Resumo
Objetivos:
analisar a prevalência e fatores associados à gravidez não planejada em uma capital do Nordeste brasileiro.
Métodos:
estudo transversal aninhado à coorte de nascimento hospitalar com amostra probabilística de 5.110 puérperas. Fatores associados foram analisados utilizando-se modelo teórico hierarquizado em três níveis: distal (caracteristicas socioeconômicas e demográficas da mulher), intermediário(caracteristicas reprodutivas, hábitos maternos e IMC), e nível proximal (características do companheiro). Realizou-se análise de regressão multivariada de Poisson.
Resultados:
a prevalência de gravidez não planejada foi de 68,1% (IC95%= 66,8-69,4). A análise multivariada mostrou associação com cor/raça preta (RP=1,03; IC95%= 1,01-1,07), faixa etária da mãe até 19 anos (RP=1,09; IC95%= 1,06-1,12) e 20 a 24 anos (RP=1,04; IC95%= 1,01-1,07), não residir com o companheiro (RP=1,09; IC95%= 1,07-1,11), maior o número de pessoas no domicílio: 5 pessoas (RP= 1,10; IC95%= 1,08-1,13) e de 3 a 4 (RP=1,08; IC95%= 1,05-1,10), número de ≥4 filhos (RP=1,09; IC95%= 1,06-1,13) e 2 ou 3 filhos (RP=1,03; IC95%= 1,02-1,05), uso de álcool (RP=1,03; IC95%= 1,01-1,05), IMC pré-gestacional desnutrido (RP=1,03; IC95%= 1,01-1,06) e baixa escolaridade (5 a 8 anos) do companheiro (RP=1,03; IC95%= 1,01-1,07). O aborto prévio associou-se inversamente com gravidez planejada (RP=0,95; IC95%= 0,93-0,97).
Conclusões:
foi elevada a prevalência de gravidez não planejada, e esteve associada a características socioeconômicas e demográficas que refletem a combinação de complexas desigualdades que impactam mulheres e seus parceiros.
Palavras-chave:
Gravidez não planejada; Planejamento reprodutivo; Saúde reprodutiva; Desigualdades