologia digital, a ultrassonografia, a densitometria e a cintilografia ósseas, a tomografia computadorizada quantitativa, a avaliação biomecânica, os marcadores bioquímicos e os modelos matemáticos. Consideramos fundamental o conhecimento dos diversos métodos à disposição atualmente e entendemos que a utilização de vários métodos de monitoramento simultaneamente possa ser uma solução ideal, que aponte para uma direção futura no seguimento da distração osteogênica.

Palavras-chave
avaliação quantitativa; distração osteogênica; fenômenos biomecânicos; fixação externa; radiografia

Abstract

Since its introduction by Ilizarov, the distraction osteogenesis technique has been used to treat trauma-related conditions, infections, bone tumors, and congenital diseases, either as methods of bone transport or elongation. One of the major dilemmas for the orthopedic surgeon who performs osteogenic distraction is establishing a reproducible method of assessing the progression of the osteogenesis, enabling the early detection of regenerate failures,inorder toeffectively interfereduring treatment, andtodeterminetheappropriate time to remove the external fixator. Several quantitative monitoring methods to evaluate the structural recovery and biomechanical properties of the bone regenerate at different stages,aswell as the bone healing process, are under study. These methods can reveal data on bone metabolism, stiffness, bone mineral content, and bone mineral density. The present review comprehensively summarizes the most recent techniques to assess bone healing during osteogenic distraction, including conventional radiography and pixel values in digital radiology, ultrasonography, bone densitometry and scintigraphy, quantitative computed tomography, biomechanical evaluation, biochemical markers, and mathematical models. We believe it is crucial to know the different methods currently available, and we understand that using several monitoring methods simultaneously can be an ideal solution, pointing to a future direction in the follow-up of osteogenic distraction.

Keywords
quantitative evaluation; osteogenic distraction; biomechanical phenomena; external fixation; X-ray

Introdução

Desde que foi descrita por Ilizarov, a técnica de osteogênese por distração tem sido utilizada para o tratamento de diversas condições relacionadas ao trauma, infecções, tumores ósseos e doenças congênitas, na forma de transporte ou alongamento ósseo. Para que esse procedimento tenha êxito, é essencial respeitar alguns fatores, como osteotomia de baixa energia, fixação estável, período de latência aceitável, ritmo de distração adequado e manutenção do membro funcional durante a distração.11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11 A localização da osteotomia também influencia na qualidade do regenerado; as metafisárias têm uma melhor chance de levar à formação de calo ósseo suficiente. O período de latência entre a osteotomia e o início da distração varia entre cinco e sete dias, tempo necessário para permitir a formação e a organização do hematoma, para maximizar a formação do regenerado com vascularização adequada. A maioria dos autores recomenda uma taxa de distração de 0,25mm 4 vezes ao dia.11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11

Antes de iniciar o processo de distração osteogênica, são necessários uma anamnese e um exame físico criteriosos. É preciso identificar alguns fatores de risco que podem atrapalhar na formação do regenerado, tais como doenças concomitantes, uso de drogas e tabagismo, idade, desnutrição, diabetes mellitus, uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais, a etiologia da anormalidade e cirurgias prévias no local da osteotomia, tumores e alterações na vascularização dos tecidos circundantes.11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11,22 Hamanishi C, Yasuwaki Y, Kikuchi H, Tanaka S, Tamura K. Classification of the callus in limb lengthening. Radiographic study of 35 limbs. Acta Orthop Scand 1992;63(04):430–433,33 Isaac D, Fernandez H, Song HR, et al. Callus patterns in femur lengthening using a monolateral external fixator. Skeletal Radiol 2008;37(04):329–334

Um dos dilemas mais comuns do cirurgião ortopédico que realiza distração osteogênica é o estabelecimento de um método reprodutível de verificação da progressão da osteogênese, que permita a detecção precoce de falhas no regenerado, para quesepossa interferirdeforma eficaz durante o tratamento, bem como determinar o tempo apropriado para a remoção do fixador externo.44 Muzaffar N, Hafeez A, Modi H, Song HR. Callus patterns in femoral lengthening over an intramedullary nail. J Orthop Res 2011;29 (07):1106–1113

Avaliação e monitoramento do regenerado

Radiografia

Aformaçãodoossoregenerado podeseravaliadaemonitorada de diversas formas, sendo a radiografia simples ométodo mais amplamente utilizado,11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11 pois se trata do exame mais prontamente disponível e clinicamente mais acessível.33 Isaac D, Fernandez H, Song HR, et al. Callus patterns in femur lengthening using a monolateral external fixator. Skeletal Radiol 2008;37(04):329–334,55 Archer L, Dobbe A, Chhina H, García HV, Cooper A. Inter-and Intra-observer reliability of the pixel value ratio, Ru Li’ s and Donnan’ s classifications of regenerate quality inpediatric limblengthening. J Limb Lengthening Reconstr 2018;4(01):26 À vista disso,asradiografias são consideradasasimagens com melhor custo-benefício para acompanhamento de todos os aspectos da regeneração óssea;66 Singh S, Song HR, Venkatesh KP, et al. Analysis of callus pattern of tibia lengthening in achondroplasia and a novel method of regeneration assessment using pixel values. Skeletal Radiol 2010;39(03):261–266,77 KolbeckS,BailH,WeilerA,WindhagenH,HaasN,RaschkeM.Digital radiography. A predictor of regenerate bone stiffness in distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 1999;(366):221–228 em contrapartida,ométodo é dependente da experiência de quem o avalia.11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11

Quando comparada a outros métodos, no acompanhamento dos pacientes em procedimentos de alongamento ósseo, a maior desvantagem da radiografia é o fato de que ela não é capaz de detectar a presença de novo regenerado até que uma quantidade considerável de cálcio tenha sido nele depositada.33 Isaac D, Fernandez H, Song HR, et al. Callus patterns in femur lengthening using a monolateral external fixator. Skeletal Radiol 2008;37(04):329–334 Acalcificação está biologicamenteatrasada em relação à formação do osteoide, e algumas semanas podem se passar antes que uma indicação da resposta óssea ao alongamento seja identificada por meio da radiografia.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651

O sucesso da distração osteogênica depende da avaliação radiográfica sequencial, que é essencial para orientar decisões, como a remoção dos fixadores externos e a alteração da taxa de distração. A presença de três a quatro corticais cicatrizadas nas radiografias anteroposterior e lateral é comumente usada como ponto final para a cicatrização.99 Skaggs DL, Leet AI, Money MD, Shaw BA, Hale JM, Tolo VT. Secondary fractures associated with external fixation in pediatric femur fractures. J Pediatr Orthop 1999;19(05):582–586,1010 Fischgrund J, Paley D, Suter C. Variables affecting time to bone healing during limb lengthening. Clin Orthop Relat Res 1994; (301):31–37 Embora útil, entre os profissionais há muita discordância com relação a este método, e há relatos de taxas de concordância entre observadores inferiores a 0,5.1111 Anand A, Feldman DS, Patel RJ, et al. Interobserver and intra-observer reliability of radiographic evidence of bone healing at osteotomy sites. J Pediatr Orthop B 2006;15(04):271–272 A decisão de remover o fixador geralmente é tomada com base na radiografia simples e no exame clínico no momento da remoção do fixador; no entanto, usando esses critérios, taxas de fratura de 30% a 50% foram relatadas.1212 Ocksrider J, Boden AL, Greif DN, et al. Radiographic evaluation of reconstructive surgery for segmental bone defects: What the radiologist should know about distraction osteogenesis and bone grafting. Clin Imaging 2020;67:15–29,1313 Saran N, Hamdy RC. DEXA as a predictor of fixator removal in distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 2008;466(12): 2955–2961,1414 Hazra S, Song HR, Biswal S, et al. Quantitative assessment of mineralization in distraction osteogenesis. Skeletal Radiol 2008; 37(09):843–847 A corticalização adequada é definida como 2mm de córtex visto com densidade semelhante ao osso normal e 3 desses córtices visíveis na radiografia. Em casos com alongamento de mais de 10cm ou mais de 50% do comprimento original da tíbia, a presença de 3 córtices parece inadequada, e estender o tempo de remoção do fixador até que o quarto córtex também esteja bem formado é aconselhável para prevenir o retardo da subsidência da tíbia.1515 Shyam AK, Singh SU, Modi HN, Song HR, Lee SH, An H. Leg lengthening by distraction osteogenesis using the Ilizarov apparatus: a novel concept of tibia callus subsidence and its influencing factors. Int Orthop 2009;33(06):1753–1759

Shyam et al.1515 Shyam AK, Singh SU, Modi HN, Song HR, Lee SH, An H. Leg lengthening by distraction osteogenesis using the Ilizarov apparatus: a novel concept of tibia callus subsidence and its influencing factors. Int Orthop 2009;33(06):1753–1759 descreveram a razão de diâmetro do calo, calculada medindo-se a média dos diâmetros anteroposterior e lateral do calo e dividindo-a pela média dos diâmetros das extremidades proximal edistalda corticotomia. Mamada et al.1616 Mamada K, Nakamura K, Matsushita T, etal. Thediameter of callus in leg lengthening: 28 tibial lengthenings in 14 patients with achondroplasia. Acta Orthop Scand 1998;69(03):306–310 demonstraram um aumento significativo na taxa de fratura quando esta razão era inferior a 80%.

As técnicas radiográficas tradicionais permitem a avaliação qualitativa da neoformação óssea, mas isso nunca foi devidamente quantificado. Sem um método de medição objetivo, o erro intraobservador e interobservador pode ser alto em medidas subjetivas que usam radiografias.1717 Zhao L, Fan Q, Venkatesh KP, Park MS, Song HR. Objective guidelines for removing an external fixator after tibial lengthening using pixel value ratio: a pilot study. Clin Orthop Relat Res 2009; 467(12):3321–3326

Starr et al.1818 Starr KA, Fillman R, Raney EM. Reliability of radiographic assessment of distraction osteogenesis site. J Pediatr Orthop 2004;24 (01):26–29 avaliaram o critério comumente citado, da presença de três das quatro corticais contínuas de pelo menos 2mm de espessura nas radiografias anteroposterior e lateral, e encontraram valores baixos para os coeficientes kappa médios de confiabilidade relativos às respostas intraobservador (0,290) e interobservador (0,127), o que indica que a avaliação do número de córtices por si só não é um bomindicador do momento da remoção do fixador, sendo insuficiente como método isolado.

Eyres et al.1919 Eyres KS, Bell MJ, Kanis JA. Methods of assessing new bone formation during limb lengthening. Ultrasonography, dual energy X-ray absorptiometry and radiography compared. J Bone Joint Surg Br 1993;75(03):358–364 relatam que, embora a ultrassonografia e a densitometria óssea por absorciometria de raios-x de dupla energia (dual energy x-ray absorptiometry, DEXA, em inglês) forneçam informações valiosas sobre a distribuição e a quantidade de osso novo formado durante a distração osteogênica, as radiografias com imagens de alta resolução foram úteis na detecção de pequenos defeitos corticais que não foram identificados pelas outras técnicas de imagem.

Valores de Pixels em Radiologia Digital

As técnicas radiográficas tradicionais permitem a avaliação qualitativadaneoformação óssea, masasua quantificação não era possível até o desenvolvimento da radiologia digital.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651,2020 Minematsu K, Tsuchiya H, Taki J, Tomita K. Blood flow measure-mentduring distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 1998; (347):229–235 Os métodos quantitativos incluem tomografia computadorizada quantitativa (TCQ),2121 Romanowski CA, Underwood AC, Sprigg A. Reduction of radiation doses in leg lengthening procedures by means of audit and computed tomography scanogram techniques. Br J Radiol 1994; 67(803):1103–1107,2222 Salmas MG, Nikiforidis G, Sakellaropoulos G, Kosti P, Lambiris E. Estimation of artifacts induced by the Ilizarov device in quantitative computed tomographic analysis of tibiae. Injury 1998;29 (09):711–716 cintilografia quantitativa com tecnécio2020 Minematsu K, Tsuchiya H, Taki J, Tomita K. Blood flow measure-mentduring distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 1998; (347):229–235 e densitometria óssea por DEXA.1919 Eyres KS, Bell MJ, Kanis JA. Methods of assessing new bone formation during limb lengthening. Ultrasonography, dual energy X-ray absorptiometry and radiography compared. J Bone Joint Surg Br 1993;75(03):358–364 Esses métodos medem a mineralização do osso regenerado, que se correlaciona comasuarigidez,2323 Maffulli N, Cheng JC, Sher A, Ng BK, Ng E. Bone mineralization at the callotasis site after completion of lengthening. Bone 1999;25 (03):333–338 mas essas investigaçõessão custosas e requerem que o paciente seja submetido a exames de imagem adicionais.2424 De Backer AI, Mortelé KJ, De Keulenaer BL. Picture archiving and communication system– Part one:Filmlessradiologyand distance radiology. JBR-BTR 2004;87(05):234–241 A técnica do valor de pixel, usada em radiografias digitais,1414 Hazra S, Song HR, Biswal S, et al. Quantitative assessment of mineralization in distraction osteogenesis. Skeletal Radiol 2008; 37(09):843–847,2525 Shim JS, Chung KH, Ahn JM. Value of measuring bone density serial changes on a picture archiving and communication systems (PACS) monitor in distraction osteogenesis. Orthopedics 2002;25 (11):1269–1272 mostrou-se um método econômico para medir as mudanças namineralizaçãodoregenerado para fornecer parâmetros objetivos para a tomada de decisão.1717 Zhao L, Fan Q, Venkatesh KP, Park MS, Song HR. Objective guidelines for removing an external fixator after tibial lengthening using pixel value ratio: a pilot study. Clin Orthop Relat Res 2009; 467(12):3321–3326

Por meio do valor de pixel, avalia-se a densidade mineral óssea (DMO), e ele também pode ser usado para avaliar a cicatrizaçãodoosso regenerado,para compararadensidade do osso regenerado com a do osso adjacente. À medida que a densidadedoossoregenerado aumenta comacicatrização,seu valor de pixel fica próximo ao do osso normal adjacente.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490,2727 Kokkinou E, Boniatis I, Costaridou L, Saridis A, Panagiotopoulos E, Panayiotakis G. Monitoring of bone regeneration process by means of texture analysis. J Instrum 2009;4(09):09007–P09007

O valordecinza(VC)éoutro indicador usadopara avaliara cicatrização óssea. Uma imagem em tons de cinza é uma matriz de dados. Seuvalor representauma faixa específica de valores de brilho, na qual brilho 0 significa preto e brilho 255 se refere ao branco. A parte da imagem em tons de cinza com brilho intenso representa o objeto com alta densidade ou espessura; a parte com brilho tênue representa o objeto com baixa densidade ou espessura fina.2828 Vaccaro C, Busetto R, Bernardini D, Anselmi C, Zotti A. Accuracy and precision of computer-assisted analysis of bone density via conventional and digital radiography in relation to dual-energy x-ray absorptiometry. Am J Vet Res 2012;73(03):381–384

Singh et al.66 Singh S, Song HR, Venkatesh KP, et al. Analysis of callus pattern of tibia lengthening in achondroplasia and a novel method of regeneration assessment using pixel values. Skeletal Radiol 2010;39(03):261–266 avaliaram os valores de pixel do regenerado e dos segmentos ósseos adjacentes de forma seriada durante o alongamento ósseo de pacientes acondroplásicos. As razões de valor de pixel foram então calculadas (razão de pixel = [( valor médio de pixel do segmento proximal þ valor médio de pixel do segmento distal)/2]/valor médio de pixel da formação de osso novo). Vários autores demonstram que pacientes que apresentam fraturas do regenerado têm relaçõesdevalor de pixel inferiores a 0,8 no momento da remoção do fixador.55 Archer L, Dobbe A, Chhina H, García HV, Cooper A. Inter-and Intra-observer reliability of the pixel value ratio, Ru Li’ s and Donnan’ s classifications of regenerate quality inpediatric limblengthening. J Limb Lengthening Reconstr 2018;4(01):26 ,1414 Hazra S, Song HR, Biswal S, et al. Quantitative assessment of mineralization in distraction osteogenesis. Skeletal Radiol 2008; 37(09):843–847 ,1515 Shyam AK, Singh SU, Modi HN, Song HR, Lee SH, An H. Leg lengthening by distraction osteogenesis using the Ilizarov apparatus: a novel concept of tibia callus subsidence and its influencing factors. Int Orthop 2009;33(06):1753–1759 ,1717 Zhao L, Fan Q, Venkatesh KP, Park MS, Song HR. Objective guidelines for removing an external fixator after tibial lengthening using pixel value ratio: a pilot study. Clin Orthop Relat Res 2009; 467(12):3321–3326 As taxas de valor de pixel podem ser usadas como um suplemento para avaliação radiológica digital, e podem ajudar na detecção de distúrbios de cicatrização precoce e na personalização de suporte de peso. Também podem ser usadas como uma orientação objetiva para a remoção do fixador. Entretanto, este método não mede diretamente a rigidez do osso regenerado.44 Muzaffar N, Hafeez A, Modi H, Song HR. Callus patterns in femoral lengthening over an intramedullary nail. J Orthop Res 2011;29 (07):1106–1113,66 Singh S, Song HR, Venkatesh KP, et al. Analysis of callus pattern of tibia lengthening in achondroplasia and a novel method of regeneration assessment using pixel values. Skeletal Radiol 2010;39(03):261–266

A técnicadevalordepixel comousoderadiografias digitais minimiza a variação nas respostas inter e intraobservador que ocorre com as radiografias simples,11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11,55 Archer L, Dobbe A, Chhina H, García HV, Cooper A. Inter-and Intra-observer reliability of the pixel value ratio, Ru Li’ s and Donnan’ s classifications of regenerate quality inpediatric limblengthening. J Limb Lengthening Reconstr 2018;4(01):26 sendo considerada um método confiável, disponível e de baixo custo para avaliar a maturação do regenerado.44 Muzaffar N, Hafeez A, Modi H, Song HR. Callus patterns in femoral lengthening over an intramedullary nail. J Orthop Res 2011;29 (07):1106–1113,1717 Zhao L, Fan Q, Venkatesh KP, Park MS, Song HR. Objective guidelines for removing an external fixator after tibial lengthening using pixel value ratio: a pilot study. Clin Orthop Relat Res 2009; 467(12):3321–3326,2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490 Todavia, por se tratar de método matemático com base em imagens obtidas por radiologia digital, a técnica de valor de pixel compartilha das limitações encontradas na radiologia convencional para avaliação do regenerado em suas fases iniciais.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Ultrassonografia

O princípio do uso da ultrassonografia na avaliação do regenerado é o de que sinais de atenuação ultrassônica de banda larga podem ser empregados para avaliar a alteração da DMO. Quando o ultrassom passa pelo tecido corporal, ocorre a atenuação, cuja quantidade está relacionada às características do tecido. Usando a velocidade das ondas ultrassônicas e a atenuação da amplitude que passa pelo tecido ósseo, pode-se calcular a quantidade de conteúdo mineral ósseo (CMO), a estrutura óssea e a resistência óssea.2929 Roux C, Dougados M. Quantitative ultrasound in postmenopausal osteoporosis. Curr Opin Rheumatol 2000;12(04):336–345 A avaliação do osso maduro normal por ultrassom é limitada pela incapacidade do ultrassom de penetrar na cortical óssea. No entanto, osso novo com remodelação incompleta e calcificação pode ser bem avaliado por ultrassom linear de alta resolução.11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11,3030 Derbyshire ND, Simpson AH. A role for ultrasound in limb lengthening. Br J Radiol 1992;65(775):576–580 A ultrassonografia com contraste (USC) pode fornecer uma indicação precoce de neovascularização e uma base diagnóstica para a regeneração óssea deficiente.3131 Haubruck P, Heller R, Tanner MC, et al. A Preliminary Study of Contrast-Enhanced Ultrasound (CEUS) and Cytokine Expression Analysis (CEA) as Early Predictors for the Outcome of Tibial NonUnion Therapy. Diagnostics (Basel) 2018;8(03):E55 A ultrassonografia também pode predizer a formação de calo ósseo ao revelar mudanças no fluxo sanguíneo ao redor do osso novo, o que pode compensar a má visualização precoce do calo na radiografia.3232 Augat P,Morgan EF, Lujan TJ, MacGillivrayTJ, Cheung WH. Imaging techniques for the assessment of fracture repair. Injury 2014;45 (Suppl 2):S16–S22

A ultrassonografia é um método não invasivo, eficaz, baratoelivrede radiação ionizante para avaliaracicatrização óssea, que pode detectar formação óssea nova quatro a seis semanas antes da radiografia,2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490 além de indicar a taxa de formação de osso novo nos estágios iniciais de distração.3333 Young JW, Kostrubiak IS, Resnik CS, PaleyD.Sonographic evaluation of bone production at the distraction site in Ilizarov limb-lengthening procedures. AJR Am J Roentgenol 1990;154(01):125–128 Portanto, a avaliação precoce é feita de forma melhor por ultrassom, que permite a detecção do osteoide não mineralizado e a presença de quaisquer defeitos no calo.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651

No entanto, Eyres et al.1919 Eyres KS, Bell MJ, Kanis JA. Methods of assessing new bone formation during limb lengthening. Ultrasonography, dual energy X-ray absorptiometry and radiography compared. J Bone Joint Surg Br 1993;75(03):358–364 observaram que a ultrassonografia não permite detectar alterações na região medular do osso após a ocorrência da corticalização, mesmo com o uso de sonda de frequência de 5MHz, mas se mostra útil na identificação de defeitos nacorticalização no regenerado que não foram reconhecidos por DEXA ou radiografia. Contudo, trata-se de método dependente do examinador, sujeito à experiência e à familiaridade do cirurgião com a técnica. Além disso, não permite a avaliação do alinhamento ósseo e apresenta limitações para avaliação dos estágios finais da distração osteogênica, tendo papel limitado na decisão de retirada do fixador externo.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Densitometria óssea por DEXA

A densitometria óssea por DEXA usa fontes de radiação de raios X para emitir duas energias de radiação diferentes. Permite medir a sua absorção pelos ossos e tecidos moles separadamente, descartando a influência do tecido mole. Consequentemente, o CMO e a área de DMO (aDMO) podem ser medidos e as alterações nas trabéculas ósseas podem ser observadas.3434 Kanis JA, Glüer CC. An update on the diagnosis and assessment of osteoporosis with densitometry. Committee of Scientific Advisors, International Osteoporosis Foundation. Osteoporos Int 2000;11(03):192–202

A capacidade da densitometria óssea para determinar a quantidade e a taxa de formação de osso novo é uma vantagem sobre outros métodos como a ultrassonografia e a radiografia. O osso novo é identificado tanto por densitometria quanto por ultrassonografia dentro de uma a duas semanas após a osteotomia, e apenas após quatro a oito semanas por radiografia. O alinhamento e a distração dos membros podem ser medidos por densitometria óssea durante todo o período de alongamento, o que é uma vantagem em relação à ultrassonografia, que permite a avaliação do regenerado apenas durante os estágios iniciais da distração, quando ainda não ocorreu a corticalização.1919 Eyres KS, Bell MJ, Kanis JA. Methods of assessing new bone formation during limb lengthening. Ultrasonography, dual energy X-ray absorptiometry and radiography compared. J Bone Joint Surg Br 1993;75(03):358–364

Vários estudos11 Alzahrani MM, Anam E, AlQahtani SM, Makhdom AM, Hamdy RC. Strategies of enhancing bone regenerate formation in distraction osteogenesis. Connect Tissue Res 2018;59(01):1–11 ,1313 Saran N, Hamdy RC. DEXA as a predictor of fixator removal in distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 2008;466(12): 2955–2961 sugerem o uso da varredura DEXA como uma ferramenta na avaliação da qualidade do regenerado durante a fase de distração e na decisão sobre o momento adequado da remoção do fixador.

Saran e Hamdy1313 Saran N, Hamdy RC. DEXA as a predictor of fixator removal in distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 2008;466(12): 2955–2961 utilizaram a densitometria óssea em conjunto com a radiografia simples para determinar quando a DMO do regeneradoseestabilizou,eencontraram uma taxa de fratura do osso regenerado após a retirada do fixador externo de 3,6% e taxa de deformidade de 0%, mesmo com a liberação de carga conforme tolerado e sem uso de imobilização pelos pacientes.

Shyam et al.1515 Shyam AK, Singh SU, Modi HN, Song HR, Lee SH, An H. Leg lengthening by distraction osteogenesis using the Ilizarov apparatus: a novel concept of tibia callus subsidence and its influencing factors. Int Orthop 2009;33(06):1753–1759 calcularam a proporção da DMO com base na relação entre as DMOs do osso regenerado e do osso normal, e observaram que um índice superior a 0,85 impediria significativamente a fratura do osso regenerado e a sua angulação após a remoção do fixador externo.

A medição da mineralização do córtex por densitometria óssea pode ser considerada um método objetivo de avaliação do regenerado, pois permite a sua avaliação quantitativa. Contudo, o seu alto custo e a sua baixa disponibilidade relativa limitam a sua aplicabilidade clínica em larga escala.1717 Zhao L, Fan Q, Venkatesh KP, Park MS, Song HR. Objective guidelines for removing an external fixator after tibial lengthening using pixel value ratio: a pilot study. Clin Orthop Relat Res 2009; 467(12):3321–3326,2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Cintilografia Óssea

A cintilografia óssea trifásica é um método não invasivo para avaliar alterações no fluxo sanguíneo, a distribuição sanguínea e o metabolismo ósseo de forma semiquantitativa. Considera-se que o suprimento sanguíneo tem íntima relação com a capacidade de produção do regenerado na osteogênese por distração.3535 Nutton RW, FitzgeraldRH Jr, Kelly PJ. Early dynamicbone-imaging as an indicator of osseous blood flow and factors affecting the uptake of 99mTc hydroxymethylene diphosphonate in healing bone. J Bone Joint Surg Am 1985;67(05):763–770

Kawano et al.3636 Kawano M, Taki J, Tsuchiya H, Tomita K, Tonami N. Predicting the outcome of distraction osteogenesis by 3-phase bone scintigraphy. J Nucl Med 2003;44(03):369–374 avaliaram se a cintilografia óssea com tecnécio poderia ser útil para a avaliação e a predição do regenerado ósseo, e compararam índices clínicos como os de distração, maturação e fixação externa com dados obtidos a partir da cintilografia óssea, como o índice de perfusão e as taxas de captação da imagem de equilíbrio e de captação da imagem tardia, e concluíram que a cintilografia óssea trifásica é uma modalidade confiável para avaliar a distração osteogênica em comparação com os índices clínicos, especialmente a taxa de captação da imagem tardia, que demonstrou a maior capacidade de predição.

Apesar do potencial preditivo da cintilografia óssea, há poucos estudos clínicos que a avaliam a sua utilização na distração osteogênica.3636 Kawano M, Taki J, Tsuchiya H, Tomita K, Tonami N. Predicting the outcome of distraction osteogenesis by 3-phase bone scintigraphy. J Nucl Med 2003;44(03):369–374 A cintilografia óssea apresenta como limitação o seu alto custo e a sua baixa disponibilidade relativa, o que dificulta sua aplicabilidade clínica em larga escala, além de não permitir uma avaliação concomitante do alinhamento ósseo.

Tomografia Computadorizada Quantitativa

A TCQ é um método que permite medir a DMO e avaliar o alinhamento ósseo e a composição corporal por meio do uso de um software especial em um aparelho de TC. Este permite uma avaliação de alta precisão e pequeno erro, sendo um excelente método para medir alterações da DMO ao longo do tempo.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

A TCQ se baseia nas diferenças de absorção de radiação ionizante por distintos tecidos, o que permite comparar as medidas de atenuação obtidas com os valores de referência padrão para calcular informações como o CMO e a DMO.3737 Engelke K. Quantitative Computed Tomography-Current Status and New Developments. J Clin Densitom 2017;20(03):309–321 Além disso, imagens tridimensionais podem ser usadas na TCQ, o que permite a avaliação do calo ósseo, o que, por sua vez, viabiliza a realização de análises de elementos finitos para prever a força do calo ósseo, o que tem sido aplicado em pesquisas musculoesqueléticas.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Contudo, o alto custo e a dose alta de radiação devem ser considerados, além do fato de que sua aplicabilidade e disponibilidade não são suficientemente amplas atualmente. Mais estudos ainda são necessários para abordar essas questões. Com o desenvolvimento da TCQ, a avaliação do regenerado ósseo pode fornecer informações mais valiosas, como o monitoramento da cicatrização óssea e a previsão da força do novo osso por análises de elementos finitos.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Avaliação biomecânica

Medir as mudanças nas propriedades mecânicas do osso é o método mais direto de se avaliar o processo de cicatrização óssea. A biomecânica óssea é baseada na teoria da mecânica de engenharia, que avalia a qualidade óssea pelas propriedades mecânicas do tecido ósseo sob ação externa e o efeito biológico do osso após estresse.3838 Turner CH, Burr DB. Basic biomechanical measurements of bone: a tutorial. Bone 1993;14(04):595–608 Os testes de flexão, torção, tensão e compressão são comumente usados para avaliar as propriedades mecânicas da distração osteogênica e do novo tecido ósseo.3939 Martin DE, Severns AE, Kabo JMJM. Determination of mechanical stiffness of bone by pQCT measurements: correlation with nondestructive mechanical four-point bending test data. J Biomech 2004;37(08):1289–1293,4040 Cardoso GS, Amorim R, Penha FM, Horn FJ, Roesler CR, Marques JL. Biomechanical Analysis of the Behaviour at the Metaphyseal-Diaphyseal Junction of Complex Tibial Plateau Fractures Using Two Circular Fixator Configurations. Strateg Trauma Limb Reconstr 2020;15(03):138–145 Parâmetros mecânicos do osso, como rigidez à flexão e à torção, ajudam a entender a consolidação óssea.4141 Sferra J, Kambic HE, Schickendantz MS, Watson JT. Biomechanical analysis of canine bone lengthened by the callotasis method. Clin Orthop Relat Res 1995;(311):222–226

A grande limitação da avaliação biomecânica no monitoramento do regenerado é o risco de possíveis danos que testes de estresse utilizados no processo de medição causariam ao osso, de modo que seu uso atualmente restringe-se à pesquisa médica.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Lineham et al.4242 Lineham B, Stewart T, Ward J, Harwood P. Measurement of wire deflection on loading may indicate union in ilizarov constructs: a pilot study. Strateg Trauma Limb Reconstr 2021;16(03):132–137 descreveram a possibilidade de uma avaliação biomecânica indireta por meio da aferição da deflexão dos fios de Kirschner utilizados na montagem da fixação externa circular durante o alongamento e transporte ósseos. No seu conjunto de observações, os autores4242 Lineham B, Stewart T, Ward J, Harwood P. Measurement of wire deflection on loading may indicate union in ilizarov constructs: a pilot study. Strateg Trauma Limb Reconstr 2021;16(03):132–137 constataram que a deflexão do fio esteve significativamente associada à estabilidade determinada clínica e radiologicamente. Embora se trate de um estudo piloto e o método não esteja disponível, o desenvolvimento de novos dispositivos de aferição biomecânica in vivo poderia ser útil à prática clínica.

Marcadores bioquímicos

Teoricamente,a alteração do metabolismo ósseo pode levar a alterações morfológicas subsequentes. Em outras palavras, alterações em marcadores de remodelação óssea (MROs) deveriam ser mais precoces do que mudanças identificáveis na DMO. Portanto, os marcadores bioquímicos como os MROs são um potencial novo método de avaliação da cicatrização óssea, e podem ser um método complementar valioso aos exames de imagem.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Atualmente, vários tipos de RMOs foram identificados,4343 Wu J, Liu L, Hu H, Gao Z, Lu S. Bioinformatic analysis and experimental identification of blood biomarkers for chronic nonunion. J Orthop Surg Res 2020;15(01):208 como a osteocalcina (OC), a fosfatase alcalina específica do osso (FAEO), o propeptídeo aminoterminal do prócolágeno tipo I (procollagen type I N-terminal propeptide, PINP, em inglês)eopropeptídeo carboxiterminaldo pró-colágenotipo I (procollagen type I carboxy-terminal propeptide, PICP, em inglês), que podem indicar as atividades biológicas de osteoblastos e osteoclastos in vivo.4444 Zhu Z, Zhou H, Wang Y, Yao X. Associations between bone turnover markers and bone mineral density in older adults. J Orthop Surg (Hong Kong) 2021;29(01):2309499020987653,4545 Kumar M, Shelke D, Shah S. Prognostic potential of markers of bone turnover in delayed-healing tibial diaphyseal fractures. Eur J Trauma Emerg Surg 2019;45(01):31–38

Fink et al.4646 Fink B, Feldkamp J, Fox F, Hofmann B, Singer J, Krieger M. Time course of osteocalcin, bone-specific alkaline phosphatase, and Cterminal procollagen peptide during callus distraction. J Pediatr Orthop 2001;21(02):246–251 estudaram a relação entre RMOs e densidade radiográfica durante a distração osteogênica, e descobriram que a medição dos níveis séricos de OC e PICP pode trazer informações valiosas sobre a formação óssea durante o tratamento.

Leung et al.4747 Leung KS, Lee KM, Chan CW, Mak A, Fung KP. Mechanical characterization of regenerated osseous tissue during callotasis and its related biological phenomenon. Life Sci 2000;66(04):327–336 estudaram um modelo de distração osteogênica em cabras, e encontraram uma forte correlação entre a atividade da FAEO no plasma e a morfologiaradiológica e as propriedades biomecânicas do osso do neoformado. Isso mostra que podemos usar a FAEO para monitorar o processo de mudança e formação do calo ósseo.

Kumar et al.4545 Kumar M, Shelke D, Shah S. Prognostic potential of markers of bone turnover in delayed-healing tibial diaphyseal fractures. Eur J Trauma Emerg Surg 2019;45(01):31–38 estudaram prospectivamente 168 pacientes com fraturas fechadas da tíbia tratados com hastes intramedulares bloqueadas, e demonstraram que os marcadores de formação óssea (FAEO, OC e PINP) foram significativamente menores em pacientes com consolidação tardia.

Diversos marcadores metabólicos ósseos foram relatados para monitorar a cicatrização óssea, e alguns deles têm alto grau de viabilidade teórica. Entretanto, ainda são necessários mais estudos experimentais e clínicos bem desenhados para determinar a aplicabilidade clínica desses marcadores bioquímicos no acompanhamento e avaliação do regenerado ósseo.2626 Liu Q, Liu Z, Guo H, Liang J, Zhang Y. The progress in quantitative evaluation of callus during distraction osteogenesis. BMC Musculoskelet Disord 2022;23(01):490

Modelo matemático

Reina-Romo et al.4848 Reina-Romo E, Gómez-Benito MJ, García-Aznar JM, Domínguez J, Doblaré M Modeling distraction osteogenesis: analysis of the distraction rate. Biomech Model Mechanobiol 2009;8(04):323–335 apresentaram um modelo matemático baseado em uma estrutura de elementos finitos para estudar os padrões espaciais e temporais de distração osteogênica próximo ao local da osteotomia. Com uma taxa de distração de 0,3 mm por dia, há um aumento precoce na densidade óssea média; computacionalmente, essa taxa menor de distração é acompanhada por menor estímulo mecânico, o que resulta em uma osteogênese estimulada. Em contraste, uma taxa de distração de 2mm por dia produz não união,4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347 e isso está de acordo com a maioria dos resultados clínicos que consideram que uma taxa de distração de cerca de 1mm por dia produz os melhores efeitos na regeneração tecidual.5050 Ilizarov GA. The tension-stress effect on the genesis and growth of tissues. Part I. The influence of stability of fixation and soft-tissue preservation. Clin Orthop Relat Res 1989;(238):249–281

Posteriormente, Reina-Romo et al.5151 Reina-Romo E, Gómez-Benito MJ, Domínguez J, et al. Effect of the fixator stiffness on the young regenerate bone after bone transport: computational approach. J Biomech 2011;44(05):917–923 estenderam o modelo de diferenciação previamente desenvolvido por meio da incorporação da assimetria tensão-compressão. O novo modelo considera que o modo de formação óssea em ambientes de tração compreenderia principalmente a ossificação intramembranosa, e sob cargas compressivas a ossificação endocondral seria o principal modo de ossificação.5252 Claes LE, Heigele CA. Magnitudes of local stress and strain along bony surfaces predict the course and type of fracture healing. J Biomech 1999;32(03):255–266 Nesse sentido, o estímulo mecânico que ativaria a formação do tecido ósseo seria maior sob tensão do que sob compressão.5353 Aronson J. Temporal and spatial increases in blood flow during distraction osteogenesis. Clin Orthop Relat Res 1994;(301): 124–131

Com base nesses estudos, o modelo computacional biomecânico do processo de transporte ósseo baseado em modelos experimentais poderia vir a ser uma ferramenta útil no seguimento da distração osteogênica.5454 Mora-Macías J, Reina-Romo E, Domínguez J. Model of the distraction callus tissue behavior during bone transport based in experimentsinvivo. J Mech Behav Biomed Mater 2016;61:419–430

Classificação do regenerado ósseo

Embora as radiografias possam fornecer informações valiosas sobre a taxa de distração e alinhamento do regenerado, a avaliação da qualidade e da quantidade desse novo osso deve ser feita com cuidado até que a confiabilidade e a significância dessas características sejam determinadas.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651

Na avaliação radiográfica, mudanças na posição do membro, na penetrância do feixe e na ampliação podem alterar significativamente a percepção da imagem obtida. As características sob escrutínio podem ser interpretadas de forma diferente entre os observadores, e a relação dessas características com o resultado não é clara.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651

Diversos autores tentaram classificar a regeneração óssea, mas, com algumas exceções, a confiabilidade e a reprodutibilidade desses sistemas de classificação não foram testadas.22 Hamanishi C, Yasuwaki Y, Kikuchi H, Tanaka S, Tamura K. Classification of the callus in limb lengthening. Radiographic study of 35 limbs. Acta Orthop Scand 1992;63(04):430–433 ,88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651 ,5555 Catagni M. The radiographic classification of bone regenerate during distraction. In: Operative Principles of Ilizarov. Philadelphia: Williams & Wilkins; 1991:53–57 ,5656 Minty I, Maffulli N, Hughes TH, Shaw DG, Fixsen JA. Radiographic featuresof limblengthening in children. Acta Radiol 1994;35(06): 555–559 Alguns desses estudos também têm a desvantagem de apresentar tamanhos de amostra relativamente pequenos e um número relativamente grande de fatores de influência que limitam a interpretação de seus achados.4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347

A ►Tabela 1 mostra uma revisão dos sistemas de classificação do regenerado ósseo relatados em estudos com humanos e com animais.

Tabela 1
Visão geral dos sistemas de classificação do regenerado ósseo

Catagni5555 Catagni M. The radiographic classification of bone regenerate during distraction. In: Operative Principles of Ilizarov. Philadelphia: Williams & Wilkins; 1991:53–57 descreveu sua classificação radiológica do regenerado durante a distração osteogênica com o aparelho de Ilizarov com base em uma experiência clínica de mais de 800 casos.Classificou osregeneradoscomo normotróficos, hipertróficos e hipotróficos, e chamou atenção para a necessidade de monitoramento cuidadoso do regenerado ósseo em busca de característicasquepossam influenciar oresultadofinal do alongamento. Embora esta classificação tenha fornecido uma visão importante sobre os problemas durante a osteogênese, foi baseada puramente na experiência de um observador, e não leva em consideração a variabilidade da resposta óssea devido à idade do paciente, ao local da osteotomia ou à patologia subjacente.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651,1010 Fischgrund J, Paley D, Suter C. Variables affecting time to bone healing during limb lengthening. Clin Orthop Relat Res 1994; (301):31–37,5757 Aronson J, Shen X. Experimental healing of distraction osteogenesis comparing metaphyseal with diaphyseal sites. Clin Orthop Relat Res 1994;(301):25–30

Donnan et al.88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651 revisaram os sistemas de classificação existentes e combinaram as características essenciais das demais classificações em três grupos: forma, consistência e polaridade. Com base nesta nova classificação, observaram uma concordância interobservador moderadamente boa com relação à forma e à consistência, mas apenas razoável com relação à polaridade. Archer et al.55 Archer L, Dobbe A, Chhina H, García HV, Cooper A. Inter-and Intra-observer reliability of the pixel value ratio, Ru Li’ s and Donnan’ s classifications of regenerate quality inpediatric limblengthening. J Limb Lengthening Reconstr 2018;4(01):26 avaliaram a concordância intereintraobservador para aclassificaçãodeDonnan et al.,88 Donnan LT, Saleh M, Rigby AS, McAndrew A. Radiographic assessment of bone formation in tibia during distraction osteogenesis. J Pediatr Orthop 2002;22(05):645–651 e observaram uma confiabilidade interobservador moderada e uma boa confiabilidade intraobservador.

Li et al.4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347 desenvolveram um sistema de classificação do regenerado ósseo com base na forma do calo radiográfico e no tipo de característica que ocorria em diferentes estágios durante o alongamento do membro desde a osteotomia, passando pela distração e consolidação, até a remoção do fixador. As características radiográficas da distração osteogênica foram classificadas quanto à forma e tipo. A forma foi baseada na largura do calo em comparação com o local ósseo original da osteotomia. O tipo foi baseado em quatro padrões de distração osteogênica (esparsa, homogênea, heterogênea e transparente) e três densidades (baixa, intermediária e normal).

O sistema de classificação de Li et al.4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347 é considerado útil para registrar e monitorar a distração e consolidação do regenerado ósseo.44 Muzaffar N, Hafeez A, Modi H, Song HR. Callus patterns in femoral lengthening over an intramedullary nail. J Orthop Res 2011;29 (07):1106–1113,4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347 Devidoà sua correlação confiável entre observadores e um alto nível de reprodutibilidade para observadores individuais, pode ser utilizada para o seguimento da distração osteogênica.44 Muzaffar N, Hafeez A, Modi H, Song HR. Callus patterns in femoral lengthening over an intramedullary nail. J Orthop Res 2011;29 (07):1106–1113,55 Archer L, Dobbe A, Chhina H, García HV, Cooper A. Inter-and Intra-observer reliability of the pixel value ratio, Ru Li’ s and Donnan’ s classifications of regenerate quality inpediatric limblengthening. J Limb Lengthening Reconstr 2018;4(01):26,4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347

Isaac et al.33 Isaac D, Fernandez H, Song HR, et al. Callus patterns in femur lengthening using a monolateral external fixator. Skeletal Radiol 2008;37(04):329–334 observaram, com base na classificação de Li et al.,4949 Li R, Saleh M, Yang L, Coulton L. Radiographic classification of osteogenesis during bone distraction. J Orthop Res 2006;24(03): 339–347 que padrões de distração osteogênica homogêneos e heterogêneos dão bons resultados, enquanto os padrões transparentes e esparsos dão resultados ruins. Quanto à forma, observaram que a fusiforme, a cilíndrica e a lateral dão bons resultados, ao passo que a côncava dá um resultado ruim. Dessa forma, ao se deparar com esses padrões específicos, se é alertado sobre um possível resultado insatisfatório e, assim, pode-se planejar medidas de tratamento que anulem este resultado, como ajuste da taxa de distração, realização de distração-compressão ou enxerto ósseo.

Tirawanish e Eamsobhana5858 Tirawanish P, Eamsobhana P. Prediction of callus subsidence in distraction osteogenesis using callus formation scoring system: preliminary study. Orthop Surg 2018;10(02):121–127 classificaram a densidade de calos em quatro padrões (três heterogêneos e um homogêneo). A ocorrência de padrões heterogêneos pode ser usada clinicamente para alertar o cirurgião sobre possíveis problemas, como velocidade de distração muito alta, instabilidade dofixador, diástaseinicial do localdaosteotomia ou correção de deformidade. Consideraram que o padrão ideal decuraera homogêneo, pois um padrão heterogêneo teria maior probabilidade de evoluir para um desfecho ruim. Esses autores5858 Tirawanish P, Eamsobhana P. Prediction of callus subsidence in distraction osteogenesis using callus formation scoring system: preliminary study. Orthop Surg 2018;10(02):121–127 desenvolveram um sistema de pontuação aplicável à distração osteogênica em tratamentos de alongamento de membros inferiores, que é usado para registrar e resumir informações radiográficas, permite relacionar as características docaloósseo,etem oobjetivo de prever resultadosbons ou ruins. Assim, fornece um método de avaliação que pode ser usado para monitorar o progresso e prever possíveis problemas, o que permite o ajuste precoce do processo de tratamento, se necessário. Uma pontuação de 8 ou 9, por exemplo, seria indicativa de um bom resultado, enquanto uma pontuação inferior a 7 seria um indicador de um resultado ruim. Este sistema mostrou-se confiável e reprodutível por cirurgiões experientes e menos experientes.

Considerações finais

Existem vários métodos para avaliar quantitativamente a cicatrização óssea durante a distração osteogênica, como a radiografia convencional e os valores de pixels em radiologia digital, a ultrassonografia, a densitometria e a cintilografia ósseas, a TCQ, a avaliação biomecânica, os marcadores bioquímicos, e os modelos matemáticos. Os diversos métodos descritos podem ser considerados complementares no acompanhamento do processo de alongamento ósseo, e cada um deles tem suas vantagens e desvantagens (►Tabela 2).

Tabela 2
Vantagens e desvantagens dos métodos de avaliação do regenerado ósseo

Consideramos fundamental o conhecimento dos diversos métodos à disposição atualmente, e entendemos que a utilização de vários métodos de monitoramento simultaneamente possa ser uma solução ideal, que aponte para uma direção futura no seguimento da distração osteogênica.

  • Suporte Financeiro
    Os autores declaram que não receberam apoio financeiro de fontes públicas, privadas, ou sem fins lucrativos para realizar o presente estudo.
  • *
    Trabalho desenvolvido no Serviço de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2024

Histórico

  • Recebido
    19 Set 2022
  • Aceito
    12 Abr 2023
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