OBJETIVO: A hipótese da depressão vascular (DV) defende uma correlação bidirecional entre fatores de risco cerebrovasculares e depressão. Nós investigamos se este conceito é apropriado para intervenções clínicas - ou seja, se o tratamento de sintomas depressivos modifica o risco cerebrovascular e vice-versa. MÉTODO: Revisão sistemática de estudos intervencionistas publicados entre outubro/1997 e abril/2010 nos bancos de dados MEDLINE e outros. Os unitermos procurados foram "depressive disorder" (MeSH), "cerebrovascular disorders" (MeSH) e um conjunto de termos altamente acurados para procurar por estudos experimentais ou quasi-experimentais. Nós usamos um questionário estruturado para examinar se os critérios de DV usados para depressão, vascular, neuroimagem e neuropsicológicos foram adequados, e os resultados principais de cada estudo. RESULTADOS: De 357 artigos obtidos, 12 foram inclusos. Eles relataram adequadamente o critério de depressão, moderadamente os critérios neuropsicológicos e de neuroimagem e apresentaram erros graves no critério vascular. Estudos de eficácia sugeriram que nimodipina, estimulação magnética transcraniana, stent de carótida e citalopram são efetivos para DV. Estudos exploratórios sugeriram que hiperintensidades de substância branca e risco vascular global são preditores de pior resposta. Apesar da baixa qualidade dos estudos limitar a sua generalização, estudos de maior qualidade corroboram o conceito de DV para intervenções. CONCLUSÃO: DV parece ser um conceito útil para intervenções clínicas, porém estudos futuros devem refinar os critérios cerebrovasculares para identificar sua importância na eficácia do tratamento antidepressivo.
Transtorno depressivo maior; Transtornos cerebrovasculares; Depressão; Revisão; Terapêutica