INTRODUÇÃO: Desde a primeira publicação do modelo psicobiológico de personalidade de Robert Cloninger, a relação entre as dimensões de temperamento e caráter e transtornos psiquiátricos tem sido amplamente estudada. A natureza exata dessa interação, no entanto, ainda não está totalmente esclarecida. Diferentes modelos foram propostos (estado-dependência, vulnerabilidade, espectro contínuo). OBJETIVO: Analisar a associação entre as dimensões de temperamento e caráter e os diagnósticos de depressão maior e transtorno do pânico. MÉTODO:Revisão sistemática de estudos de intervenção publicados até dezembro de 2011 nos bancos de dados MEDLINE e ISI. Além disso, foi realizada uma breve revisão de estudos genéticos, visando discutir a interação gene-ambiente em relação a este tópico. RESULTADOS: Treze estudos foram incluidos, 10 deles relacionados à depressão e 3 ao transtorno de pânico (ou sintomas inespecíficos de ansiedade). Alta pontuação para a dimensão "evitação de danos" e baixa para "autodiretividade" foram associadas em todos os estudos com sintomas de depressão e ansiedade. Estudos longitudinais demonstraram que estas dimensões de personalidade podem não ser apenas dependentes do estado de humor (estado-dependentes). CONCLUSÕES: Há evidências consistentes de que "evitação de danos" e "autodiretividade" são dimensões associadas à depressão e ao transtorno do pânico. Existem também evidências que sugerem que a presença destas dimensões de personalidade indicam suscetibilidade à depressão. No entanto, estudos longitudinais ainda não são suficientes para afirmar o mesmo em relação ao transtorno do pânico.
Temperamento; Caráter; Depressão; Transtorno do pânico; Temperamento
