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As mulheres com síndrome de Sjögren estão satisfeitas com sua atividade sexual?

RESUMO

Objetivo:

As mulheres com síndrome de Sjögren (SS) muitas vezes experimentam secura vaginal e dispareunia, juntamente com sintomas glandulares e extraglandulares. Este estudo objetivou avaliar a função sexual e a qualidade de vida de mulheres com SS.

Métodos:

Estudaram-se 46 mulheres pré-menopáusicas com SS e 47 controles pareados por idade. Avaliaram-se a idade, a duração da doença, os medicamentos usados e as comorbidades. As participantes preencheram o questionário de qualidade de vida 36-Item Short Form Health Survey(SF-36) e o Female Sexual Function Index (FSFI). As pacientes foram perguntadas quanto à presença de corrimento e prurido vaginal no último mês e se haviam informado a seus reumatologistas sobre quaisquer problemas sexuais. Fizeram-se exames ginecológicos e esfregaços vaginais de todas as participantes.

Resultados:

A mediana do escore total do FSFI foi significativamente menor no grupo SS do que no grupo controle [17,12 (2,4 a 27,8) e 27,4 (16,9 a 36), respectivamente, p < 0,001]. Nos grupos SS e controle, 37 (80,4%) e 18 (38,3%) das pacientes estavam sexualmente insatisfeitas, respectivamente (p < 0,001). A presença de secura vaginal e o uso de lubrificantes foram significativamente mais frequentes em pacientes com SS em relação aos controles (p < 0,001). Os índices de qualidade de vida foram significativamente menores nas pacientes com SS do que nos controles (p < 0,001). A secura vaginal esteve negativamente correlacionada com o FSFI total (r = −0,312 p = 0,035) e com todos os seus subescores, exceto desejo e excitação. Os escores de capacidade funcional, aspecto físico e aspecto emocional se correlacionaram positivamente com a pontuação total do FSFI (r = 0,449, p = 0,002; r = 0,371, p = 0,011; r = 0,299, p = 0,043, respectivamente).

Conclusões:

As mulheres com SS têm menor satisfação com a atividade sexual, o que pode ser afetado pela idade, secura vaginal, dor física e função prejudicada em razão da doença. Portanto, os reumatologista devem prestar atenção a esses sintomas e seu tratamento.

Palavras-chave:
Síndrome de Sjögren; Dispareunia crônica; Insatisfação sexual

ABSTRACT

Objective:

Females with Sjögren's Syndrome (SS) often experience vaginal dryness and dyspareunia, along with glandular and extraglandular symptoms. We aimed to evaluate sexual function and life quality in women with SS.

Methods:

Forty-six premenopausal women with SS and 47 age-matched controls were studied. Age, duration of the disease, medications, and comorbid diseases were noted. Participants completed 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) and Female Sexual Function Index (FSFI). Patients were asked about vaginal discharge and itching in the last month, and if they informed their rheumatologists about any sexual problems. Gynecologic examinations were performed and vaginal smears were taken on each participant.

Results:

The median total scores of FSFI were significantly lower in the SS group than the controls [17.12 (2.4-27.8) and 27.4 (16.9-36.0), respectively, p < 0.001]. In the SS group, 37 (80.4%) and in the control group 18 (38.3%) of patients were sexually dissatisfied (p < 0.001). Vaginal dryness and lubricant use were significantly increased in patients with SS compared to controls (p < 0.001). Life quality scores were significantly lower in patients with SS than the controls (p < 0.001). Vaginal dryness was negatively correlated with FSFI total (r = −0.312, p = 0.035) and subscores except desire and arousal. Physical functioning, role physical and role emotional scores were positively correlated with total FSFI scores (r = 0.449, p = 0.002, r = 0.371, p = 0.011, r = 0.299, p = 0.043, respectively).

Conclusions:

Women with SS experience less satisfaction with sexual activity, which can be affected by age, vaginal dryness, physical pain, and impaired function due to the disease. Therefore, rheumatologists should pay attention to these symptoms and management.

Keywords:
Sjögren's syndrome; Chronic dyspareunia; Sexual dissatisfaction

Introdução

A síndrome de Sjögren (SS) é uma doença autoimune multissistêmica comum, que afeta principalmente as glândulas exócrinas. Os sintomas clínicos são ressecamento da boca e dos olhos (sicca), decorrente da disfunção das glândulas salivares e lacrimais.11 Kassan SS, Moutsopoulos HM. Clinical manifestations and early diagnosis of Sjögren syndrome. Arch Intern Med. 2004;164:1275-84.,22 Ramos-Casals M, Tzioufas AG, Font J. Primary Sjögren's syndrome: new clinical and therapeutic concepts. Ann Rheum Dis. 2005;64:347-54. Sintomas extraglandulares, como fadiga incapacitante, doença intersticial pulmonar, envolvimento neurológico e artrite são menos frequentemente descritos.33 Kabasakal Y, Kitapcioglu G, Turk T, Oder G, Durusoy R, Mete N, et al. The prevalance of Sjögren's syndrome in adult women. Scand J Rheumatol. 2006;35:379-83. Na histopatologia da SS, observa-se infiltração linfocítica dos órgãos afetados.33 Kabasakal Y, Kitapcioglu G, Turk T, Oder G, Durusoy R, Mete N, et al. The prevalance of Sjögren's syndrome in adult women. Scand J Rheumatol. 2006;35:379-83. A SS é uma doença sistêmica classificada como primária ou secundária, cada uma associada a sintomas específicos. A artrite reumatoide é a principal doença relacionada com a SS secundária.44 Seror R, Theander E, Bootsma H, Bowman SJ, Tzioufas A, Gottenberg JE, et al. Outcome measures for primary Sjögren's syndrome: a comprehensive review. J Autoimmun. 2014;51:51-6.

As taxas de incidência e prevalência da síndrome de Sjögren primária (SSp) podem variar nas diferentes populações.55 Valim V, Zandonade E, Pereira AM, de Brito Filho OH, Serrano EV, Musso C, et al. Primary Sjögren's syndrome prevalence in a major metropolitan area in Brazil. Rev Bras Reumatol. 2013;53:24-34.,66 Gøransson LG, Haldorsen K, Brun JG, Harboe E, Jonsson MV, Skarstein K, et al. The point prevalence of clinically relevant primary Sjögren's syndrome in two Norwegian counties. Scand J Rheumatol. 2011;40:221-4. Em uma revisão sistemática e metanálise, a prevalência geral da SSp foi de 60,82 (IC 95% 43,69 a 77,94) casos por 100 mil habitantes; a idade geral das pacientes com SSp foi de 56,16 anos (IC 95% 52,54 a 59,78.77 Qin B, Wang J, Yang Z, Yang M, Ma N, Huang F, et al. Epidemiology of primary Sjögren's syndrome: a systematic review and meta-analysis. Ann Rheum Dis. 2015;74:1983-9. As mulheres têm um risco nove vezes maior de ter SS do que os homens.88 Fox RI. Sjögren's syndrome. Lancet. 2005;366:321-31. As mulheres com SSp muitas vezes experimentam secura vaginal e dispareunia, juntamente com sintomas glandulares e extraglandulares.88 Fox RI. Sjögren's syndrome. Lancet. 2005;366:321-31. A dispareunia crônica pode ser o primeiro sintoma a se manifestar na SSp.99 Mulherin DM, Sheeran TP, Kumararatne DS, Speculand B, Luesley D, Situnayake RD. Sjögren's syndrome in women presenting with chronic dyspareunia. Br J Obstet Gynaecol. 1997;104:101923. A secura vaginal e a dispareunia afetam a qualidade de vida mais do que outros sintomas da SS.1010 Belenguer R, Ramos-Casals M, Brito-Zerón P, del Pino J, Sentís J, Aguiló S, et al. Influence of clinical and immunological parameters on the health-related quality of life of patients with primary Sjögren's syndrome. Clin Exp Rheumatol. 2005;23:3516.

A SS geralmente é encontrada em mulheres sexualmente ativas, o que pode ter um grave impacto sobre a qualidade de vida da paciente; isso inclui questões de saúde emocional, funcional, psicológica, sexual e reprodutiva. A saúde sexual impacta em muitos aspectos da vida de um indivíduo, inclusive a atividade e satisfação sexual.1111 Stephenson KR, Meston CM. The conditional importance of sex: exploring the association between sexual wellbeing and life satisfaction. J Sex Marital Ther. 2015;41:2538. Relata-se a presença de disfunção sexual em 24 a 72% dos distúrbios reumáticos.1212 Ferreira Cde C, da Mota LM, Oliveira AC, de Carvalho JF, Lima RA, Simaan CK, et al. Frequency of sexual dysfunction in women with rheumatic diseases. Rev Bras Reumatol. 2013;53:3546.,1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93. Nessas doenças, a dor, a fadiga, a rigidez, o comprometimento funcional, a depressão, os efeitos colaterais do tratamento e a diminuição na libido também podem afetar a função sexual.1414 Østensen M. New insights into sexual functioning and fertility in rheumatic diseases. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2004;18:219-32. A secura vaginal e a dispareunia podem levar à insatisfação sexual.1515 Tristano AG. The impact of rheumatic diseases on sexual function. Rheumatol Int. 2009;29:853-60.

Estudos prévios focaram de modo amplo nos sintomas vaginais e na dispareunia, mas apenas alguns estudos destacaram a disfunção sexual e a angústia em mulheres com SS.1212 Ferreira Cde C, da Mota LM, Oliveira AC, de Carvalho JF, Lima RA, Simaan CK, et al. Frequency of sexual dysfunction in women with rheumatic diseases. Rev Bras Reumatol. 2013;53:3546.,1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93.,1616 Priori R, Minniti A, Derme M, Antonazzo B, Brancatisano F, Ghirini S, et al. Quality of sexual life in women with primary Sjögren Syndrome. J Rheumatol. 2015;42:1427-31.,1717 Shiboski SC, Shiboski CH, Criswell L, Baer A, Challacombe S, Lanfranchi H, et al. American College of Rheumatology classification criteria for Sjögren's syndrome: a data-driven, expert consensus approach in the Sjögren's International Collaborative Clinical Alliance cohort. Arthritis Care Res (Hoboken). 2012;64:475-87. Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida e a disfunção sexual em um grupo de mulheres turcas com SS. Além disso, buscou-se avaliar se aspectos sociais, físicos e emocionais prejudicam a função sexual nessas mulheres.

Material e métodos

O estudo foi feito entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2016 em um hospital de uma universidade estadual, após a aprovação do Comitê de Ética local. As pacientes com SS tinham entre 28 e 48 anos e atendiam aos critérios de classificação para SS do American College of Rheumatology (ACR) de 2012.1717 Shiboski SC, Shiboski CH, Criswell L, Baer A, Challacombe S, Lanfranchi H, et al. American College of Rheumatology classification criteria for Sjögren's syndrome: a data-driven, expert consensus approach in the Sjögren's International Collaborative Clinical Alliance cohort. Arthritis Care Res (Hoboken). 2012;64:475-87. Excluíram-se as mulheres na pós-menopausa, as pacientes com doenças sistêmicas graves e complicações e aquelas que estavam em uso de medicamentos que pudessem provocar uma diminuição na lubrificação vaginal, como os diuréticos ou os antidepressivos. Das 86 mulheres diagnosticadas com SS nos ambulatórios de reumatologia, 46 delas aceitaram participar. Incluíram-se também 47 mulheres saudáveis não menopáusicas como grupo controle. Obteve-se de todas as participantes um consentimento informado por escrito, em conformidade com a Declaração de Helsinque.

Anotaram-se nos prontuários a idade, o status menstrual, a duração da doença, os medicamentos e as comorbidades. As participantes foram informadas sobre o âmbito do estudo e foram convidadas a preencher dois questionários: o 36-Item Short Form Health Survey(SF-36) e o Female Sexual Function Index (FSFI). Quaisquer questões pouco claras foram explicadas pelos dois autores (HI e TB) do estudo.

A qualidade de vida relacionada com a saúde das pacientes foi avaliada com o questionário 36-Item Short Form Health Survey(SF-36), que consiste em 36 questões e oito domínios; trata-se de um questionário frequentemente usado, desenvolvido por Ware e Sherbourne em 1992. Kocyigit et al., em 1999, determinaram a sua validade e confiabilidade para a população turca. Os domínios do SF-36 são capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional e saúde mental. Os indivíduos responderam as 36 perguntas dentro do tempo máximo permitido de 10 minutos. Pontuaram-se todos os domínios e calculou-se a soma dos escores dos domínios. As pontuações possíveis vão de 0 e 100, respectivamente, com escore mais altos que indicam uma melhor qualidade de vida.

O FSFI contém 19 itens e avalia a função sexual do paciente, conforme relatado por Rosen et al.1818 Rosen R, Brown C, Heiman J, Leiblum S, Meston C, Shabsigh R, et al. The Female Sexual Function Index (FSFI): a multidimensional self-report instrument for the assessment of female sexual function. J Sex Marital Ther. 2000;26:191-208. e validado para a população turca por Oksuz et al. em 2005.1919 Oksuz E, Malhan S. Kadin cinsel fonksiyon indeksi: Türkçe uyarlamasinin geçerlilik ve güvenilirlik analizi. Sendrom. 2005;17:54-60. A função sexual é medida em seis subescalas: desejo, excitação, orgasmo, lubrificação, satisfação e dor. Calcula-se a pontuação de cada subescala e a soma produz um FSFI total que varia de 2 a 36.1919 Oksuz E, Malhan S. Kadin cinsel fonksiyon indeksi: Türkçe uyarlamasinin geçerlilik ve güvenilirlik analizi. Sendrom. 2005;17:54-60. Uma pontuação inferior a 26 é considerada disfunção sexual na versão turca,2020 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Triantafyllou G, Gavriilaki E, Chatzimichailidou S, et al. Association between mental health disorders and sexual dysfunction in patients suffering from rheumatic diseases. J Sex Med. 2014;11:2653-60. com escores mais altos que indicam uma melhor função sexual.

As pacientes foram perguntadas quanto à presença de corrimento vaginal e prurido no último mês, ou no momento do exame, e se tinham informado a seus reumatologistas sobre quaisquer problemas sexuais. Fizeram-se exames ginecológicos em todas participantes, coletaram-se simultaneamente esfregaços vaginais. Administrou-se tratamento em caso de quaisquer infecções.

Análise estatística

Foi feita com o programa SPSS 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). A distribuição dos dados foi determinada pelo teste de Shapiro-Wilk. As variáveis categóricas foram apresentadas como frequências e porcentagens e as variáveis contínuas foram apresentadas como a média seguida pelo desvio padrão e mediana, com valores máximo e mínimo. As variáveis contínuas foram expressas como a média ± desvio padrão e as variáveis categóricas foram expressas com frequências e porcentagens. Para a análise estatística, usou-se o teste t de Student para amostras independentes e o teste U de Mann-Whitney para comparar as variáveis contínuas. O teste qui-quadrado de Pearson foi usado para comparar as variáveis categóricas. O teste de correlação Rho de Spearman foi usado para avaliar a relação entre o escore no FSFI, os domínios de qualidade de vida e os sintomas vaginais, como ressecamento, infecção e prurido.

Resultados

As características demográficas e da doença são apresentadas na tabela 1. Não houve diferença entre as médias das idades das pacientes com SS e controles (40,43 ± 5,1 e 39,77 ± 3,2, respectivamente, p = 0,674). A duração média da doença foi de 5 (3 a 8) anos. Aproximadamente três quartos das pacientes com SS estavam livres de comorbidades (71,7%). A artrite reumatoide, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e a doença pulmonar intersticial (DPI) foram as doenças que coexistiram com a SS em 13 (27,3%) das pacientes.

Tabela 1
Características demográficas e da doença das pacientes

Avaliação da função sexual

A mediana da pontuação total no FSFI foi de 17,12 (2,4 a 27,8) no grupo SS e 27,4 (16,9 a 36,0) no grupo controle e foi significativamente menor no grupo SS (p < 0,001) (tabela 2). No grupo SS, 37 (80,4%) das pacientes estavam sexualmente insatisfeitas e 9 (19,6%) estavam satisfeitas; no grupo controle, 18 (38,3%) estavam sexualmente insatisfeitas e 29 (61,7%) satisfeitas com a função sexual (p < 0,001). Além disso, todos os subescores do FSFI (desejo, excitação, orgasmo, lubrificação, satisfação e dor) no grupo controle eram significativamente maiores do que os subescores de pacientes com SS (p < 0,001). O prurido vaginal esteve presente em 14 (35%) pacientes e a leucorreia ou as queixas vaginais infecciosas estavam presentes em 19 (45%). Não houve diferença estatisticamente significativa nas frequências de leucorreia ou queixas vaginais infecciosas entre as pacientes com SS e controles (p = 0,613).

Tabela 2
Função sexual, queixas vaginais e qualidade de vida de pacientes com síndrome de Sjögren e controles saudáveis

O exame ginecológico de esfregaço cervicovaginal revelou atrofia vaginal em 3 (6,5%) das pacientes, alterações inflamatórias em 23 (50%) e exame normal em 20 (43,5%). Os esfregaços cervicovaginais de 17 (36,2%) pacientes do grupo controle mostraram inflamação e 30 (63,8%) eram normais. No questionamento detalhado sobre os medicamentos usados mais da metade das pacientes (n = 24, 52,2%) do grupo SS relataram o uso de lubrificantes antes da relação sexual em decorrência da secura vaginal. A secura vaginal e o uso de lubrificantes estiveram significativamente aumentados em pacientes com SS em relação aos controles (p < 0,001). As pacientes que usaram lubrificantes relataram que a satisfação sexual melhorou com seu uso, mas o restante delas desconhecia os lubrificantes. Das pacientes que usavam lubrificantes, 9 (37,5%) tinham escores sexuais satisfatórios; no entanto, nenhuma das mulheres que não usavam o produto teve escores satisfatórios no FSFI.

Avaliação da qualidade de vida

Todos os escores de qualidade de vida - aspecto físico, aspecto emocional, aspecto social, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspecto mental e capacidade funcional - foram significativamente menores nas pacientes com SS do que nas do grupo controle (tabela 2).

Parâmetros relacionados com a disfunção sexual

A idade se correlacionou negativamente com a pontuação total (r = −0,545, p < 0,001) e subescores do FSFI nas pacientes com SS. O prurido vaginal e os sintomas infecciosos não se correlacionaram com o FSFI total e subescores do FSFI. A secura vaginal se correlacionou negativamente com o FSFI total (r = −0,312, p = 0,035) e subescores do FSFI, exceto desejo e excitação (tabela 3). O uso de lubrificantes se correlacionou positivamente com a pontuação total do FSFI (r = 0,695, p < 0,001), desejo (r = 0,645, p < 0,001), excitação (r = 0,738, p < 0,001), lubrificação (r = 0,667, p < 0,001), orgasmo (r = 0,675, p < 0,001), satisfação (r = 0,586, p < 0,001) e dor (r = 0,672, p < 0,001). A capacidade funcional, o aspecto físico e o aspecto emocional se correlacionaram positivamente com o FSFI total (r = 0,449, p = 0,002; r = 0,371, p = 0,011; r = 0,299, p = 0,043) (tabela 3).

Tabela 3
Relação entre a disfunção sexual, características da paciente e características clínicas das pacientes do grupo de estudo (pacientes com síndrome de Sjögren)

Quando as pacientes foram perguntadas sobre terem ou não discutido seus sintomas vaginais ou disfunção sexual com seus reumatologistas, 26 (56,5%) das mulheres disseram que não o fizeram porque não achavam que a disfunção sexual estava sendo avaliada. Apenas 8 (17,3%) mulheres mencionaram seus sintomas vaginais a seus médicos. As 12 (26,2%) restantes tentaram falar sobre sua secura vaginal, mas tiveram vergonha de fazê-lo.

Discussão

As mulheres com SS muitas vezes experimentam secura vaginal e dispareunia, que podem levar à disfunção sexual.88 Fox RI. Sjögren's syndrome. Lancet. 2005;366:321-31. Descobriu-se que as pacientes com SS apresentam menores escores de função sexual em comparação com controles pareados por idade; 80,4% delas estavam sexualmente insatisfeitas, de acordo com valores de corte previamente determinados (pontuação no FSFI < 26).1919 Oksuz E, Malhan S. Kadin cinsel fonksiyon indeksi: Türkçe uyarlamasinin geçerlilik ve güvenilirlik analizi. Sendrom. 2005;17:54-60.,2020 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Triantafyllou G, Gavriilaki E, Chatzimichailidou S, et al. Association between mental health disorders and sexual dysfunction in patients suffering from rheumatic diseases. J Sex Med. 2014;11:2653-60. Todos os domínios da função sexual, inclusive o desejo, a excitação, o orgasmo, a lubrificação, a dor e a satisfação, estavam afetados nessas mulheres. Os domínios de qualidade de vida, inclusive o aspecto social, a capacidade funcional, o aspecto emocional e o estado geral de saúde, eram significativamente mais baixos em pacientes com SS do que nos controles. Como a secura vaginal foi significativamente maior em pacientes com SS, a incidência de uso de lubrificantes é muito mais elevada nessas pacientes em comparação com os controles. A secura vaginal, o uso de lubrificantes e os escores de capacidade funcional, aspecto físico e aspecto emocional estiveram correlacionados com a disfunção sexual. A secura vaginal era um sintoma importante, que teve correlação estatisticamente significativa com a disfunção sexual em mulheres com SS.

A idade esteve negativamente correlacionada com a função sexual no grupo SS, o que foi semelhante ao encontrado em estudos anteriores.1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93.,2121 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Doumas M, Gavriilaki E, Triantafyllou G, et al. The impact of frequently encountered cardiovascular risk factors on sexual dysfunction in rheumatic disorders. Andrology. 2013;1:556-62. Anyfanti et al. avaliaram 557 pacientes com doenças reumatológicas e encontraram que a idade avançada era o único fator preditivo para a disfunção sexual.2121 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Doumas M, Gavriilaki E, Triantafyllou G, et al. The impact of frequently encountered cardiovascular risk factors on sexual dysfunction in rheumatic disorders. Andrology. 2013;1:556-62. Esses autores relataram que a idade também pode afetar as atitudes físicas e psicológicas e, por sua vez, causar disfunção sexual.2121 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Doumas M, Gavriilaki E, Triantafyllou G, et al. The impact of frequently encountered cardiovascular risk factors on sexual dysfunction in rheumatic disorders. Andrology. 2013;1:556-62. Mesmo que a idade tenha afetado negativamente a função sexual no presente estudo, as pacientes com SS apresentaram menores escores no FSFI e maior disfunção sexual em comparação com controles saudáveis pareados por idade; isso mostra que a SS tem um impacto negativo importante sobre a função sexual após o ajuste por idade.

As queixas de infecção vaginal, a leucorreia e o prurido não se correlacionaram com a função sexual no presente estudo, o que concorda com Van Nimwegen et al.1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93. Não houve diferença entre os sintomas de leucorreia e prurido entre os grupos de estudo e controle. Mesmo que as taxas de alterações inflamatórias e atrofia nos esfregaços vaginais tenham sido maiores nas pacientes com SS, a diferença não foi estatisticamente significativa.

A secura vaginal esteve presente em frequência quase dez vezes maior em pacientes com SS do que nos controles. Da mesma maneira, o uso de lubrificantes em pacientes com SS foi cinco vezes mais frequente. Os lubrificantes são recomendados pela International Menopause Society e pela North American Menopause Society no período pós-menopausa.2222 2013 position statement of The North American Menopause Society Management of symptomatic vulvovaginal atrophy. Menopause. 2013;20:888-902.,2323 Sturdee DW, Panay N. Recommendations for the management of postmenopausal vaginal atrophy. Climacteric. 2010;13:509-22. No presente estudo, mostrou-se que as mulheres com SS podem precisar de lubrificantes também durante o período perimenopausa, em razão da secura vaginal. As pacientes que usaram lubrificantes sentiram que a satisfação sexual melhorou com seu uso, de modo que os médicos podem recomendar esses produtos a pacientes com SS, mesmo àquelas na pré-menopausa. Além disso, as mulheres do presente estudo que relataram maior lubrificação vaginal do que as outras participantes tinham menos dor durante as relações sexuais e melhores escores de dor sexual (r = −0,341, p = 0,020, tabela 3). Jozkowski et al. avaliaram as percepções das mulheres avaliadas acerca do uso de lubrificantes e por que elas estavam mais inclinadas a usá-los. Seus achados mostraram que as mulheres optavam pelos lubrificantes para se sentir mais lubrificadas durante a relação sexual. Eles concluíram que seria útil se profissionais de saúde e educadores sexuais incentivassem o uso de lubrificantes.2424 Jozkowski KN, Herbenick D, Schick V, Reece M, Sanders SA, Fortenberry JD. Women's perceptions about lubricant use and vaginal wetness during sexual activities. J Sex Med. 2013;10:484-92.

Encontrou-se a presença de doenças reumatológicas associadas em 27,3% do grupo de estudo. No entanto, a presença de AR ou LES associada ao SS não esteve relacionada com a disfunção sexual no presente estudo. Anyfanti et al. avaliaram se fatores de risco cardiovascular eram os responsáveis pela disfunção sexual em pacientes com doenças reumatológicas; eles relataram que os fatores de risco cardiovascular tradicionais não foram capazes de explicar o aumento na prevalência de disfunção sexual.2121 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Doumas M, Gavriilaki E, Triantafyllou G, et al. The impact of frequently encountered cardiovascular risk factors on sexual dysfunction in rheumatic disorders. Andrology. 2013;1:556-62. O tamanho da amostra do presente estudo é relativamente pequeno, mas foram incluídas mulheres na pré-menopausa comparativamente jovens. Foram excluídas as mulheres com doenças sistêmicas graves e complicações e pacientes que estavam em uso de antidepressivos ou diuréticos a fim de eliminar o efeito desfavorável desses medicamentos sobre a função sexual.

Buscou-se avaliar as diferenças entre os escores de função sexual de mulheres turcas e de outros países. As pontuações no FSFI encontradas, tanto em pacientes com SS [17,12 (2,4 a 27,89)] quanto no grupo controle [27,4 (16,9 a 36,0)] foram menores do que nos estudos anteriores99 Mulherin DM, Sheeran TP, Kumararatne DS, Speculand B, Luesley D, Situnayake RD. Sjögren's syndrome in women presenting with chronic dyspareunia. Br J Obstet Gynaecol. 1997;104:101923.,1212 Ferreira Cde C, da Mota LM, Oliveira AC, de Carvalho JF, Lima RA, Simaan CK, et al. Frequency of sexual dysfunction in women with rheumatic diseases. Rev Bras Reumatol. 2013;53:3546.,1616 Priori R, Minniti A, Derme M, Antonazzo B, Brancatisano F, Ghirini S, et al. Quality of sexual life in women with primary Sjögren Syndrome. J Rheumatol. 2015;42:1427-31.; isso pode ser explicado por diferenças culturais. Van Nimwegen et al. relataram uma pontuação média no FSFI de 20,6 nas pacientes com SS e 30,3 nos controles.1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93. Priori et al. relataram uma pontuação média no FSFI de 19,1 ± 7,33 nas pacientes com SS. Priori et al. também sugeriram que tanto as mulheres na pré-menopausa quanto na pós-menopausa com SS têm pior qualidade de vida sexual, o que é similar aos achados do presente estudo.1616 Priori R, Minniti A, Derme M, Antonazzo B, Brancatisano F, Ghirini S, et al. Quality of sexual life in women with primary Sjögren Syndrome. J Rheumatol. 2015;42:1427-31. Ferreira et al. relataram uma prevalência de disfunção sexual de 18,4% em pacientes reumáticos com média de 40,4 anos. As pacientes com fibromialgia e SS tiveram a maior frequência de disfunção sexual (33%), que foi menor do que a taxa de disfunção sexual de 80,4% encontrada em pacientes com SS de faixa etária semelhante.1212 Ferreira Cde C, da Mota LM, Oliveira AC, de Carvalho JF, Lima RA, Simaan CK, et al. Frequency of sexual dysfunction in women with rheumatic diseases. Rev Bras Reumatol. 2013;53:3546. As atitudes sexuais podem variar entre as culturas em relação a questões sociais e psicossociais, de modo que os escores de função sexual variam em conformidade.99 Mulherin DM, Sheeran TP, Kumararatne DS, Speculand B, Luesley D, Situnayake RD. Sjögren's syndrome in women presenting with chronic dyspareunia. Br J Obstet Gynaecol. 1997;104:101923.,1515 Tristano AG. The impact of rheumatic diseases on sexual function. Rheumatol Int. 2009;29:853-60.,1616 Priori R, Minniti A, Derme M, Antonazzo B, Brancatisano F, Ghirini S, et al. Quality of sexual life in women with primary Sjögren Syndrome. J Rheumatol. 2015;42:1427-31. Este é o primeiro estudo feito na Turquia sobre a função sexual de pacientes com SS. Encontrou-se uma incidência de disfunção sexual em mulheres saudáveis de 28,6% a 48,3% em estudos feitos em diferentes cidades da Turquia.2525 Öksüz E, Malhan S. Prevalence and risk factors for female sexual dysfunction in Turkish women. J Urol. 2006;175:654-8.,2626 Demir Ö, Parlakay N, Gök G, Esen AA. Sexual dysfunction in a female hospital staff. Andrology. 2007;33:156-60. No presente estudo, a taxa de disfunção sexual foi de 38,3% no grupo controle, o que é compatível com estudos anteriores.

Um dos objetivos do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida e seus efeitos sobre a função sexual em pacientes com SS. Descobriu-se que os escores de capacidade funcional nos testes de qualidade de vida se correlacionaram positivamente com os escores de função sexual. Se a paciente tem uma melhor capacidade funcional e menos restrição física, ela tende a ter uma maior satisfação. O aspecto social não esteve ligado à função sexual. A medida sumário mental do SF-36, resultante da soma dos escores nos domínios saúde mental e aspecto emocional, não se correlacionou com os escores do FSFI (tabela 3). Os aspectos psicológicos da função sexual foram avaliados em estudos anteriores. Anyfanti et al. afirmaram que o sofrimento mental e a disfunção sexual são extremamente comuns em pacientes reumáticos.2020 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Triantafyllou G, Gavriilaki E, Chatzimichailidou S, et al. Association between mental health disorders and sexual dysfunction in patients suffering from rheumatic diseases. J Sex Med. 2014;11:2653-60. Os pesquisadores concluíram que a depressão e a ansiedade estiveram correlacionadas à disfunção sexual na doença reumatológica, bem como em pacientes com SS1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93.,2727 Maddali Bongi S, Del Rosso A, Orlandi M, Matucci-Cerinic M. Gynaecological symptoms and sexual disability in women with primary Sjögren's Syndrome and sicca syndrome. Clin Exp Rheumatol. 2013;31:683-90.; Van Nimwegen et al. relataram que a depressão era o indicador mais importante de disfunção sexual em pacientes com SS.1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93. Encontrou-se uma diminuição nos escores do aspecto emocional e saúde mental em pacientes com SS quando comparados com controles, similarmente ao encontrado em outros estudos na população com SS.1313 van Nimwegen JF, Arends S, van Zuiden GS, Vissink A, Kroese FG, Bootsma H. The impact of primary Sjögren's syndrome on female sexual function. Rheumatology (Oxford). 2015;54:1286-93.,2020 Anyfanti P, Pyrpasopoulou A, Triantafyllou A, Triantafyllou G, Gavriilaki E, Chatzimichailidou S, et al. Association between mental health disorders and sexual dysfunction in patients suffering from rheumatic diseases. J Sex Med. 2014;11:2653-60. Neste estudo, avaliaram-se as características psicológicas apenas com os domínios do questionário SF-36 (aspecto emocional e saúde mental), o que pode não ter sido suficiente para uma avaliação detalhada. A depressão e a ansiedade não foram avaliadas com questionários mais específicos, o que pode ser uma limitação do presente estudo. Mesmo que a disfunção emocional estivesse ligada à disfunção sexual no presente estudo, não foi encontrada correlação entre os escores de saúde mental e a pontuação no FSFI.

Além disso, perguntou-se às mulheres se elas haviam discutido a atividade ou problemas sexuais com seus reumatologistas. Descobriu-se que apenas oito (17,3%) delas falaram sobre suas queixas vaginais. As mulheres raramente falam sobre esses tópicos com seus médicos, já que a área médica tende a negligenciar a disfunção sexual na doença reumatológica. Muitas mulheres turcas também hesitam em discutir problemas sexuais. No presente estudo, conversou-se pessoalmente com as pacientes. Às vezes, percebeu-se que elas poderiam estar se sentindo constrangidas em responder a perguntas sobre sexualidade, em razão da pressão social. A secura vaginal é um dos sintomas da SS, de modo que os reumatologistas devem perguntar sobre as relações íntimas de suas pacientes. As mulheres poderiam então ser encaminhadas a ginecologistas ou sexólogas. Pode-se dar apoio psicossocial às mulheres e seus parceiros para melhorar seu relacionamento, já que os problemas na comunicação e interrelação podem piorar a disfunção sexual e as queixas físicas. Por outro lado, para as mulheres que têm um desempenho reduzido na sexualidade em decorrência da secura vaginal ou de outros sintomas vaginais, pode-se recomendar o uso de lubrificantes ou estrogênio.

Em conclusão, as mulheres com SS experimentaram baixa satisfação com a atividade sexual, o que pode ter sido afetado pela idade, pelo aumento na secura vaginal e pela função física e emocional prejudicada em decorrência da doença. O uso de lubrificantes esteve associado a uma melhor satisfação sexual e a um aumento no escore total e subescores do FSFI. Portanto, os lubrificantes devem ser considerados como um tratamento sintomático na SS. Este estudo aborda sintomas comuns na SS que normalmente têm sido subestimados por reumatologistas. São necessários mais estudos com amostras maiores para confirmar os resultados do presente trabalho.

Agradecimentos

Aos participantes que concordaram em preencher os questionários. Não recebemos qualquer tipo de financiamento.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    25 Ago 2015
  • Aceito
    18 Maio 2016
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