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Ferimentos por arma de fogo em profissionais de segurança pública e militares das forças armadas: revisão integrativa

Firearm injuries to public safety professionals and military personnel: integrative review

Resumo

Objetivo:

sistematizar a produção bibliográfica sobre a ocorrência de ferimentos por arma de fogo (FAF) entre profissionais de segurança pública, incluindo policiais e militares de forças armadas.

Métodos:

revisão integrativa realizada em bases bibliográficas eletrônicas brasileiras e internacionais (BVS, Scopus, Web of Science e Pubmed), sem estipulação de recorte temporal ou territorial.

Resultados:

foram encontrados 31 artigos segundo os critérios de inclusão e de exclusão. Notou-se aumento crescente de publicações entre 1976 e 2016, a maioria publicada em inglês, em periódicos da área da saúde. Os FAF foram o principal mecanismo de injúria em serviço entre os policiais, mais frequentes entre profissionais do sexo masculino, na faixa etária de 30 anos. As circunstâncias de maior risco foram: ações de prisão e confrontos com criminosos; respostas a chamados policiais para verificação de perturbação à ordem; e em situações de guerra. Existem poucos estudos que discutam as repercussões físicas dos FAF para o exercício profissional dos trabalhadores de segurança pública.

Palavra-chave:
segurança pública; policiais; militares; ferimento por arma de fogo; saúde do trabalhador

Abstract

Objective:

to systematize the bibliographic production on the occurrence of firearm injuries (FAI) among public safety professionals, including police officers and military personnel.

Methods:

integrative review carried out in Brazilian and international electronic bibliographic databases (Brazilian Virtual Health Library, Scopus, Web of Science and Pubmed), without time or geographic specification.

Results:

thirty-one articles were found according to the inclusion and exclusion criteria. There was a growing increase of publications between 1976 and 2016, most of them in English and published in health sciences journals. FAI were the mainspring of injury among police officers, most frequent in male professionals, aged range 30. The riskiest circumstances were: arrest actions and clashes with criminals; attendance to police calls to verify order disturbance; and in war situations. There are few studies discussing the physical repercussions of FAI for the public safety workers’ professional practice.

Keywords:
public safety; police officers; military; firearm injury; occupational health

Introdução

Profissionais de segurança pública apresentam maior risco de morte se comparados a outros trabalhadores11 Minayo MSC, Souza ER. Missão investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Garamond; 2003.), (22 Ferreira DKDS, Augusto LGDS, Silva JM. Condições de trabalho e percepção da saúde de policiais militares. Cad Saude Colet. 2008;16(3):403-20.), (33 Fisher LA, Callaway DW, Sztajnkrycer MD. Incidence of fatal airway obstruction in police officers feloniously killed in the line of duty: a 10-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2013;28(5):466-70.), (44 Gershon RR, Lin S, Li X. Work stress in aging police officers. J Occup Environ Med. 2002;44(2):160-7.), (55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (66 Violanti JM, Hartley TA, Gu JK, Fekedulegn D, Andrew ME, Burchfiel CM. Life expectancy in police officers: a comparison with the US general population. Int J Emerg Ment Health. 2013;15(4):217-28.. Nos Estados Unidos da América (EUA), as taxas de acidentes fatais no trabalho são 3 a 4 vezes maiores entre os policiais quando comparadas a profissionais de outros setores e entre os que trabalham no âmbito privado77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.. Em virtude da natureza e atribuições da profissão, algumas ocorrências que afetam a saúde são ainda particulares a essa classe de trabalhadores. Hierarquia rígida, exigência de disciplina, relação desgastada do policial com a sociedade - e, por vezes, também conflituosa com o sistema de justiça -, exercício de outras atividades em contraturno, cansaço físico e desgaste emocional ao presenciar colegas sendo mortos na linha de confronto são alguns fatores que têm contribuído para o elevado nível de estresse e de agravos à saúde do policial99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5.), (1010 Kelley TM. Mental health and prospective police professionals. Policing. 2005;28(1):6-29.), (1111 Minayo MCS, Souza ER, Constantino P. Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2008.), (1212 Souza ER, Franco LG, Meireles CC, Ferreira VT, Santos NC. Sofrimento psíquico entre policiais civis: uma análise sob a ótica de gênero. Cad Saude Publica. 2007;23(1):105-14.. No Brasil, além desses fatores, elevados níveis de criminalidade, confrontos armados contra grupos do narcotráfico e a grande quantidade de armas de fogo em circulação têm resultado num alto número de policiais atingidos por projétil de arma de fogo, produzindo lesões fatais e/ou incapacitantes e agravando as condições de risco para a saúde1313 Minayo MSC, Souza ER, Constantino P. Riscos percebidos e vitimização de policiais civis e militares na (in)segurança pública. Cad Saude Publica. 2007;23(11):2767-79..

Segundo Clarke77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7., os profissionais de segurança pública nos EUA reúnem oficiais de polícia, detetives e agentes especiais. Suas atribuições envolvem “a responsabilidade pela garantia da lei, da ordem, da proteção da vida e das propriedades” (77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.) (p.3). Já Swedler88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40. define os profissionais de segurança pública como aqueles que “trabalham autorizados pela segurança pública oficial, têm plenos poderes de efetuar prisão, normalmente estão previstos no orçamento, carregam arma de fogo e são pagos pelos fundos públicos destinados à segurança pública” (p. 35). As forças armadas americanas estão entre as mais potentes enquanto número de militares e força bélica do mundo e têm desempenhado nas últimas duas décadas uma forte atuação nas guerras do Oriente Médio.

No Brasil, temos uma configuração diferente da norte-americana quanto à organização das forças policiais e suas áreas de atuação. Os profissionais de segurança pública são servidores públicos concursados e têm um regime de trabalho diferente dos profissionais privados, que são regidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). O ingresso na Administração de servidores da segurança pública é feito a partir de concurso conforme exigência do artigo 37 da Constituição1414 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 2017..

No âmbito da saúde, os militares das forças armadas seguem modelos da medicina militar, com serviços hospitalares e previdência própria. Já entre os policiais, não há um modelo uniforme de assistência à saúde, existindo variações de acordo com o estado e a categoria policial. Contudo, importa ressaltar que esses servidores possuem regimentos próprios sobre a saúde ocupacional, que diferem dos modelos de saúde ocupacional (como da Organização Internacional do Trabalho - OIT) e da perspectiva da saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS)1. A Constituição da República Federativa do Brasil1414 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 2017., nos seus artigos 142 e 144, apresenta as funções, organização e limites constitucionais das instituições públicas responsáveis por exercer a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas, do patrimônio e da nação. Desse modo, relaciona, entre as instituições que fazem parte dos órgãos de segurança pública no Brasil, as polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal, Civil, Militar e o Corpo de Bombeiros. À Polícia Federal cabe apurar as infrações penais de interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, de repercussão interestadual ou internacional; à Rodoviária Federal, o patrulhamento ostensivo das rodovias federais; à Civil, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais; à Militar, o patrulhamento ostensivo e a preservação da ordem pública; ao Corpo de Bombeiros Militar, além das atribuições definidas na Constituição, está a execução de atividades de defesa civil. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são forças auxiliares e de reserva do Exército, de configuração hierarquizada e subordinada, e, juntamente à Polícia Civil, subordinadas aos governadores dos estados. Já as Forças Armadas são instituições nacionais constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, sob a autoridade do Presidente da República. Destinam-se à defesa da pátria e dos poderes constitucionais1414 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 2017..

Segundo dados do Mapa da Violência1515 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2013: mortes matadas por armas de fogo. Rio de Janeiro: Flacso; 2013.), (1616 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2016: homicídios de armas de fogo no Brasil. Rio de Janeiro: Flacso; 2016. sobre homicídios por arma de fogo, entre 1980 e 2014 morreram 967.851 pessoas por disparo de arma de fogo no Brasil, representando 85,8% do total de homicídios no país. O crescimento da mortalidade por arma de fogo oscilou ao longo desse período: entre 1980 e 2003 cresceu de forma acelerada, numa média de 8,1% ao ano; a partir de 2003, houve uma redução das mortes por esta causa, o que pode ser explicado, segundo o Mapa1515 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2013: mortes matadas por armas de fogo. Rio de Janeiro: Flacso; 2013., pelo Estatuto e Campanha do Desarmamento, iniciados em 2004; a partir de 2008, o índice novamente oscila e volta a crescer após 2012. O crescimento da letalidade violenta por arma de fogo entre 1980 e 2014 foi de 592,8% para a população em geral e, quando considerada a faixa etária de 15 a 29 anos, atingiu 699,5%. O Brasil tem uma taxa de 20,7 homicídios por arma de fogo por 100 mil habitantes, ocupando a 10ª posição entre os 100 países analisados pelo Mapa. Nacionalmente, os homens representaram 94,4% das vítimas de homicídios por armas de fogo1515 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2013: mortes matadas por armas de fogo. Rio de Janeiro: Flacso; 2013.), (1616 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2016: homicídios de armas de fogo no Brasil. Rio de Janeiro: Flacso; 2016..

Dados dos sistemas de vigilância de violência e acidentes1717 Viva: vigilância de violências e acidentes: 2013 e 2014. Brasília, DF; 2017., Viva Inquérito (2014) e Viva Contínuo (2013), mostram que, entre os diferentes meios de agressão física, as armas de fogo ocuparam a 4ª posição em número de morbidades, com destaque para os homens. Ressalta-se que não é possível conhecer a real magnitude das morbidades produzidas por arma de fogo na população, já que: “no caso de violência extrafamiliar/comunitária, somente são objetos de notificação as violências contra crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, pessoa com deficiência, indígenas e população LGBT” (p. 18) (1717 Viva: vigilância de violências e acidentes: 2013 e 2014. Brasília, DF; 2017.; não sendo, portanto, obrigatória a notificação dos casos entre os profissionais de segurança pública ou militares das forças armadas. Tais fatos representam uma grande restrição à compreensão do impacto dos ferimentos por arma de fogo (FAF) nesse grupo da população1818 Souza ER, Njaine K, Minayo MCS. Qualidade da informação sobre violência: um caminho para a construção da cidadania. Cadernos do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. 1996;2:104-12..

Segundo informações do relatório anual do Fórum de Segurança Pública1919 Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública [Internet]. 2016 [citado em 4 ago 2017]. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/storage/10_anuario_site_18-11-2016-retificado.pdf
http://www.forumseguranca.org.br/storage...
, em 2016, 358 policiais morreram em virtude da violência em todo país. Em 2019, no primeiro trimestre do ano, 13 policiais militares morreram, somente no estado do Rio de Janeiro, em decorrência da violência2020 Número de PMs mortos no Rio cai pela metade em 2019. Extra [Internet]. 2019 Apr 2 [citado em 8 jul 2019]. Disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/numero-de-pms-mortos-no-rio-cai-pela-metade-em-2019-23566691.html
https://extra.globo.com/casos-de-policia...
. Não há, contudo, um sistema nacional integrado e público que registre a morbimortalidade que envolva todos os profissionais de segurança. Os relatórios sobre a mortalidade ocorrem de maneira fragmentada, por estado, através dos Institutos de Segurança Pública (ISP) ou das Secretarias de Segurança Pública1919 Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública [Internet]. 2016 [citado em 4 ago 2017]. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/storage/10_anuario_site_18-11-2016-retificado.pdf
http://www.forumseguranca.org.br/storage...
. No Rio de Janeiro, o ISP divulga relatórios mensais sobre as incidências criminais e administrativas envolvendo a segurança do estado, que incluem informações sobre o número de policiais mortos em serviço, mas atualmente não estão especificados os meios que causaram os óbitos. O último relatório de vitimização policial com dados sobre as mortalidades de policiais em serviço por arma de fogo foi publicado em 2015, sem, contudo, trazer informações sobre as morbidades por FAF2121 Vale LD. Relatório vitimização policial: 1998 a novembro de 2015 [Internet]. Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro; 2015 [citado em 4 ago 2017]. Disponível em: http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/uploads/RelatorioVitimizacao2015.pdf. Tampouco os sistemas de informação em saúde do Ministério da Saúde produzem registros sobre as condições de saúde do policial, em virtude da falta de conexão entre os sistemas de informação em saúde dos hospitais militares e os do Ministério da Saúde. Alguns estudos têm buscado avaliar a saúde dos profissionais de segurança pública no país sem, no entanto, produzir uma reflexão mais aprofundada a respeito da representatividade dos efeitos dos FAF na saúde desses profissionais11 Minayo MSC, Souza ER. Missão investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Garamond; 2003.), (1111 Minayo MCS, Souza ER, Constantino P. Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2008.), (2222 Anchieta VC, Galinkin AL, Mendes AMB, Neiva ER. Trabalho e riscos de adoecimento: um estudo entre policiais civis. Psic, Teor e Pesq. 2011;27(2):199-208.), (2323 Muniz J, Soares BM, editors. Mapeamento da vitimização de policiais no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Estudos de Segurança e Cidadania; 1998.), (2424 Souza ER, Minayo MCS. Policial, risco como profissão: morbimortalidade vinculada ao trabalho. Cien Saude Colet. 2005;10(4):917-28.), (2525 Minayo MCS, Assis SG, Oliveira RVC. Impacto das atividades profissionais na saúde física e mental dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro. Cien Saude Colet. 2011;16(4):2199-209..

O potencial dos traumas por arma de fogo para provocar morbimortalidade, acrescido da escalada da ocorrência desse tipo de ferimento - em razão da entrada de armas com elevado potencial de destruição no país -, torna-se um problema de saúde pública, afetando não apenas a população civil, como também os profissionais de segurança pública66 Violanti JM, Hartley TA, Gu JK, Fekedulegn D, Andrew ME, Burchfiel CM. Life expectancy in police officers: a comparison with the US general population. Int J Emerg Ment Health. 2013;15(4):217-28.. Na traumatologia forense, os FAF são classificados como perfuro-contusos2626 Calabrez MCT. Traumatologia forense. In: Silva M, Cavielli ITP, editors. Compêndio de odontologia legal. São Paulo: Medsi; 1997. p. 245-88.; a forma, extensão e gravidade das lesões dependem da dissipação da energia cinética do projétil na ferida, da capacidade de produção de projéteis secundários e da cavitação que ela produz, podendo resultar no esmagamento, na destruição ou na perfuração das estruturas2727 Barros PL. Balística forense [trabalho de conclusão de curso]. Goiânia: Universidade Católica de Goiás; 2001.), (2828 Segundo AVL, Zimmermman RD, Nogueira EFDC, Lopes PHDS. Inclusão do estudo da balística no tratamento dos ferimentos faciais por projétil de arma de fogo. Rev Cir Traum Buco-maxilo-facial. 2013;13(4):65-70.. Tais ferimentos, quando ocorridos em serviço entre os profissionais de segurança pública, tanto para policiais, quanto para militares, constituem-se como acidentes de trabalho11 Minayo MSC, Souza ER. Missão investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Garamond; 2003.), (55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4.), (350.

Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa visando traçar o perfil epidemiológico de profissionais de segurança pública e militares das forças armadas acometidos de FAF, identificar as circunstâncias do trauma e as áreas anatômicas do corpo mais afetadas e conhecer as repercussões na saúde e no desempenho profissional desses sujeitos.

Métodos

A revisão integrativa2929 Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64. realizada neste artigo visou efetuar análises e sínteses do tema de interesse, possibilitando estabelecer conclusões gerais a seu respeito e apontar lacunas do conhecimento a serem preenchidas com a realização de novos estudos.

A busca bibliográfica foi efetuada no dia 30 de agosto de 2017 nas bases: Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que incorpora Lilacs, SciELO, Medline e outros tipos de fontes de informação, tais como recursos educacionais abertos, sites de internet e eventos científicos; Scopus; Web of Science e Pubmed. A estratégia de busca utilizada foi: (“polícia” OR “polícia militar”) AND (“ferimento por arma de fogo” OR “ferimentos por arma de fogo” OR “projétil por arma de fogo” OR “lesões produzidas por projéteis de arma de fogo” OR “projéteis por arma de fogo”); e em inglês: (“police” OR “military police”) AND (“wounds, gunshot” OR “gunshot wounds” OR “firearm injuries” OR “injuries by gunshot” OR “military gunshot wounds”). Não foram estipulados recortes temporal ou territorial. A busca foi realizada por título, resumo e palavras-chave. Buscas manuais foram feitas nas referências bibliográficas dos artigos encontrados.

Para inclusão ou exclusão dos artigos foram empregados os seguintes critérios:

  • Inclusão: relatos de trauma por arma de fogo em militares das forças armadas ou policiais, relatos sobre morbidade e mortalidade por arma de fogo entre militares das forças armadas e policiais e levantamentos sobre causas de mortalidade e morbidades laborais em policiais e militares das forças armadas;

  • Exclusão: artigos sobre policiais como autores de agressão por FAF contra civis; textos exclusivamente sobre civis vítimas de FAF; testes laboratoriais com armas de fogo e equipamentos de proteção utilizados pelos profissionais; relatos de trauma físico por arma de fogo em grupos de civis e militares das forças armadas e/ou policiais sem distinção dos grupos e sem possibilidade de identificação dos resultados entre os grupos; avaliação exclusiva das repercussões psicológicas em policiais e/ou militares envolvidos em tiroteios; enfoque na avaliação sobre a legislação do uso de arma de fogo; e, ainda, não obtenção de resumo do artigo.

Com base nos critérios adotados, foram identificados 494 estudos. Destes, foram excluídos 165 que apresentavam duplicidade entre as bases. Os 329 títulos e resumos restantes foram lidos, por 2 revisores. Para os artigos cujos resumos indicavam possibilidade de seleção, era obtida a versão integral, visando confirmar a elegibilidade e a inclusão no estudo. Nos casos em que a leitura do resumo não era suficiente para estabelecer se o estudo deveria ser incluído, o texto também era obtido e lido na íntegra para determinar sua elegibilidade. Foram excluídos 285 artigos. Dos 44 restantes, após aplicação dos critérios de exclusão, 22 foram selecionados. Visando ampliar o escopo da análise, foram realizadas buscas manuais nas referências bibliográficas dos artigos incluídos3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.. Após leitura dos títulos e respectivos resumos e, quando necessário, dos textos na íntegra, incluíram-se mais 9 artigos para a revisão. Dessa forma, 31 documentos compuseram a base analisada neste estudo (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão sobre a ocorrência de ferimentos por arma de fogo entre profissionais de segurança pública e militares das forças armadas

Resultados e discussão

O Quadro 1 permite verificar o(s) país(es) onde ocorreu a violência com FAF, a categoria profissional dos atingidos, o objetivo e os resultados dos artigos selecionados. Tais dados nortearam a descrição e discussão dos resultados do presente artigo.

Entre os 31 textos selecionados, apenas um é nacional4747 Rupp WR, Eusemann J, Faller-Marquardt M. Early postmortem scavenging by a dog after the suicide of a police officer by a gunshot to the head. Arch Kriminol. 2001;207(3):73-80., apresentando o relato de caso de um policial brasileiro vítima de arma de fogo. Não foram encontrados levantamentos sobre as condições de saúde dos profissionais de segurança brasileiros frente aos FAF, o que indica a precariedade da informação e de estudos sobre o tema no país.

Dos artigos analisados, 21 documentos referem-se a ocorrências relacionadas a profissionais de segurança pública (policiais) e 10 a militares das forças armadas. Dentre estes últimos, 9 descreveram situações de guerra3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81.)- (3737 Wade AL, Dye JL, Mohrle CR, Galarneau MR. Head, face, and neck injuries during Operation Iraqi Freedom II: results from the US Navy-Marine Corps Combat Trauma Registry. J Trauma. 2007;63(4):836-40.), (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65.)- (4141 Clerici CA, Invernizzi R, Veneroni L, De'Micheli A. Suicidi e omicidi con l'arma di ordinanza: analisi della casistica nelle guardie particolari giurate in Italia. G Ital Med Lav Erg. 2009;31(1):a10-5., dos quais 6 incluíram civis e militares discriminadamente no mesmo estudo99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5.), (3333 Hinsley DE, Rosell PAE, Rowlands TK, Clasper JC. Penetrating missile injuries during asymmetric warfare in the 2003 Gulf conflict. Br J Surg. 2005;92(5):637-42.), (3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4.), (3838 Shah K, Pirie MS, Compton ML, McAlister MV, Church MB, Kao CNR. Utilization profile of the trauma intensive care unit at the Role 3 Multinational Medical Unit at Kandahar Airfield between May 1 and Oct. 15, 2009. Can J Surg. 2011;54(6):130.), (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65.), (4343 Ehikhamenor EE, Ojo MA. Comparative analysis of traumatic deaths in Nigeria. Prehosp Disaster Med. 2005;20(3):197-201.),, 2 envolveram levantamentos entre militares das forças armadas mortos e feridos em guerras ocorridas no século XX3333 Hinsley DE, Rosell PAE, Rowlands TK, Clasper JC. Penetrating missile injuries during asymmetric warfare in the 2003 Gulf conflict. Br J Surg. 2005;92(5):637-42.), (3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4. e 7 em conflitos mais recentes, ocorridos entre 2003 e 2009 no Oriente Médio, especialmente no Afeganistão, Iraque e Kuwait3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81.), (3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6.)- (3737 Wade AL, Dye JL, Mohrle CR, Galarneau MR. Head, face, and neck injuries during Operation Iraqi Freedom II: results from the US Navy-Marine Corps Combat Trauma Registry. J Trauma. 2007;63(4):836-40.), (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65.)- (4141 Clerici CA, Invernizzi R, Veneroni L, De'Micheli A. Suicidi e omicidi con l'arma di ordinanza: analisi della casistica nelle guardie particolari giurate in Italia. G Ital Med Lav Erg. 2009;31(1):a10-5.. Esses estudos foram realizados a partir da análise dos atendimentos a militares de países que formaram a coalizão internacional contra o terrorismo, especialmente EUA, Reino Unido e Espanha.

Ainda conforme o Quadro 1, observou-se que os EUA se destacaram como o local com maior número de publicações, totalizando 12 artigos, todos com algum tipo de informação referente a profissionais de segurança pública, em especial aos oficiais de polícia, mortos ou feridos por arma de fogo. Deve-se levar em conta que o maior número de publicações não significa, necessariamente, que esse país tenha um maior número de policiais vitimados por armas de fogo, e sim que há uma melhor qualidade de registros de casos e, possivelmente, bancos de dados e relatórios publicados com periodicidade e transparência, permitindo a realização de estudos.

Encontraram-se nos artigos três diferentes fontes de dados: o Labor’s Census of Fatal Occupational Injuries, que apresenta um censo sobre a ocorrência de mortes e ferimentos ocupacionais a partir de dados das principais profissões, incluindo os profissionais de segurança do país; o Annual Law Enforcement Officers Killed and Assaulted (Leoka), um relatório anual publicado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) desde 1996 que realiza o levantamento das ocorrências de mortes e ferimentos entre os profissionais de segurança; e o National Violent Death Report System (NVDRS), sistema de notificação de mortes violentas dos EUA, que, diferentemente dos brasileiros, disponibiliza os dados de mortalidade de profissionais de segurança pública em todo país a partir da integração do banco de dados do Leoka, das informações obtidas nos prontuários dos médicos legistas e dos registros nos boletins de ocorrência policiais.

Quadro 1
Artigos identificados na revisão, segundo autor, ano de publicação, país onde ocorreram os ferimentos por armas de fogo (FAF), categoria profissional dos feridos, objetivo, metodologia e resultados do artigo

O documento mais antigo localizado é do ano de 19765151 Wilson JTH. Penetrating trauma of colon, cava, and cord. J Trauma. 1976;16(5):411-3., o único publicado na década de 1970. Nas décadas de 1980 e 1990 foram identificados 4 artigos em cada uma. No século XXI, porém, houve grande crescimento de publicações, sobretudo devido aos conflitos no Oriente Médio, entre 2000 e 20093030 Bird SM, Fairweather CB. Military fatality rates (by cause) in Afghanistan and Iraq: a measure of hostilities. Int J Epidemiol. 2007;36(4):841-6.), (3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.), (3333 Hinsley DE, Rosell PAE, Rowlands TK, Clasper JC. Penetrating missile injuries during asymmetric warfare in the 2003 Gulf conflict. Br J Surg. 2005;92(5):637-42.)- (3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6.), (3737 Wade AL, Dye JL, Mohrle CR, Galarneau MR. Head, face, and neck injuries during Operation Iraqi Freedom II: results from the US Navy-Marine Corps Combat Trauma Registry. J Trauma. 2007;63(4):836-40.. O período mais recente avaliado, entre 2010 e 2016, embora contemple apenas 7 anos, apresentou 8 artigos33 Fisher LA, Callaway DW, Sztajnkrycer MD. Incidence of fatal airway obstruction in police officers feloniously killed in the line of duty: a 10-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2013;28(5):466-70.), (55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (3838 Shah K, Pirie MS, Compton ML, McAlister MV, Church MB, Kao CNR. Utilization profile of the trauma intensive care unit at the Role 3 Multinational Medical Unit at Kandahar Airfield between May 1 and Oct. 15, 2009. Can J Surg. 2011;54(6):130.)- (4040 Can M, Yildirim N, Ataç GK. Dissecting firearm injury to the head and neck with non-linear bullet trajectory: a case report. Forensic Sci Int. 2010;197(1-3):e13-7.), (4545 Nagasako CK, Montes CG, Lopes LR, Bossi M, Mesquita MA. Endoscopic removal of a bullet after mediastinum gunshot injury. Gastrointestinal Endosc. 2013;77(6):955-6.), (5050 Mark AC, Wimberger N, Sztajnkrycer MD. Incidence of tension pneumothorax in police officers feloniously killed in the line of duty: a ten-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2012;27(1):94-7., o mesmo número de publicações das décadas de 1980 e 1990 somadas, reforçando a tendência de aumento de estudos voltados ao tema neste início de século, apesar de se considerar que o campo de pesquisa ainda seja pouco explorado.

Os artigos selecionados foram, em sua maioria, publicados em inglês (28), sendo os demais em espanhol (1), italiano (1) e alemão (1). A maioria é da área da saúde, exceto 2: um do direito forense e outro proveniente de revista militar. Dentre aqueles da saúde, têm-se: 17 em revistas relacionadas a especialidades médicas como a traumatologia e emergências médicas, 3 de medicina forense, 2 de psicologia, 3 de medicina militar e 4 de saúde pública.

Somente em 10 artigos foi possível identificar a idade dos profissionais de segurança pública e militares das forças armadas acometidos por armas de fogo: 9 eram sobre policiais e registraram idades que variaram entre 20 a 41 anos99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5.), (4040 Can M, Yildirim N, Ataç GK. Dissecting firearm injury to the head and neck with non-linear bullet trajectory: a case report. Forensic Sci Int. 2010;197(1-3):e13-7.)- (4747 Rupp WR, Eusemann J, Faller-Marquardt M. Early postmortem scavenging by a dog after the suicide of a police officer by a gunshot to the head. Arch Kriminol. 2001;207(3):73-80. e 1 sobre militares de forças armadas, que apresentou média de 24 anos de idade (desvio padrão de 5,9) para vítimas de perfurações por arma de fogo em cabeça, pescoço e face3737 Wade AL, Dye JL, Mohrle CR, Galarneau MR. Head, face, and neck injuries during Operation Iraqi Freedom II: results from the US Navy-Marine Corps Combat Trauma Registry. J Trauma. 2007;63(4):836-40..

Existe uma forte prevalência do sexo masculino entre os profissionais de segurança e militares das forças armadas4343 Ehikhamenor EE, Ojo MA. Comparative analysis of traumatic deaths in Nigeria. Prehosp Disaster Med. 2005;20(3):197-201., variando de 95% em Plani, Bowley e Goosen4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3. a 96% no estudo de Navarro Suay et al. (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65.. Quanto às circunstâncias envolvidas nas ocorrências de morbimortalidade por armas de fogo, os estudos apontam como causa predominante os ferimentos no exercício da profissão, como “mortos ou feridos em serviço” (33 Fisher LA, Callaway DW, Sztajnkrycer MD. Incidence of fatal airway obstruction in police officers feloniously killed in the line of duty: a 10-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2013;28(5):466-70.), (55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.), (4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9.)- (5050 Mark AC, Wimberger N, Sztajnkrycer MD. Incidence of tension pneumothorax in police officers feloniously killed in the line of duty: a ten-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2012;27(1):94-7., embora essa informação não estivesse disponível em relatos de casos clínicos que apenas descreveram a fisiopatologia dos ferimentos e seus respectivos tratamentos, sem enfoque nas circunstâncias envolvidas4040 Can M, Yildirim N, Ataç GK. Dissecting firearm injury to the head and neck with non-linear bullet trajectory: a case report. Forensic Sci Int. 2010;197(1-3):e13-7.), (4242 Ebbs SR. Policeman's groin: an unusual occupational injury. Injury. 1990;21(3):182-192.), (4444 Gutiérrez V, Radice F. Late bullet migration into the knee joint. Arthroscopy. 2003;19(3):e15.), (4545 Nagasako CK, Montes CG, Lopes LR, Bossi M, Mesquita MA. Endoscopic removal of a bullet after mediastinum gunshot injury. Gastrointestinal Endosc. 2013;77(6):955-6.), (4747 Rupp WR, Eusemann J, Faller-Marquardt M. Early postmortem scavenging by a dog after the suicide of a police officer by a gunshot to the head. Arch Kriminol. 2001;207(3):73-80.), (5151 Wilson JTH. Penetrating trauma of colon, cava, and cord. J Trauma. 1976;16(5):411-3.. As situações consideradas de maior risco para os policiais foram: confrontos com criminosos4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3., realização de prisão ou tentativa de prisão4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9. e resposta a chamadas de perturbação à ordem77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (5252 National Institute for Occupational Safety and Health. Line-of-duty death report: Career lieutenant killed and firefighter injured by gunfire while responding to call in Kentucky. Fire Rescue Mag. 2006;24(6):36.. Já as mortes por armas de fogo entre militares das forças armadas foram classificadas por Kelly et al. (3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6. e Champion et al. (3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9. como “mortos em ação”, e por Bird et al. (3030 Bird SM, Fairweather CB. Military fatality rates (by cause) in Afghanistan and Iraq: a measure of hostilities. Int J Epidemiol. 2007;36(4):841-6. e Hodgetts et al. (3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4. como “mortes hostis”, ambos fazendo referência a ocorrências das injúrias em combate. As circunstâncias consideradas de maior risco entre militares das forças armadas ficaram concentradas nas ações do grupamento de infantaria (cerca de 90% de todos os feridos em combate) (3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.), (3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81..

Outros fatores considerados importantes no aumento do risco entre os policiais foram: Plani, Bowley e Goosen4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3. mostraram maior concentração dos FAF entre os sargentos; Lester5454 Lester D. Police officers killed and the guns used by criminals. Psychol Rep. 1982;50(3 Pt 2):1206.), (5555 Lester D. The police as victims: the role of guns in the murder of police. Psychol Rep. 1987;60(2):366. indicou maiores taxas de assassinados em cidades onde existe maior proporção de suicídios, homicídios, roubos e assaltos envolvendo arma de fogo, sugerindo que o aumento do uso deste tipo de armamento por criminosos pode configurar a maior causa provável de violência contra o policial; Kyriacou et al. (4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24. associaram o aumento do risco a fatores socioeconômicos, culturais e ocupacionais; Armour99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5. e Clerici et al. (4141 Clerici CA, Invernizzi R, Veneroni L, De'Micheli A. Suicidi e omicidi con l'arma di ordinanza: analisi della casistica nelle guardie particolari giurate in Italia. G Ital Med Lav Erg. 2009;31(1):a10-5. associaram os suicídios por armas de fogo ao estresse psicológico e à relativa facilidade de acesso às armas.

Alguns autores apontaram que os FAF entre militares das forças armadas em situação de guerra representaram o segundo mecanismo de ferimentos mais frequente, perdendo apenas para os dispositivos explosivos3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.)- (3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6.), (3737 Wade AL, Dye JL, Mohrle CR, Galarneau MR. Head, face, and neck injuries during Operation Iraqi Freedom II: results from the US Navy-Marine Corps Combat Trauma Registry. J Trauma. 2007;63(4):836-40.)- (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65., que apresentaram cerca do dobro da porcentagem dos casos de FAF, mantendo-se entre 23% e 37%3030 Bird SM, Fairweather CB. Military fatality rates (by cause) in Afghanistan and Iraq: a measure of hostilities. Int J Epidemiol. 2007;36(4):841-6.), (3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.), (3333 Hinsley DE, Rosell PAE, Rowlands TK, Clasper JC. Penetrating missile injuries during asymmetric warfare in the 2003 Gulf conflict. Br J Surg. 2005;92(5):637-42.), (3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4.), (3636 Stansfield T, Rushforth G. UK Armed Forces unintentional firearm injuries. J R Army Med Corps. 2009;155(1):20-3.), (3939 Navarro Suay R, Bartolomé Cela E, Jara Zozaya I, Hernández Abadía de Barbará A, Gutiérrez Ortega C, García Labajo JG, et al. G. Even more critical medicine: a retrospective analysis of casualties admitted to the intensive care unit in the Spanish Military Hospital in Herat (Afghanistan). Med Intensiva. 2011;35(3):157-65.), (5151 Wilson JTH. Penetrating trauma of colon, cava, and cord. J Trauma. 1976;16(5):411-3.. Já entre os policiais, as fatalidades e ferimentos em serviço por arma de fogo representaram o principal mecanismo de injúria55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9.), (4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24., com exceção da polícia de Londres, que teve nos acidentes automobilísticos o principal evento causador de ferimentos ocupacionais4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24..

Quanto à localização dos ferimentos, 8 artigos não trouxeram a informação ou inviabilizaram a análise por não apresentarem resultados separando profissionais de segurança, militares das forças armadas e civis3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6.), (4040 Can M, Yildirim N, Ataç GK. Dissecting firearm injury to the head and neck with non-linear bullet trajectory: a case report. Forensic Sci Int. 2010;197(1-3):e13-7.), (4141 Clerici CA, Invernizzi R, Veneroni L, De'Micheli A. Suicidi e omicidi con l'arma di ordinanza: analisi della casistica nelle guardie particolari giurate in Italia. G Ital Med Lav Erg. 2009;31(1):a10-5.), (4545 Nagasako CK, Montes CG, Lopes LR, Bossi M, Mesquita MA. Endoscopic removal of a bullet after mediastinum gunshot injury. Gastrointestinal Endosc. 2013;77(6):955-6.), (5555 Lester D. The police as victims: the role of guns in the murder of police. Psychol Rep. 1987;60(2):366. e/ou por não identificarem especificamente a arma de fogo como mecanismo produtor do ferimento, incluindo no mesmo grupo também os ferimentos produzidos por explosivos e instrumentos cortantes55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (3636 Stansfield T, Rushforth G. UK Armed Forces unintentional firearm injuries. J R Army Med Corps. 2009;155(1):20-3.. Entre os artigos que localizaram anatomicamente os FAF, 6 apresentaram relatos de casos clínicos descrevendo eventos únicos em regiões específicas do corpo, a saber: 2 em cabeça e pescoço4242 Ebbs SR. Policeman's groin: an unusual occupational injury. Injury. 1990;21(3):182-192.), (4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24., 1 na região inguinal4444 Gutiérrez V, Radice F. Late bullet migration into the knee joint. Arthroscopy. 2003;19(3):e15., 1 no joelho4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3., 1 no tórax4747 Rupp WR, Eusemann J, Faller-Marquardt M. Early postmortem scavenging by a dog after the suicide of a police officer by a gunshot to the head. Arch Kriminol. 2001;207(3):73-80. e 1 no abdome5353 Raghib SYA. Firearm fatalities in Jordan. Med Sci Law. 1984;24(3):213-21.; 3 referiram-se a FAF autoinfligidos99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5.), (4343 Ehikhamenor EE, Ojo MA. Comparative analysis of traumatic deaths in Nigeria. Prehosp Disaster Med. 2005;20(3):197-201.), (4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24.. Em apenas 3 estudos foram realizados levantamentos sobre a ocorrência de ferimentos entre os profissionais de segurança, informando as áreas anatômicas afetadas3434 Hodgetts TJ, Davies S, Midwinter M, Russell R, Smith J, Clasper J, Moorhouse I. Operational mortality of UK service personnel in Iraq and Afghanistan: a one year analysis 2006-7. J R Army Med Corps. 2007;153(4):252-4.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9.), (5050 Mark AC, Wimberger N, Sztajnkrycer MD. Incidence of tension pneumothorax in police officers feloniously killed in the line of duty: a ten-year retrospective analysis. Prehosp Disaster Med. 2012;27(1):94-7..

Como pode ser visto na Tabela 1, apenas 3 artigos descreveram as áreas anatômicas acometidas por FAF, permitindo visualizar as regiões mais acometidas3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81.), (4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9.. Berman e Salter4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9. indicaram que os membros superiores e inferiores foram as regiões mais acometidas por ferimentos não fatais, seguidos pela cabeça-pescoço-face, abdome e tórax. Já entre os fatais, destacam-se tórax, cabeça-pescoço-face, membros superiores e inferiores e tórax. Plani, Bowley e Goosen4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3. identificaram que as áreas mais atingidas foram membros superiores e inferiores, tórax, cabeça-pescoço-face e abdome; e Gofrit et al. (3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81. apontaram que a região de cabeça-face-pescoço foi a mais atingida por ferimentos fatais, sendo a face a área com a maior concentração de ferimentos penetrantes, representando 28,7% do total. Nos casos de FAF autoinfligidos, a face foi a região mais atingida, especialmente nas áreas temporal e bucal99 Armour A. A study of gunshot suicides in Northern Ireland from 1989 to 1993. Sci Justice. 1996;36(1):21-5.), (4141 Clerici CA, Invernizzi R, Veneroni L, De'Micheli A. Suicidi e omicidi con l'arma di ordinanza: analisi della casistica nelle guardie particolari giurate in Italia. G Ital Med Lav Erg. 2009;31(1):a10-5.), (4747 Rupp WR, Eusemann J, Faller-Marquardt M. Early postmortem scavenging by a dog after the suicide of a police officer by a gunshot to the head. Arch Kriminol. 2001;207(3):73-80..

Tabela 1
Distribuição anatômica dos Ferimentos por Armas de Fogo (FAF)

Quanto aos desdobramentos no desempenho profissional, apenas Plani, Bowley e Goosen4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3. trouxeram considerações, ainda que de forma superficial: 58% dos policiais retornaram ao trabalho como aptos, 21% foram considerados aptos para serviços leves e com restrições e 21% foram afastados. Segundo os autores, policiais que sofreram FAF em serviço podem expressar ansiedade em retornar ao trabalho ou até mesmo não se tornarem aptos para o retorno em virtude de distúrbios psicológicos, o que corrobora achados de outros autores, que ressaltam a realidade estressante com a qual o policial convive diariamente em sua rotina profissional11 Minayo MSC, Souza ER. Missão investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Garamond; 2003.), (44 Gershon RR, Lin S, Li X. Work stress in aging police officers. J Occup Environ Med. 2002;44(2):160-7.), (1111 Minayo MCS, Souza ER, Constantino P. Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2008.)- (1313 Minayo MSC, Souza ER, Constantino P. Riscos percebidos e vitimização de policiais civis e militares na (in)segurança pública. Cad Saude Publica. 2007;23(11):2767-79.), (1616 Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2016: homicídios de armas de fogo no Brasil. Rio de Janeiro: Flacso; 2016.), (3535 Kelly JF, Ritenour AE, McLaughlin DF, Bagg KA, Apodaca AN, Mallak CT, et al. Injury severity and causes of death from Operation Iraqi Freedom and Operation Enduring Freedom: 2003-2004 versus 2006. J Trauma. 2008;64(2 Suppl):S21-6.), (5757 Cooper CL, Cartwright S. Organizational management of stress and destructive emotions at work. In: Payne RL, Cooper CL, editors. Emotions at work: theory, research and applications for management. Chichester: John Wiley & Sons; 2001. p. 269-80..

Podemos verificar, entre os artigos selecionados, que as armas de fogo constituem um dos principais mecanismos de ferimento em serviço entre policiais, especialmente os do sexo masculino na faixa dos 30 anos. As morbimortalidades encontradas entre policiais ou militares de forças armadas podem ser considerados acidentes de trabalho quando acontecem durante o serviço ou em combate.

Em virtude de serem poucos os estudos3232 Gofrit ON, Kovalski N, Leibovici D, Shemer J, O'hana A, Shapira SC. Accurate anatomical location of war injuries: analysis of the Lebanon war fatal casualties and the proposition of new principles for the design of military personal armour system. Injury. 1996;27(8):577-81.), (4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9. que informaram as partes do corpo mais atingidas em FAF, não pudemos aprofundar a análise das circunstâncias em que o fenômeno acontece. Cabe ressaltar que muitas dessas lesões podem ser prevenidas a partir do uso de equipamentos de proteção individual apropriado, como o colete à prova de balas e o capacete balístico, o que deve ser uma medida de proteção adicional importante a ser considerada não apenas entre os militares das forças armadas em situação de guerra, como também entre profissionais de segurança pública em áreas urbanas.

As circunstâncias de maior risco para a ocorrência de FAF identificadas nos artigos selecionados são as ações de prisão, tentativa de prisão em confrontos contra criminosos e em ação de resposta a chamado policial para verificação de perturbação à ordem. Tais circunstâncias demandam maior investimento em treinamento tático a fim de que sejam adotados métodos e meios, no emprego da ação policial, que aumentem a segurança operacional desses profissionais.

A arma de fogo também é o principal mecanismo para produção de ferimentos autoprovocados entre os profissionais de segurança pública. Segundo os artigos selecionados, isso se relaciona ao fato de possuírem acesso facilitado a esse tipo de dispositivo. A violência autoprovocada é um grave indício de intenso sofrimento psíquico vivenciado por essa classe trabalhadora, o que demanda cuidados adicionais direcionados à saúde mental/emocional.

A despeito da alta representatividade da ocorrência de mortalidade e morbidade por FAF entre os profissionais de segurança e militares das forças armadas, existem poucos estudos que discutem as repercussões físicas das injúrias para o trabalho desses profissionais55 Blair JM, Fowler KA, Betz CJ, Baumgardner JL. Occupational homicides of law enforcement officers, 2003-2013: data from the National Violent Death Reporting System. Am J Prev Med. 2016;51(5 Suppl 3):S188-96.), (77 Clarke C, Zak MJ. Fatalities to law enforcement officers and firefighters, 1992-1997. Compensation and Working Conditions. 1999 Summer:3-7.), (88 Swedler DI, Kercher C, Simmons MM, Pollack KM. Occupational homicide of law enforcement officers in the US, 1996-2010. Inj Prev. 2013;20(10):35-40.), (4646 Plani F, Bowley DM, Goosen J. Death and injury on duty: a study of South African police officers. S Afr Med J. 2003;93(11):851-3.), (4848 Berman AT, Salter F. Low-velocity gunshot wounds in police officers. Clin Orthop Relat Res. 1985;192:113-9.), (4949 Kyriacou DN, Monkkonen EH, Peek-Asa C, Lucke RE, Labbett S, Pearlman KS, et al. Police deaths in New York and London during the twentieth century. Inj Prev. 2006;12(4):219-24.), (5353 Raghib SYA. Firearm fatalities in Jordan. Med Sci Law. 1984;24(3):213-21.. As características dos ferimentos em serviço ou em combate diferem daquelas encontradas na prática civil, tanto do ponto de vista epidemiológico quanto nas alternativas para o seu tratamento3131 Champion HR, Bellamy RF, Roberts CP, Leppaniemi A. A profile of combat injury. J Trauma. 2003;54(5 Suppl):13-9.. Sendo o FAF o principal mecanismo de injúria durante o trabalho dos policiais, este tipo de agravo, no Brasil configurado como acidente de trabalho, que gera mortes e incapacidades significativas em um segmento profissional, consiste em um problema de saúde pública que precisa ser pesquisado. Apesar disso, nesta revisão integrativa, nenhum artigo com informações sobre vitimização produzida por FAF entre profissionais de segurança brasileiros foi encontrado.

No Brasil, não há um sistema nacional integrado que registre a morbimortalidade dos agentes de segurança pública. Também não é possível identificar e produzir relatórios sobre esses agravos a partir dos Sistemas de Informação do Ministério da Saúde, tais como o Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan), o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informação Hospitalares do SUS (SIHSUS), o Viva Inquérito e o Sistema de Informação para a Gestão do Trabalho em Saúde (SGTES). Tal impedimento se dá pela falta de sistematização de dados que viabilizem a construção de indicadores de saúde para essa classe trabalhadora. Segundo a Rede Interagencial de Informação para Saúde (Ripsa), cujo objetivo é aperfeiçoar a produção de informação em saúde instruindo sobre os critérios técnicos recomendados para a construção de indicadores, tal limitação está relacionada ao regime próprio de previdência social desta categoria. As informações colhidas nos seus sistemas advêm de bancos de dados de trabalhadores vinculados ao Regime Geral de Previdência Social ou dos hospitais vinculados ao SUS5656 Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2nd ed. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde; 2008.. Além dos limites técnicos, há, historicamente, falta de atenção à saúde dos profissionais de segurança pública2424 Souza ER, Minayo MCS. Policial, risco como profissão: morbimortalidade vinculada ao trabalho. Cien Saude Colet. 2005;10(4):917-28..

Com isso, não é possível saber a real dimensão da frequência desse tipo de trauma entre profissionais de segurança pública e militares das forças armadas no país; as intervenções em saúde necessárias para seu tratamento e seu custo; o tempo médio de afastamento do serviço até a reabilitação; as repercussões na vida e na saúde, tanto física quanto mental; as circunstâncias em que esse tipo de traumatismo acontece; a prevalência por sexo, idade, cor/raça e etnia e tempo de serviço; dentre outras informações que poderiam ajudar a caracterizar as vítimas de FAF e, então, possibilitar a elaboração de medidas para enfrentamento desta problemática, tanto preventivas quanto curativas.

A falta de atenção em saúde voltada para o policial enquanto trabalhador, no Brasil, tem distanciado esses profissionais da pauta da cidadania1313 Minayo MSC, Souza ER, Constantino P. Riscos percebidos e vitimização de policiais civis e militares na (in)segurança pública. Cad Saude Publica. 2007;23(11):2767-79.. As consequências dessa forma de exercer a profissão têm resultado, na prática, em altas taxas de mortalidade policial no país, com risco de morte 3 vezes superior ao cidadão comum5858 Bueno S, Cerqueira DL, Lima RS. Sob fogo cruzado II: letalidade da ação policial. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 2013;7:118-27.. Entre policiais do Rio de Janeiro, esse risco chega a ser 6,5 vezes maior, se comparado ao vivido pela população geral da cidade1313 Minayo MSC, Souza ER, Constantino P. Riscos percebidos e vitimização de policiais civis e militares na (in)segurança pública. Cad Saude Publica. 2007;23(11):2767-79..

A limitação de informações poderia ser minimizada caso teses, dissertações e livros a respeito FAF fossem mais frequentes e a legislação específica fosse também estudada. A fragilidade metodológica de alguns artigos também dificulta análises comparativas mais aprofundadas. Não foi realizada a avaliação do risco de viés dos estudos individuais, o que é uma limitação desta revisão.

Considerações finais

Ao constatar poucos estudos que discutem as repercussões físicas para o trabalho entre os profissionais que sofrem FAF e a ausência de preocupação com o tema no cenário nacional, esta revisão integrativa aponta para a existência de uma lacuna nas pesquisas em saúde que necessita ser preenchida a fim de identificar aspectos importantes, como: o perfil epidemiológico das vítimas; os fatores de risco e de proteção envolvidos nesse tipo de agravo; e os impactos dos traumatismos por arma de fogo e suas repercussões, tanto para o exercício de sua função como para a vida sociofamiliar desses profissionais. Com a obtenção de tais informações seria possível propor medidas de prevenção e promoção da saúde para essa classe trabalhadora.

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    As autoras informam que o trabalho não foi apresentado em eventos científicos e que não é baseado em dissertação ou tese.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    28 Nov 2017
  • Revisado
    17 Jul 2018
  • Aceito
    01 Ago 2018
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