Oportunidades perdidas na prevenção da transmissão vertical da sífilis na população indígena do Brasil central

Pícoli, Renata Palópolí; Cazola, Luiza Helena de Oliveira

doi:10.1590/1806-9304202200040006

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ARTIGOS ORIGINAIS • Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 22 (04) • Oct-Dec 2022 • https://doi.org/10.1590/1806-9304202200040006 linkcopiar

Oportunidades perdidas na prevenção da transmissão vertical da sífilis na população indígena do Brasil central

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivos: estimar a taxa de detecção de sífilis em gestantes, a incidência de sífilis congênita e a taxa de transmissão verticalda sífilis e analisar as oportunidades perdidas na prevenção da transmissão vertical na população indígena.

Métodos: estudo descritivo de casos de gestantes indígenas com sífilis que tiveram ou não como desfecho um caso de sífilis congênita. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, dos registros da área de Infecções Sexualmente Transmissíveis do Distrito Sanitário Especial Indígena e dos prontuários de gestantes indígenas, no ano de 2015. Realizou-se o relacionamento da base de dados e cálculo de taxas de sífilis em gestantes, sífilis congênita e de transmissão vertical. Nos prontuários, coletaram-se dados do pré-natal, diagnóstico e tratamento da sífilis na gestação.

Resultados: a taxa de detecção de sífilis em gestantes foi de 35,2/1.000 nascidos vivos (NV), a incidência de sífilis congênita, 15,7/1.000 NV e a taxa de transmissão vertical, 44,8%. Evidenciou-se que seis (24%) gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre e sete (28%) realizaram sete ou mais consultas. O diagnóstico de sífilis foi tardio e apenas nove (36%) realizaram adequadamente o tratamento.

Conclusões: falhas no diagnóstico e no tratamento adequado de gestantes com sífilis comprometeram a prevenção da transmissão vertical da doença.

Palavras-chave: Saúde das populações indígenas; Cuidado pré-natal; Transmissão vertical de doença infecciosa; Sífilis congênita; Sífilis

Tratamento	Classificação clínica
Tratamento adequado da gestante com sífilis	Casos em que foram prescritos e registrados o esquema terapêutico e o intervalo de aplicação da penicilina benzatina, de acordo com estágio clínico da doença materna; e o início do tratamento até 30 dias antes do parto.
Tratamento inadequado da gestante com sífilis	Gestantes que não concluíram o tratamento e/ou iniciaram menos de 30 dias antes do parto ou tratadas com qualquer outro medicamento que não a penicilina benzatina.
Tratamento adequado da parceria	Casos que tinham registros de dose e data de realização do esquema terapêutico prescrito, tendo sido realizado concomitantemente ao da gestante.

Fonte de informação	Sífilis na gestação		Sífilis congênita
Fonte de informação	n	%	n	%
Sinan	10	14,9	15	50,0
DSEI	23	34,3	6	20,0
Sinan + DSEI	33	49,2	9	30,0
Total	67^* * Nota: um caso de mãe de recém-nato com notificação de sífilis congênita que não estava notificada no Sinan e não constava nos registros do IST/DSEI/MS.	100,0	30	100,0

		Pré-natal					Trimestre gestacional no diagnóstico	Trimestre gestacional no tratamento	Tratamento da gestante e parceria		Exame na admissão para o parto		Desfecho
Caso	Idade da gestante	IG início PN	N. cons.	Teste rápido	1º fase da Triagem do IPED				Mulher	Parceria	Resultado	Tipo de exame
Caso	Idade da gestante	IG início PN	N. cons.	Teste rápido	ELISA	VDRL			Mulher	Parceria	Resultado	Tipo de exame
1	17	8	8	ni	reagente	1/4	primeiro	terceiro	inadequado	adequado	reagente	TR	vivo
2	13	16	8	reagente	reagente	1/8	terceiro	terceiro	adequado	ni	reagente	TR	vivo, PT
3	28	10	10	ni	reagente	1/4	primeiro	segundo	adequado	adequado	ni	ni	vivo, PT
4	29	24	8	reagente	reagente	1/16	segundo	segundo	adequado	não tratado	ni	ni	vivo
5	35	ni	ni	ni	reagente	1/2	segundo	segundo	adequado	não tratado	ni	ni	vivo
6	26	22	4	ni	reagente	1/2	segundo	ni	ni	ni	reagente	TR	vivo
7	29	22	4	não reagente	não reagente	ni	puerpério	puerpério	ni	ni	reagente	TR	vivo
8	23	5	11	ni	reagente	1/8	primeiro	ni	inadequado	ni	ni	ni	vivo
9	18	27	4	ni	ni	ni	puerpério	ni	ni	ni	1:1	VDRL	vivo
10	20	9	9	ni	reagente	1/4	primeiro	primeiro	adequado	adequado	ni	ni	vivo
11	20	ni	4	não reagente	não reagente	ni	puerpério	puerpério	inadequado	ni	reagente	TR	vivo
12	ni	9	7	ni	não reagente	ni	segundo	segundo	adequado	ni	ni	ni	vivo
13	20	8	6	não reagente	não reagente	ni	puerpério	puerpério	inadequado	ni	ni	ni	vivo, BP
14	21	22	6	ni	reagente	ni	terceiro	terceiro	inadequado	não tratado	i	ni	vivo
15	25	21	4	não reagente	reagente	ni	segundo	terceiro	adequado	ni	ni	ni	vivo
16	40	31	3	ni	não reagente	ni	puerpério	puerpério	inadequado	não tratado	1:4	VDRL	vivo
17	22	25	4	ni	reagente	1/4	terceiro	terceiro	adequado	não tratado	ni	ni	vivo
18	12	26	4	ni	reagente	1/16	terceiro	terceiro	inadequado	não tratado	1:4	VDRL	vivo
19	27	38	1	reagente	reagente	1/2	puerpério	puerpério	inadequado	ni	ni	ni	vivo
20	17	16	4	reagente	reagente	1/2	segundo	segundo	ni	não tratado	ni	ni	vivo, BP
21	24	19	4	ni	reagente	1/1	segundo	terceiro	inadequado	não tratado	ni	ni	vivo
22	26	18	3	ni	ni	ni	puerpério	puerpério	inadequado	não tratado	reagente	TR	vivo, PT
23*	34	14	6	ni	ni	ni	segundo	ni	ni	ni	ni	ni	vivo
24	23	18	6	ni	ni	ni	segundo	segundo	inadequado	não tratado	ni	ni	vivo
25	16	11	6	ni	reagente	1/2	primeiro	segundo	adequado	ni	ni	ni	vivo

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