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Estigma e frequências mais altas de re-hospitalização psiquiátrica: o sistema público de saúde mental de São Paulo

OBJETIVO: O objetivo desse estudo foi avaliar a frequência de re-hospitalizações de indivíduos portadores de psicose e transtorno bipolar, para estudar os determinantes da readmissão. MÉTODOS: Estudo de observação prospectivo realizado em São Paulo, Brasil. Foram acompanhados 169 portadores de psicose e de transtorno bipolar precisando de hospitalização no sistema público de saúde mental por 12 meses após a alta. Após contato por telefone com suas famílias, foram realizadas entrevistas a 1, 2, 6 e 12 meses após a alta para se avaliar a frequência de readmissões e os fatores relacionados às mesmas. RESULTADOS: A frequência de re-hospitalizações após um ano foi de 42,6%. A contenção física durante a estadia hospitalar foi um fator de risco (RC = 5,4-10,5) de readmissão em muitos modelos. O não comparecimento às consultas após a alta foi relacionado à readmissão pontual aos 12 meses (RC = 8,5, IC 95% 2,3-31,2) e ao modelo de sobrevivência (RC = 3,2, IC 95% 1,5-7,2). O número de readmissões anteriores foi um fator de risco para o modelo de sobrevivência (RC = 6,6-11,9). A aprovação da família para a hospitalização permanente de indivíduos portadores de doença mental foi o fator de predição associado à readmissão em todos os modelos (RC = 3,5-10,9) e ocasionou tempos de sobrevivência mais curtos até a readmissão; aqueles readmitidos foram considerados de forma estereotipada como perigosos e não sadios. CONCLUSÕES: O estigma da família em relação à doença mental pode contribuir para o aumento na frequência de readmissões de seus familiares portadores de transtornos psiquiátricos. Outros estudos devem ser realizados para demonstrar os mecanismos pelos quais o estigma aumenta a frequência de re-hospitalizações.

esquizofrenia; psicose; saúde mental comunitária; transtornos afetivos; psiquiatria ambulatorial


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