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Revivendo o antigo sermão da medicina com o efeito placebo

OBJETIVO: A mensagem sobre a importância de uma boa relação médico-paciente é como se fosse um velho sermão que não tem mais impacto no pensamento ou na ação de ninguém. Observando a prática dos médicos dos velhos tempos, que valorizavam mais suas atitudes e o relacionamento com seus pacientes do que as intervenções em si, este artigo revisa a literatura sobre o seu principal dispositivo terapêutico - o efeito placebo - como uma nova forma de pregar este velho sermão da medicina aos médicos contemporâneos. DISCUSSÃO: Há incontáveis exemplos históricos e contemporâneos do impressionante efeito placebo e este, ainda que seja contestado por alguns, parece real e significativo. A teoria do condicionamento clássico e a teoria das expectativas explicam razoavelmente bem os mecanismos do efeito placebo - as duas em conjunto os explicam melhor ainda. A intermediação bioquímica do efeito placebo, de acordo com o limitado conhecimento atual, envolve as endorfinas para a dor e a dopamina para a doença de Parkinson. Finalmente, os fatores humanos, tais como as atitudes positivas do médico e uma boa relação médico-paciente, parecem ser mais essenciais do que o próprio placebo para provocar o efeito placebo. CONCLUSÕES: Dado o corpo de evidências que apóiam a existência de um efeito placebo significativo e a importância da relação médico-paciente para determiná-lo, os fatoreshumanos do tratamento médico devem ser enfatizados para maximizar o efeito placebo e, conseqüentemente, o efeito terapêutico global dos atos curativos.

Efeito placebo; Endorfina; Dopamina; Relação médico-paciente; Condicionamento clássico; Expectativa; Fatores humanos


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