OBJETIVOS: Analisar a prescrição e dispensação de medicamentos psicotrópicos por meio da análise das receitas/notificações retidas em diferentes estabelecimentos de dois municípios do estado de São Paulo. MÉTODOS: Em parceria com as Vigilâncias Sanitárias dos municípios, foram coletadas e analisadas as prescrições retidas em drogarias, farmácias de manipulação, postos públicos e hospitais no ano de 1999. Os dados contidos nas receitas/notificações foram digitados e tabulados. RESULTADOS: Foram processadas 108.215 prescrições, sendo 76.954 de benzodiazepínicos, 26.930 de anorexígenos, 3.540 de opiáceos e 788 de outros. Os benzodiazepínicos mais freqüentes foram: diazepam (31.644), bromazepam (16.911) e clonazepam (7.929) e, entre os anorexígenos, dietilpropiona (14.800) e femproporex (10.942). As mulheres, em geral, receberam mais prescrições em comparação com os homens, especialmente para os anorexígenos, com uma relação dez vezes maior nas prescrições de dietilpropiona e femproporex. As poucas farmácias de manipulação (n=6) chegaram a movimentar mais prescrições do que as drogarias (n=49). Também foi detectada uma série de erros e incoerências nas prescrições analisadas. CONCLUSÕES: Os resultados confirmam a ocorrência de uso irracional e uma série de práticas inadequadas que envolvem a prescrição desses medicamentos no Brasil e, portanto, indicam a necessidade de uma ampla revisão no atual sistema de controle dessas substâncias no país.
Psicotrópicos; Legislação de medicamentos; Prescrição de medicamentos; Agentes ansiolíticos benzodiazepínicos; Analgésicos opióides; Anfetaminas; Controle de medicamentos e entorpecentes; Levantamentos epidemiológicos; Farmacoepidemiologia