Gastrópodes pulmonados terrestres podem atuar como hospedeiros intermediários de helmintos. Os primeiros registros do controle químico desses invertebrados datam do início do século XX e as substâncias utilizadas eram toxinas inespecíficas já empregadas no controle de outras pragas. Moluscicidas sintéticos apresentam limitações técnicas que estimularam a busca de substitutos naturais. Dentre as várias espécies vegetais com atividade moluscicida, Euphorbia cotinifolia L., Euphorbia milii des Moul. var. splendens (Bojer ex Hook) Ursch & Leandri e Euphorbia tirucalli L. despertam atenção pelos excelentes resultados obtidos sobre moluscos aquáticos. Contudo, estudos sobre a atividade de plantas moluscicidas em moluscos terrestres são pouco comuns, apesar de sua grande importância parasitológica e agrícola. As semelhanças anatomo-fisiológicas entre espécies de moluscos aquáticos e terrestres sugerem que estratégias de controle químico possam ter eficiência semelhante para os dois grupos de invertebrados. Com base nessa hipótese, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade moluscicida do látex de três espécies do gênero Euphorbia sobre Leptinaria unilamellata d'Orbigny, 1835, gastrópode terrestre descrito como hospedeiro intermediário de helmintos trematódeos digenéticos que parasitam animais domésticos. Destas E. milii var. splendens apresentou efeito moluscicida elevado sobre L. unilamellata, 100% até uma diluição de 1:800, já nos primeiros minutos após a aplicação. Embora citadas na literatura como tóxicas para moluscos aquáticos, E. cotinifolia e E. tirucalli não exibiram atividade moluscicida sobre L. unilamellata. Os resultados do presente estudo indicam que o látex de E. milii var. splendens pode se constituir em uma estratégia viável de controle químico de moluscos terrestres.
Leptinaria unilamellata; gastrópodes terrestres; moluscicida; Euphorbia sp