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O efeito combinado de oscilações climáticas na produção de extremos: a seca de 2020 no Sul do Brasil

RESUMO

A seca de 2020 no Sul do Brasil, que culminou no final do verão e início do outono (fevereiro-março-abril), apresentou um dos mais deficientes totais pluviométricos em tal trimestre. Tal período do ano já vinha apresentando predominância de desvios pluviométricos negativos desde o final dos anos 1990. Esta recente seca representa, portanto, piora significativa num quadro já desfavorável de disponibilidade hídrica. Tal comportamento de longo prazo deve-se à combinação de fases opostas de duas oscilações climáticas interdecadais na temperatura da superfície do mar: a fase positiva da Oscilação Multidecadal do Atlântico e a fase negativa da Oscilação Interdecadal do Pacífico. Tal combinação produz variação no estado básico da atmosfera que favorece estiagem no Sul do Brasil nessa época do ano e a ocorrência mais frequente de secas. Para que ocorra um evento extremo, geralmente é necessário que, em adição a oscilações interdecadais, ocorra um evento de oscilação interanual que também favoreça a seca, como os eventos de El Niño Central em 2020 e La Niña em 2009 e 2012, anos de secas no Sul do Brasil durante a mesma combinação de fases das duas oscilações interdecadais. Mudanças climáticas antrópicas podem intensificar a frequência e intensidade destes eventos extremos.

Palavras-chave:
Seca extrema; Combinação de oscilações climáticas

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