Resumo
Há uma crescente preocupação com a participação de hospedeiros e reservatórios silvestres na epidemiologia de diversos patógenos, principalmente no contexto das mudanças ambientais e da expansão do conceito "One Health". O objetivo deste estudo foi investigar a presença de hemoplasmas em gambás resgatados da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Amostras de sangue foram coletadas de 15 Didelphis aurita e submetidas à extração de DNA e PCR utilizando-se "primers" para os genes 16S rRNA e 23S rRNA. O exame físico e a análise hematológica também foram realizados. Três dos 15 gambás testaram positivo para Mycoplasma spp. hemotrópico por PCR. Os sinais clínicos eram inespecíficos e associados a lesões traumáticas. Anemia e leucocitose foram detectadas em animais positivos. A análise filogenética indicou que o hemoplasma detectado estava posicionado entre 'Ca. Mycoplasma haemodidelphis' detectado em D. virginiana da América do Norte e hemoplasmas recentemente detectados em D. aurita do estado de Minas Gerais, Brasil. Este estudo indica a existência de infecções por hemoplasmas em D. aurita, da região metropolitana do Rio de Janeiro, e reforça a necessidade de novos inquéritos epidemiológicos, para esclarecer a participação destes na dinâmica de circulação de patógenos transmitidos por carrapatos.
Palavras-chave:
Hemotrópico; Mycoplasma spp.; gambás; hemoplasmose; vida selvagem