RESUMO
Em janeiro de 2022, o Rio Carmo (um afluente do Rio Doce) foi afetado por um evento hidrológico extremo, com um tempo de retorno de 50 anos. Esse evento foi 50% mais intenso do que o associado a uma das maiores falhas de barragem de rejeitos já registradas, que ocorreu neste mesmo rio. Isso resultou no despejo de rejeitos de mineração contaminados no Rio Doce, por meio do Rio Carmo, em uma confluência em forma de Y. Com objetivo de entender a função dos afluentes na recuperação do rio Doce, foram realizadas simulações hidrodinâmicas e de transporte de sedimentos, a partir da versão bidimensional do modelo HEC-RAS, na confluência do rio do Carmo com o rio Piranga. Nossos resultados, com base em modelagem numérica, sensoriamento remoto e medições in situ, apontaram que grandes quantidades de sedimentos foram retidas nas margens do rio e nos bancos de pedra, o que torna esta confluência um local importante para a retenção de sedimentos contaminados, com influências significativas para a qualidade de água a jusante. Sendo assim, essa confluência merece uma atenção especial da engenharia Hídrica a fim de evitar que os sedimentos retidos nesta área sejam transportados a jusante durante os eventos extremos nos próximos anos. Esses resultados podem contribuir para a tomada de decisões, para identificação de trechos com maior suscetibilidade a erosão e deposição de sedimento e para planejamento da restauração desses rios.
Palavras-chave:
Confluência de rios; Modelagem hidráulica; Restauração de rios; Transporte de sedimentos; Morfodinâmica